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Correio Braziliense
19/11/2009 10h11 | Atualizada em 19/11/2009 13h18
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a colega argentina, Cristina Kirchner, assinam notas para avançar nos estudos sobre a construção das hidrelétricas de Garabí e Roncador, sobre o Rio Uruguai. “Será a primeira interconexão elétrica entre Argentina e Brasil”, destacou ao Correio um funcionário da chancelaria argentina.
O ato demonstrará a vontade política, uma vez que ainda não foram concluídas as análises de viabilidade encomendadas às consultoras Proa, Esin e Cenec (esta última da empresa brasileira Camargo Correa) para o convênio entre as empresas Eletrobrás e Empreendimentos Energéticos Binacionais (Ebisa). Mas, segundo o jornal Buenos Aires Económico, Lula quer dar início à obra antes do fim do mandato. As represas deve
...O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a colega argentina, Cristina Kirchner, assinam notas para avançar nos estudos sobre a construção das hidrelétricas de Garabí e Roncador, sobre o Rio Uruguai. “Será a primeira interconexão elétrica entre Argentina e Brasil”, destacou ao Correio um funcionário da chancelaria argentina.
O ato demonstrará a vontade política, uma vez que ainda não foram concluídas as análises de viabilidade encomendadas às consultoras Proa, Esin e Cenec (esta última da empresa brasileira Camargo Correa) para o convênio entre as empresas Eletrobrás e Empreendimentos Energéticos Binacionais (Ebisa). Mas, segundo o jornal Buenos Aires Económico, Lula quer dar início à obra antes do fim do mandato. As represas deverão ser capazes de gerar cerca de 8 mil gigawatts-ano, potencial maior que o da represa de Salto Grande, compartilhada por Argentina e Uruguai.
O governo brasileiro propõe que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assuma 70% do custo dos projetos e 30% sejam bancados diretamente pelos governos, em partes iguais. Anualmente, cada país teria de desembolsar 3% do custo total da construção das represas, avaliado em cerca de US$ 6 bilhões — valor bem menor que o das obras de Itaipu (cerca US$ 22,5 bilhões) e Yacyretá (US$ 12 bilhões).
Os estudos para a construção das represas poderão contribuir para unir novamente os dois sócios que deram origem ao Mercosul, e que se encontram atualmente divididos por questões comerciais — que não fazem parte da agenda oficial, mas deverão ser avaliadas pelos dois presidentes. O chanceler argentino, Jorge Taiana, deu mostras na semana passada que a Argentina não cederia nas medidas adotadas em outubro último, e consideradas “protecionistas” pelo Brasil (leia o Entenda o caso). “Nós sempre levamos em conta as necessidades do nosso setor produtivo e qualquer avanço será nesse sentido”, afirmou. Já a ministra argentina de Indústria e Turismo, Débora Giorgi, espera obter do Brasil um compromisso para melhorar a integração das cadeias produtivas dos dois países.
Os empresários argentinos também estão na expectativa. “A princípio, tínhamos os caminhões parados na fronteira e cada dia que nossa região não pode exportar para o Brasil tem um impacto de US$ 300 mil”, diz Marcelo Loyarte, gerente da Câmara Argentina de Fruticultores Integrados (Cafi), que reúne exportadores de Alto Valle (sul do país).
Cooperação
Ao todo, Lula e Cristina discutirão 22 projetos de cooperação nas áreas de energia nuclear, exploração espacial, ciência e tecnologia, infraestrutura e migrações. No setor da indústria naval, os dois países deverão colaborar na construção de navios, inclusive para exploração dos recursos petrolíferos do pré-sal brasileiro. Lula também espera acertar a venda de 20 jatos da Embraer para a frota da Austral, subsidiária da Aerolíneas Argentinas que opera voos domésticos e regionais. De acordo com o secretário de Transportes argentino, Juan Pablo Schiavi, o negócio inclui aeronaves do modelo 190, com capacidade para 96 passageiros, e foi avaliado em US$ 700 milhões. A transação ainda dependeria do aval do BNDES, que financiaria 85% do valor total.
Depois da reunião entre os dois chefes de Estado, os ministros de ambos os governos assinarão convênios de cooperação em turismo, farmacologia e combate a doenças tropicais, como a dengue. Lula e Cristina também analisarão temas mundiais (1)e regionais, como a crise política em Honduras, com a proximidade das eleições convocadas para 29 de novembro; a Cúpula sobre Mudança Climática que será realizada em dezembro, em Cope-nhague (Dinamarca); e a tensão entre os governos do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e do colombiano, Álvaro Uribe.
Lula e Cristina Kirchner foram dois dos principais entusiastas da criação do Conselho de Defesa Sul-Americano e defendem que diferenças como as mantidas entre os líderes venezuelano e colombiano sejam debatidas no âmbito da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Brasil e Argentina estão entre os países que se ofereceram para facilitar o diálogo entre Chávez e Uribe. Ambos questionam o acordo militar assinado recentemente pela Colômbia com os Estados Unidos.
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