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Jorge Gerdau: gestão austera de negócio de 110 anos

Para Jorge Gerdau, presidente do conselho de administração, empresa soube se adaptar a cada momento político e econômico que o Brasil enfrentou no período

Exame

14/07/2011 14h20 | Atualizada em 14/07/2011 17h55


O grupo Gerdau, líder na produção de aços longos nas Américas, completa 110 anos em 2011 e está entre os destaques deste ano de Melhores e Maiores, de EXAME. Jorge Gerdau Johanpetter, presidente do conselho de administração, acredita que, entre as razões para a longevidade da companhia, estão a austeridade na gestão, a grande diversidade de clientes e a alta liquidez de curto prazo que o grupo vem apresentando.

Uma empresa centenária no Brasil atravessou diversos períodos econômicos e políticos: ditaduras e tempos de aperto, democracia e momentos como hoje, de crescimento. Para o patriarca da família, porém, o grupo sempre conseguiu achar oportunidades durante tempos adversos, se adaptando às condições.

O ex-CEO da compan

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O grupo Gerdau, líder na produção de aços longos nas Américas, completa 110 anos em 2011 e está entre os destaques deste ano de Melhores e Maiores, de EXAME. Jorge Gerdau Johanpetter, presidente do conselho de administração, acredita que, entre as razões para a longevidade da companhia, estão a austeridade na gestão, a grande diversidade de clientes e a alta liquidez de curto prazo que o grupo vem apresentando.

Uma empresa centenária no Brasil atravessou diversos períodos econômicos e políticos: ditaduras e tempos de aperto, democracia e momentos como hoje, de crescimento. Para o patriarca da família, porém, o grupo sempre conseguiu achar oportunidades durante tempos adversos, se adaptando às condições.

O ex-CEO da companhia também ressalta a importância do mercado de capitais no crescimento da Gerdau. Segundo ele, a entrada na bolsa possibilita, além de o financiamento para os negócios, um benefício para empresas familiares, já que resulta em grande transparência e maior capacidade de cobrança nos resultados.

Confira a entrevista com Jorge Gerdau:

Se o senhor precisasse eleger uma só característica responsável pela longevidade e sucesso da Gerdau, qual seria ela?

Jorge Gerdau - A excelência. A Gerdau sempre teve a missão de buscar a excelência em tudo o que faz, até no tempo em que fabricava pregos. O prego não podia ter pontas tortas, tinha que ter qualidade. Acredito que este seja o valor primeiro por trás do sucesso da Gerdau, que busca sempre a qualidade total.

E que outros fatores ajudam a explicar a perenidade da empresa?

Jorge Gerdau - O fato de termos trabalhado sempre com uma alta liquidez de curto prazo e uma alta diversidade de clientes é um dos responsáveis. A austeridade, valor que vem de família, também ajudou bastante. A minha mãe, Helga, criou os filhos dentro de uma educação européia. Isso foi particularmente importante para o sucesso da empresa. As pessoas normalmente se acomodam com a riqueza, mas nós somos cuidadosos, inclusive por respeito aos nossos acionistas. Precisamos oferecer crescimento com segurança, e segurança no crescimento.

Quais foram as maiores dificuldades ao longo destes 110 anos de percurso?

Jorge Gerdau - As duas grandes guerras mundiais e as próprias dificuldades políticas pelas quais o país passou, como as ditaduras de 1937 e 1964. Mas a empresa sempre teve a capacidade e a agilidade necessárias para se adaptar a cada uma dessas adversidades, e em cima de cada uma delas buscar oportunidades.

Em 1946, o seu pai, Curt Johannpeter, entrou no negócio da família da esposa, que era neta do fundador, Johann Gerdau. Ele havia trabalhado como inspetor do Deutsche Bank para a América Latina e foi o responsável por adquirir, em 1948, a Siderúrgica Riograndense, negócio que selou o início das atividades da Gerdau no ramo. O que explica esta grande virada? O que podemos aprender com ela?

Jorge Gerdau - A visão empreendedora e, ao mesmo tempo, financeira dele fez a Gerdau dar o salto que a levou a ser o que é hoje. Dono de uma visão empresarial moderna, vinte ou trinta anos à frente até do que estava sendo feito na própria Europa, ele comandava uma excelente política financeira e implantou a participação dos funcionários no capital da empresa quando este ainda era fechado. Ele tinha uma filosofia comportamental fantástica, e vendeu todos os imóveis da família para colocá-los no negócio. Ele fez o oposto do que normalmente vemos por aí, que são as famílias ficando mais ricas e as empresas ficando mais pobres. E ele também nutria um profundo respeito pelos colaboradores, do mais humilde ao mais poderoso - isso é uma coisa típica do norte da Europa. O meu pai implantou uma auditoria externa quando esse tipo de coisa ainda estava longe de existir na lei. Foi ele, inclusive, quem abriu, nos anos 60, o capital de todos os empreendimentos da Gerdau (operação que, depois, foi unificada). Ele defendia que abrir o capital era algo excelente para empresas familiares, porque resulta em grande transparência e em maior cobrança.

E a Gerdau viu isso acontecer na prática?

Jorge Gerdau - Sim. A pressão externa é algo que não tem preço. O mercado aberto é muito desafiador e instrutivo. Construímos um modelo de negócio sem saber que ele seria internacionalmente vencedor. E foi graças ao mercado de capitais que nós conseguimos criar esta empresa, neste tamanho. Frederico Johannpeter, meu irmão, dizia na época da abertura do capital que um dia a Gerdau iria chegar à Bolsa de Nova York. E assim foi.

Qual a importância das pessoas dentro do projeto da Gerdau?

Jorge Gerdau - As pessoas são a parte mais importante do negócio. Os ativos físicos, se a gente perde, a gente reconstrói. Mas com pessoas, não é assim. Existe uma frase que a gente aprende em Harvard e que diz: "business is people". É exatamente isso. Uma empresa se faz com o entusiasmo dos seus colaboradores, dos operários aos executivos. Nós precisamos ter pessoas realizadas dentro da empresa, mas a seleção precisa ser bem-feita. Você tem que ter pessoas que tenham vontade de crescer e de vencer, isso tem que estar no espírito das pessoas. Além disso, muitos funcionários vão parar na Gerdau porque se identificam com os valores da empresa, e por isso permanecem conosco por bastante tempo.

Como uma empresa com mais de cem anos faz para transmitir o seu legado às novas gerações de funcionários?

Jorge Gerdau - Não há segredo nenhum nos nossos valores. Há dez anos, quando fiz o discurso para os funcionários em meio às comemorações pelo centenário da Gerdau, eu disse que só se faz uma empresa de cem anos com valores. E que valores são esses? São aqueles valores que você quer para os seus filhos, na sua casa: honestidade, integridade e respeito.

É mais difícil transmitir este legado aos funcionários estrangeiros?

Jorge Gerdau - Este é um grande desafio, sem dúvida. Os grandes valores são sempre mundiais, mas é preciso entender as culturas locais: pensar globalmente e executar localmente, como diz aquela famosa frase. Mas, a rigor, nós já estávamos fazendo isso quando fomos do Rio Grande do Sul para Pernambuco, ainda em 1968. Liderar as pessoas ali foi bem difícil no começo.

Levantamento de EXAME mostrou que, das mil maiores empresas presentes no país, 37 são centenárias. Se tirarmos deste grupo as multinacionais que vieram para cá e pensarmos apenas nas empresas brasileiras, veremos que quatro foram criadas por imigrantes alemães e três por imigrantes italianos. A imigração, pelo jeito, teve bastante importância no florescimento do capitalismo brasileiro.

Jorge Gerdau - Certamente. A Alemanha tem uma cultura de princípios empreendedores e empresariais muito fortes. Esta imigração de alemães e italianos na região sul do Brasil foi um verdadeiro presente. Os meus antepassados chegaram ao Brasil em condições razoavelmente favorecidas quando comparados à maioria dos imigrantes que aqui desembarcavam, pois já chegaram como empresários. Um dos irmãos de Johann, o fundador, trabalhou no ramo da siderurgia na própria Alemanha, e o outro fundou uma trading em Nova York. O próprio Johann, ao se estabelecer no interior do Rio Grande do Sul, comprou fazendas do governo e fez plantações de arroz nelas. Ele tinha uma mentalidade inquieta, não perdia nunca esta atitude empreendedora.

 

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