Desde 2015, a competição ITA Tunnelling and Underground Space Awards busca identificar as mais importantes obras e tecnologias subterrâneas em andamento no mundo que ajudam a transformar as cidades e permitema construção de áreas urbanas mais inteligentes e sustentáveis.

Devido à pandemia global, que impactou as viagens internacionais, a edição deste ano foi realizada de forma on-line, na semana passada, através de uma plataforma dedicada e premiada com as melhores realizações do setor.

Chegou a hora de conferir os ganhadores da 7^a edição do ITA Tunnelling and Underground Space Awards, a principal competição global de projetos de túneis, com promoção da ITA (International Tunnelling Association).

Maior projeto do ano (mais de 500 milhões de euros)

Klang Valley Mass Rapid Transit (KVMRT) – Malásia

Custo das obras civis: 900 milhões de euros

A Linha Putrajaya (ou Linha 2) é um megaprojeto ferroviário localizado no coração da capital da Malásia, Kuala Lumpur. O projeto é uma das três linhas que compõem a rede Klang Valley Mass Rapid Transit (KVMRT), que promete aumentar a participação do modal no transporte público da cidade de 20% para 50%. A profundidade dos túneis varia entre 20 m e 60 m, em parte devido à presença de diversas infraestruturas subterrâneas entrecruzadas.

Projeto do ano (de 50 a 500 milhões de euros)

a) Projeto de engenharia de túneis de grande diâmetro em área marítima – China

Custo: 81,8 milhões de euros

O tempo de viagem de 30 minutos para atravessar o Golfo de Dalian, na China, foi reduzido para menos de 3 minutos graças ao túnel construído na seção de travessia do mar da Linha 5 do Metrô da cidade de Dalian. Com comprimento de 2.882 m, o túnel permite conectar as baías de Qingniwa e Barracuda ao antigo distrito de Ganjingzi.

b) Extensão sul da Linha 14 do metrô de Paris – França

Custo: 200 milhões de euros

Um dos maiores projetos de infraestrutura do século, o Grand Paris Express prevê a construção de 200 km de novas linhas de metrô e 68 estações. Dentre os quatro novos trechos planejados para os Jogos Olímpicos em 2024, a extensão da linha 14 em direção ao Aeroporto Paris-Orly é um dos projetos prioritários. Inteiramente subterrânea, a obra compreende 14 km de túneis, 7 estações e 12 poços.

Projeto do ano incluindo renovação (até 50 milhões de euros)

Obras de tratamento de esgoto em cavernas – China

Custo: 27 milhões de euros

Construída com o método de perfuração e jateamento, a obra está localizada na margem da área urbana de Sha Tin, em Hong Kong, um local repleto de estruturas sensíveis, incluindo edifícios residenciais, escolas etc. A maioria dos túneis e cavernas tem mais da metade da sua cobertura rochosa acima da coroa do túnel.

Inovação técnica do ano

Método para construção de emissários marítimos – Argentina

O projeto "Desarrollo Sustentable de la Cuenca Matanza-Riachuelo - Lote 3" inclui um sistema de emissário para descarregar por gravidade águas residuais tratadasno Rio da Prata, em Buenos Aires. A obra tem 50 m de profundidade a montante, 10,5 km de comprimento de túnel (emissário subfluvial), 1,5 km de comprimento de túnel difusor cônico e 34 elevadores. O projeto utiliza um método inovador, conhecido como "Conceito Riser", que permite instalar tubos verticais de elevação do interior do túnel até o leito do rio, passando por formações de solo.

Além da engenharia

Metrô de Shenzhen – China

A Linha 14 do Metrô de Shenzhen, na China, tem extensão total de 50,34 km, conectando o Distrito Futian com o Distrito Pingshan. Um grupo de 49 TBMs foi empregado para o trabalho de escavação de túneis, adotando o método de equilíbrio de pressão de terra (Earth Preasure Balance). Para o descarte de resíduos, foi desenvolvido um kit inteligente, modular e compacto, que separa materiais de valor como agregado reciclado, agregado fino, resíduo argiloso e água reciclada.

Espaços subterrâneos inovadores

Lefdal Mine Data Center – Noruega

Localizada ao lado do Nordfjord, no oeste da Noruega, a Mina Lefdal possui grandes cavernas em seis níveis, com comprimento total de 500 m e largura de 350 m, alcançando profundidade de 160 m. Ao reutilizar aberturas já existentes, o projeto limita a pressão na formação rochosa acima, beneficiando-se ainda da disponibilidade de água do mar para resfriamento e geração de energia elétrica.

Destaque profissional

Além dos projetos, a competição também apontou o engenheiro canadense Michael Mains como "Jovem tunelador do ano". "Além de assumir papéis de liderança em nível de projeto, Michael também tem uma história de destaque no aspecto técnico, tendo escrito vários manuais sobre uma variedade de assuntos relacionados a túneis", comentou o juri.