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BBC Brasil
21/06/2010 13h54 | Atualizada em 21/06/2010 18h57
WASHINGTON - Um funcionário da plataforma de exploração de petróleo Deepwater Horizon, que explodiu no Golfo do México e causou o pior desastre ambiental da história americana , disse à BBC que identificou um vazamento no equipamento de segurança da plataforma semanas antes da explosão. Em uma entrevista que vai ao ar nesta segunda-feira, Tyrone Benton afirmou que, apesar do aviso, os responsáveis pela plataforma decidiram simplesmente desligar o aparelho de segurança em vez de consertá-lo. Um segundo equipamento foi acionado. A Transocean, por sua vez, afirma que testou a válvula de segurança três dias antes da explosão e que, na ocasião, o dispositivo funcionava. As entrevistas serão exibidas nesta segunda-feira no programa Panorama, d
...WASHINGTON - Um funcionário da plataforma de exploração de petróleo Deepwater Horizon, que explodiu no Golfo do México e causou o pior desastre ambiental da história americana , disse à BBC que identificou um vazamento no equipamento de segurança da plataforma semanas antes da explosão. Em uma entrevista que vai ao ar nesta segunda-feira, Tyrone Benton afirmou que, apesar do aviso, os responsáveis pela plataforma decidiram simplesmente desligar o aparelho de segurança em vez de consertá-lo. Um segundo equipamento foi acionado. A Transocean, por sua vez, afirma que testou a válvula de segurança três dias antes da explosão e que, na ocasião, o dispositivo funcionava. As entrevistas serão exibidas nesta segunda-feira no programa Panorama, da BBC.
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A revelação foi feita um dia depois que o deputado democrata Ed Markey, do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que teve acesso a um documento interno da BO mostrando que o vazamento de óleo no Golfo do México pode ser de cerca de 100 mil barris (15,9 milhões de litros) por dia. A informação foi revelada neste domingo pelo multinacional. O número surpreende por ser superior à estimativa atual do governo americano de até 60 mil barris (9,5 milhões de litros) diários.
A empresa, que não reconheceu a veracidade da informação, tem sido acusada de abrandar a quantidade de petróleo que vaza do poço desde que o derramamento começou, no dia 20 de abril . Inicialmente, a BP estimou que o vazamento era de mil barris por dia e, pouco tempo depois, elevou esse número para 5 mil.
- Desde o início a BP não foi clara com o governo ou com o povo americano sobre o verdadeiro tamanho desse derramamento - disse Markey.
O documento, no entanto, parece estimar apenas o maior fluxo potencial de petróleo se importantes componentes do poço falharem.
Equipamento preveniria desastre
Durante a explosão da plataforma, ocorreu a falha de um equipamento conhecido como Blow Out Preventer (BOP), que fica na cabeça do poço para garantir a segurança em caso de vazamentos.
Este é o equipamento de segurança mais crítico a bordo de uma plataforma, instalado justamente para evitar desastres como o do Golfo do México.
O BOP tem "tesouras" gigantes desenhadas para cortar e selar o principal cano do poço. Segundo Benton, o problema foi encontrado na câmara de controle, que contém tanto mecanismos eletrônicos como hidráulicos.
- Vimos um vazamento na câmara de controle e informamos os funcionários da empresa - disse Benton. - Eles têm uma sala onde podem desligar aquele equipamento e ligar outro, para não interromper a produção.
Benton disse que seu supervisor enviou um e-mail tanto para a BP como para a Transocean sobre os vazamentos descobertos.
O especialista em petróleo da Universidade do Texas, Tad Patzek, disse que a falta de medidas foi "inaceitável".
- Isto é inaceitável - afirmou o professor. - Se você tiver provas de que o BOP não está funcionando corretamente, deve consertá-lo como for possível.
Benton afirmou não saber se a câmara que apresentou o vazamento voltou a ser ligada antes do desastre ou não. Ele disse que, para consertar a unidade, a BP teria que interromper a perfuração na plataforma. O custo diário de operação da Deepwater Horizon é de US$ 500 mil.
O deputado americano Henry Waxman, que está supervisionando as investigações do Congresso sobre a explosão e o vazamento da plataforma, acusou a BP de cortar gastos com segurança para economizar dinheiro.
- A BP parece ter tomado uma série de decisões por razões econômicas que aumentaram os riscos de uma falha catastrófica no poço - disse Waxman.
O executivo-chefe da BP, Tony Hayward, sabatinado pelo Congresso na semana passada, afirmou:
- Não vi prova de nada até agora que sugira que alguém tenha colocado os custos antes da segurança. Se houver, vamos tomar medidas.
Uma variedade de problemas
A informação sobre a quantidade de vazamento no Golfo veio à tona no mesmo dia em que o jornal "Sunday Times", de Londres, anunciou que a empresa planeja levantar U$ 50 bilhões para cobrir os custos do vazamento, sendo U$ 10 bilhões por meio da venda de bônus, U$ 20 bilhões junto a bancos e mais U$ 20 bilhões através da venda de ativos nos próximos dois anos. A companhia afirmou, ainda, que suspenderá pagamentos de dividendos e fará desinvestimentos de U$ 10 bilhões neste ano.
Kenneth Feinberg, administrador do fundo de U$ 20 bilhões criado pela BP , na semana passada, para compensar as vítimas, prometeu que fará o possível para que as indenizações sejam pagas o mais rapidamente possível. O advogado acrescentou, durante uma entrevista à NBC, que o programa providenciaria indenizações em poucas semanas enquanto o litígio nos tribunais poderia levar anos.
O Congresso americano identificou uma série de outros problemas com o BOP, inclusive de desenho, modificações inesperadas e bateria gasta. Segundo o Legislativo americano, há indícios de que a colocação de cimento - material que impede o escape de gases explosivos - na Deepwater Horizon não tenha sido realizada da maneira apropriada.
A BP afirmou ter indícios do contrário. A empresa responsável pela instalação de cimento, Halliburton, disse que a instalação foi consistente com outras aplicadas em situações semelhantes.
Vários funcionários da plataforma disseram à BBC que, em abril, havia pressão na Deepwater Horizon para concluir rapidamente o trabalho de preparação do poço, que estava atrasado.
- Muitas tarefas estavam sendo feitas ao mesmo tempo. As coisas deveriam ter sido feitas mais devagar, uma de cada vez, para que tivéssemos certeza de que tudo havia sido feito da maneira que tem ser feito - disse Benton, que agora está processando a BP e a Transocean por negligência.
A BP respondeu às críticas afirmando que a Transocean era responsável pela manutenção e operação do BOP.
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