Mercado
Valor Econômico
11/07/2013 08h53
Os grupos deixam claro, no entanto, que esperam a criação de um “fundo noiva” articulado pelo governo para bater o martelo na entrega de suas ofertas.
O formato exato desse fundo, que teria “sócios estratégicos” entrando no capital da futura concessionária responsável pela operação do trem de alta velocidade (TAV), não foi detalhado até hoje pelo Palácio do Planalto.
Grupos nacionais especializados em concessões de infraestrutura estão sendo, ou vão ser, procurados pelo governo para entrar como sócios no empreendimento, depois do leilão.
Odebrecht TransPort, CCR, Invepar e Ecorodovias entraram na mira das autoridades. Fundos de pensão estatais como Previ, Petros e Funcef fazem parte do “plano B” como parceiros est
...Os grupos deixam claro, no entanto, que esperam a criação de um “fundo noiva” articulado pelo governo para bater o martelo na entrega de suas ofertas.
O formato exato desse fundo, que teria “sócios estratégicos” entrando no capital da futura concessionária responsável pela operação do trem de alta velocidade (TAV), não foi detalhado até hoje pelo Palácio do Planalto.
Grupos nacionais especializados em concessões de infraestrutura estão sendo, ou vão ser, procurados pelo governo para entrar como sócios no empreendimento, depois do leilão.
Odebrecht TransPort, CCR, Invepar e Ecorodovias entraram na mira das autoridades. Fundos de pensão estatais como Previ, Petros e Funcef fazem parte do “plano B” como parceiros estratégicos, caso seja impossível conquistar a adesão dos grupos privados.
Cinco consórcios estudavam inicialmente o trem-bala. Os coreanos, vistos como favoritos na primeira tentativa de licitação do projeto, são dados como carta fora do baralho.
Os japoneses ainda não deram sua palavra final, mas tudo indica que não vão entrar na disputa, apesar do interesse no empreendimento.
Segundo fontes do mercado, eles não se animam em correr riscos com a demanda de passageiros, e já deram sinais de que estão fora da corrida, em conversas com interlocutores brasileiros nas últimas semanas.
Nas mesmas conversas, os franceses e os espanhóis revelaram a disposição em entregar propostas, o que deve livrar o governo de um novo fracasso o leilão de julho de 2011 terminou sem nenhum interessado.
O consórcio francês é encabeçado por Alstom e SNCF. O espanhol tem Talgo e Renfe à frente, mais um leque maior de empresas associadas, como Cobra, Indra e Abengoa.
Não está claro se o consórcio alemão mantém seu interesse inicial no trem-bala. A Siemens, que puxava a aliança, entrou em acordo com os espanhóis para fornecer sistemas de sinalização ferroviária e telecomunicações por meio da Dimetronic, empresa com sede em Madri, que teve controle adquirido pela Siemens.
A Deutsche Bahn, operadora das ferrovias alemãs, teria enfrentado restrições para participar como sócia de um projeto no exterior. Oficialmente, nenhum grupo quis se pronunciar.
A concessionária responsável pela operação do trem-bala terá 45% do capital formado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL).
Os demais 55% ficam, em um primeiro momento, com o vencedor do leilão. No dia 20 de novembro, está prevista a homologação do resultado da disputa, segundo o cronograma divulgado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A partir da homologação, haverá um prazo de 90 dias para a entrada dos sócios estratégicos, como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
A estatal já demonstrou a intenção de ter até 5% de participação acionária no projeto, reduzindo a fatia original do vencedor do leilão.
O governo já articula a criação de um “fundo noiva”, que teria mais uma proporção relevante fala-se em 30% no capital da futura concessionária.
No entanto, a menos de 40 dias da data marcada para a entrega das propostas, nenhum detalhe do fundo foi apresentado. É isso o que preocupa os espanhóis e os franceses. Nenhum dos dois consórcios está interessado em ter uma fatia tão grande como acionista do trem-bala.
O objetivo maior dos estrangeiros é vender tecnologia trens e sistemas de alta velocidade ao Brasil, mas eles querem ter participação acionária relativamente limitada no negócio.
A concessionária precisará desembolsar pelo menos R$ 30 bilhões, que é o valor mínimo de outorga fixado no leilão, ao longo dos 40 anos de vigência do contrato. Para isso, terá que assumir o risco de demanda do projeto, ou seja, o risco de um fluxo de passageiros inferior ao estimado pelo governo.
Reservadamente, os consórcios estrangeiros garantem preferir os fundos de pensão estatais como sócios estratégicos. O raciocínio é que eles costumam dizer sim para tudo o que o governo quer, mas não têm grandes pretensões de ingerir na operação e miram apenas a rentabilidade do negócio.
Já o governo tem simpatia pelos grupos privados, por acreditar que, mesmo tendo participação pequena na futura concessionária, podem ser mais exigentes com ganhos de eficiência e ganhar experiência nos trens de alta velocidade.
A receptividade dos grupos privados nacionais para compor esse “fundo noiva” não é muito alta. Eles já têm estudado participação em outras concessões principalmente de rodovias, portos e aeroportos.
Diante do cardápio de projetos, não demonstram entusiasmo pelo trem-bala, cuja taxa de retorno foi definida em 7% ao ano. Essa remuneração fica abaixo do índice de 8,5% fixado para a primeira ferrovia a ser licitada (Açailândia-Vila do Conde) e dos 7,2% para rodovias. Por isso, é grande a chance de sobrar para os fundos de pensão estatais.
Seja qual for a composição do “fundo noiva”, franceses e espanhóis mantêm o interesse em apresentar propostas no dia 13 de agosto, caso realmente se saiba até lá como se dará a entrada dos “sócios estratégicos”.
Assim, a futura concessionária ficaria com 45% de participação da EPL, cerca de 30% de outros sócios e 5% dos Correios. O vencedor do leilão preservaria uma fatia não superior a 20%, diminuindo os riscos de demanda com o negócio.
O resultado da licitação deverá ser anunciado no dia 19 de setembro. Ganha a disputa quem apresentar o maior valor de outorga. O preço mínimo é de R$ 68,08 por quilômetro rodado.
Conforme informou o Valor na semana passada, há dois pedidos de adiamento protocolados na ANTT. O governo, por enquanto, está fortemente inclinado a preservar as datas. A avaliação é que adiar o leilão agora pode transmitir a ideia equivocada de que o projeto seja um desperdício de recursos públicos.
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