Folha de S.Paulo
07/07/2025 15h06
O governo brasileiro avançou em um acordo assinado com a China, para estruturar o plano de viabilidade do corredor ferroviário bioceânico Brasil-Peru.
Memorando firmado com os chineses define que a estatal Infra S.A., ligada ao Ministério dos Transportes, será o canal responsável pela articulação, coleta de dados, estudos ambientais e suporte institucional do projeto.
Do lado da China, o projeto será tocado por um grupo técnico liderado pelo China Railway Economic and Planning Research Institute.
O plano prevê que a ferrovia saia do porto de Chancay, no litoral do Peru, onde os chineses já estabeleceram um dos maiores portos d
...O governo brasileiro avançou em um acordo assinado com a China, para estruturar o plano de viabilidade do corredor ferroviário bioceânico Brasil-Peru.
Memorando firmado com os chineses define que a estatal Infra S.A., ligada ao Ministério dos Transportes, será o canal responsável pela articulação, coleta de dados, estudos ambientais e suporte institucional do projeto.
Do lado da China, o projeto será tocado por um grupo técnico liderado pelo China Railway Economic and Planning Research Institute.
O plano prevê que a ferrovia saia do porto de Chancay, no litoral do Peru, onde os chineses já estabeleceram um dos maiores portos da América Latina, e avance pelo território peruano até Cusco e Pucallpa, chegando até o Acre, no Brasil.
A partir de Rio Branco, o projeto ferroviário prevê a construção de um traçado que cruzaria Rondônia, nas proximidades da BR-364, até chegar a Mato Grosso, onde já está em construção parte da Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste).
Esta malha, ligada à Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), cruzaria Goiás e entraria na Bahia, para terminar nas margens do porto Sul de Ilhéus. Ao todo, são aproximadamente 4,5 mil km de ferrovias neste traçado.
O secretário nacional de transporte ferroviário do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro, confirmou o andamento dos acordos.
"Esse memorando e os passos que estamos dando agora são resultados de uma atuação diplomática e técnica iniciada em abril entre o governo brasileiro e a China. Do nosso lado, já avançamos bastante com a Fico e a Fiol. Essa parceria ajuda a avançar do lado peruano", comentou.
O corredor ferroviário é visto como um dos maiores projetos logísticos do mundo, com potencial de reduzir em até dez dias o tempo de transporte de cargas entre os portos brasileiros do Atlântico e os mercados asiáticos, via porto de Chancay.
Estima-se que cerca de US$ 350 bilhões por ano em exportações brasileiras tenham como destino a China, dos quais 60% correspondem a minério de ferro e soja.
"Esse acordo abre portas para que a China passe, efetivamente, a participar dos projetos brasileiros. No fim do dia, esse trabalho vai dar ainda mais segurança para atração de novos investimentos", disse Ribeiro.
Como mostrou a Folha, os chineses passaram a fazer um levantamento detalhado das concessões logísticas do Brasil para analisar a possibilidade de entrar em projetos ferroviários, além de portos, hidrovias e rodovias, repetindo um movimento que já consolidaram no setor elétrico.
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