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Estagnação já serve de alento para transportadoras no País

Vias tortuosas. Depois de encolher cerca de 15% ao longo do último ano e pressionar mais suas margens para garantir contratos, empresas do setor falam em reajuste de preço do frete

DCI

26/01/2017 13h21 | Atualizada em 26/01/2017 16h39


Após encolhimento de 15% no volume de negócios prestados em 2016, o transporte de carga rodoviária entende a estagnação prevista para 2017 como um alento. Frente à necessidade de que o PIB cresça 4% para o setor voltar aos patamares pré-crise, a perspectiva é de um ano de margens pressionadas e mais necessidade de investimentos no modal.

"Se o PIB não cair, já é sinal de aumento de carga. Se ele conseguir crescer pelo menos 0,8% já significa que produziu mais. Para retomar mesmo precisava de uns 4%", diz o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes. Para ele, mesmo que o crescimento da produção brasileira deste ano não seja suficiente para a retomada, deve garantir ao menos a estabilidade no volume de carga transportad

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Após encolhimento de 15% no volume de negócios prestados em 2016, o transporte de carga rodoviária entende a estagnação prevista para 2017 como um alento. Frente à necessidade de que o PIB cresça 4% para o setor voltar aos patamares pré-crise, a perspectiva é de um ano de margens pressionadas e mais necessidade de investimentos no modal.

"Se o PIB não cair, já é sinal de aumento de carga. Se ele conseguir crescer pelo menos 0,8% já significa que produziu mais. Para retomar mesmo precisava de uns 4%", diz o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes. Para ele, mesmo que o crescimento da produção brasileira deste ano não seja suficiente para a retomada, deve garantir ao menos a estabilidade no volume de carga transportada, que em 2016 caiu 15%, e fez encolher 3,6% o fluxo de veículos nas estradas. Quando analisado apenas os veículos pesados o tombo foi de 6%, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias e a Tendências Consultoria.

Outro fator que tem pressionado o setor, mas deve ter um comportamento menos agressivo este ano, é o valor do frete. "Não acredito que o caia novamente, porque não temos mais margem para isso", explica Fernandes. Para ele, mesmo que o excesso de oferta de trabalhadores autônomos - que conseguem praticar valores mais baixos - se mantenha, depois da guerra tarifária em 2016, o pior momento passou.

"Se 2015 e 2016 foram anos em que todos [as transportadoras] aguentaram para não repassar a inflação nos contratos. Em 2017, chegamos ao limite e vamos ter que repassar", complementa o diretor geral da Total Express, Bruno Tortorello. De acordo com ele, o mercado ainda está sensível a preços, mas a tendência é que o setor busque em 2017 recuperar um pouco as margens. "Tudo na base da conversa. Os contratos serão tratados caso a caso para encontrar uma solução", sinaliza. Na Painel, do Grupo Amazonas, por exemplo, uma estratégia é a diminuição da frequência semanal por cliente para conseguir aumentar o volume da carga.

Apoio político

Mesmo que o aumento do volume de carga movimentada esteja intrinsecamente ligado à retomada da produção e consumo no País, Fernandes da NTC&Logística ressalta que existem medidas que vão além da crise e podem gerar segurança jurídica, como a aprovação do marco regulatório do transporte rodoviário de cargas, que deve revisar e atualizar as legislações existentes, dando maior uniformidade nas decisões judiciais. "É importante que a decisão do supremo esteja de acordo com o legislado em convenções trabalhistas e em acordos firmados entre entidades patronais e laborais", diz.

Outro gargalo que tem pressionado o preço do seguro e aumentado o prejuízo é o roubo de carga, mas a perspectiva para 2017 é que a situação melhore. "Temos a Lei [Complementar] 121 que severiza o roubo de carga e permite a atuação da polícia federal. Depois de aprovada, só faltava um grupo gestor para implementar e isso acabou de ser feito. Logo devemos começar a ver uma contribuição grande da medida", analisa

Atratividade

Já na opinião da sócia do ASBZ Advogados e especialista em direito de transportes, Anna Paola Bonagura, o gargalo é mais profundo. Para ela, é necessário investimento em toda a infraestrutura logística para que o setor de transporte atinja a rentabilidade. "Hoje, o lucro do rodoviário está abaixo de 10% em muitos casos. Tanto que muitas empresas usam o terrestre como complemento e não como negócio fim."

Por isso, para 2017, ela comenta que um grande desafio será encontrar nichos que ainda estejam contratando empresas de logística. "Para a área de transporte em geral está difícil. A exportação caiu, há diminuição de investimento e poder de compra", lamenta.

Uma demanda que pode beneficiar o rodoviário é o de grãos. "Mas não sei se podemos comemorar, já que é uma commodity que deveria ser transportada em ferrovia ou cabotagem. Isso mostra o desafio do nosso sistema", cita.

Outra questão que reflete a deficiência logística do País é a qualidade das estradas e a burocracia. "Hoje o tempo é custo. Na medida que as estradas são precárias e muitas vezes a velocidade deve ser muito mais reduzida do que o necessário, perdemos tempo. Outro exemplo é a espera do caminhão no porto. Precisamos melhorar o sistema viário e a intermodalidade", cita o CEO do Grupo Amazonas, Denilson Farias.

Isso, de acordo com ele, vai contra as estratégias das empresas. "Hoje, a indústria está com produção mais enxuta e precisa de parceiros rápidos", explica. Para contornar a questão, a empresa que foca em indústria têxtil, coureiro-calçadista, metalúrgica e química pretende aumentar o número de parceiros em 2017.

Mesmo assim, ele acredita que há oportunidades para expandir o negócio. Em 2016, a Painel aumentou em 20% o faturamento e a perspectiva é atingir 30% de alta neste ano. "Isso por conta da certificação da SASSMAQ que vai nos permitir transportar produtos químicos que ainda não movimentávamos", conta.

Já na Total Express, as estratégias para crescer em 30% o volume de carga movimentado em 2017 são a expansão das cidades em que realiza coleta e o aumento da participação entre as pequenas e médias empresas do e-commerce. De acordo com o diretor geral, Tortorello, atualmente a empresa faz coleta em nove cidades e a ideia é atingir 20 ou 30 até dezembro.

Já para atingir os pequenos, a Total lançou o piloto do e-Total há duas semanas, uma alternativa ao e-Sedex que deve encerrar operações. "Na primeira semana tivemos 1 mil contatos e a perspectiva é chegar a 1,5 mil contratos fechados em 2017", projeta. Isso deve ampliar em cinco vezes a carteira de pequenos e médios da companhia. Para lançar o novo produto, a Total investiu R$ 8 milhões.

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