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Valor Econômico
23/03/2010 14h39 | Atualizada em 23/03/2010 17h44
A empresa americana Duke Energy, dona das usinas do rio Paranapanema que geram 2.200 MW e que pertenciam à Cesp, tem pela primeira vez no país um brasileiro à frente de seus negócios. A nomeação de Armando Henriques encerra um processo de reestruturação promovido no ano passado na companhia, em nível mundial, e que traçou os novos objetivos a serem perseguidos. O novo presidente no Brasil chega com a missão de fazer com que a empresa, que está há dez anos sem realizar grandes investimentos no país, cresça e, assim, retome o posto que vai perder este ano para a CPFL Energia, a de terceira maior geradora privada do país.
Há menos de três meses no cargo, Henriques já está em busca de projetos termelétricos a gás natural para promove
...A empresa americana Duke Energy, dona das usinas do rio Paranapanema que geram 2.200 MW e que pertenciam à Cesp, tem pela primeira vez no país um brasileiro à frente de seus negócios. A nomeação de Armando Henriques encerra um processo de reestruturação promovido no ano passado na companhia, em nível mundial, e que traçou os novos objetivos a serem perseguidos. O novo presidente no Brasil chega com a missão de fazer com que a empresa, que está há dez anos sem realizar grandes investimentos no país, cresça e, assim, retome o posto que vai perder este ano para a CPFL Energia, a de terceira maior geradora privada do país.
Há menos de três meses no cargo, Henriques já está em busca de projetos termelétricos a gás natural para promover a expansão da empresa e não só em São Paulo, como tem a obrigação de fazer segundo o edital de privatização da companhia. Entre os planos de expansão está também a participação em grandes projetos hidrelétricos. "Só não vamos estar na licitação de Belo Monte porque o processo já está muito avançado e não teríamos tempo de fazer análise adequada dos riscos do empreendimento", diz Henriques.
Mas os planos futuros da companhia precisam passar por um acerto com o governo do Estado de São Paulo justamente em função da obrigação prevista no edital de privatização de investir o suficiente para expandir em 15% sua capacidade de geração no Estado. O prazo para cumprir essa cláusula terminou em 2008 e não foi cumprido, em função de uma série de discussões, inclusive no âmbito da Aneel. O processo está em negociação na Secretaria de Energia do governo estadual, mas Henriques ainda está se colocando a par da questão. A antiga direção, por exemplo, tinha intenção de usar o projeto da usina termelétrica Pederneiras para cumprir o edital de privatização, mas Henriques diz que ainda quer primeiro entender as alternativas que tem.
De qualquer forma, esse novo posicionamento da companhia no Brasil tira as expectativas em torno da saída da Duke do país. Esse tipo de especulação vem sendo feita há anos, mas no ano passado a Odebrecht chegou a tentar negociar com a matriz da companhia a compra do ativo. O objetivo da construtora era já criar sua empresa de geração de energia com um grande portfólio, para atingir mais rapidamente a meta de ser a maior do país em dez anos.
A Duke Energy International Geração Paranapanema, nome com o qual está listada na bolsa de valores, lucrou no ano passado cerca de R$ 190 milhões. Foi um crescimento de 27,7% em relação ao ano anterior. Nem mesmo o aumento em 30% das despesas operacionais da companhia afetou o resultado positivo. Sua situação de caixa também é confortável e a empresa é pouca alavancada, com sua dívida líquida não chegando a uma vez o lucro antes de amortização, juros, depreciação e impostos (Lajida).
As despesas cresceram principalmente pelo reconhecimento de uma provisão para fazer frente à disputa judicial que está levando adiante contra a Aneel sobre pagamentos de Tarifa do Uso do Sistema de Distribuição conhecida como 'Tusd Geração'. No ano passado, diversas companhias elétricas chegaram a um acordo com a agência para encerrar a disputa, menos a Duke.
Mas nem um tema delicado como esse impediu as conversas que considera terem sido positivas na agência e também no Ministério de Minas e Energia. Henriques foi ao governo federal se apresentar e contar da disposição da companhia em investir no país. Seu trânsito em Brasília é fácil, já que na época em que esteve à frente dos negócios da inglesa BG, no Brasil, ele participou de diversas associações na área de óleo e gás. Sua experiência no setor de gás também vai ser útil para os projetos de termelétricas que a companhia pretende levar adiante.
Mas todas essas intenções ainda não foram colocadas no papel. Henriques está apenas iniciando o processo para então fazer um plano de investimento para a companhia, e depois ser aprovado pela matriz. Ele ainda não definiu metas a serem cumpridas, por exemplo. "Mas quero estar ainda neste ano com pelo menos um novo projeto em estágio avançado", diz Henriques.
A escolha mais imediata do setor termelétrico pode esbarrar na decisão do governo de não realizar leilão de térmicas neste ano. No longo prazo, o presidente acredita, entretanto, que o país não poderá dispender dessa fonte de energia na matriz energética para dar segurança ao fornecimento, em função da distância dos novos projetos hidrelétricos e do fato de não terem reservatórios.
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