Valor Econômico
14/02/2024 12h49
Os investidores chineses e seus credores estão fixando placas de “vende-se” em ativos imobiliários no mundo todo, diante da necessidade de levantar dinheiro em meio a uma crise imobiliária interna que supera os riscos de venda desses ativos em um mercado em baixa.
Os preços que eles conseguirem poderão ajudar a finalmente definir números concretos sobre o tamanho do problema que o setor como um todo enfrenta.
A crise mundial provocada pelo aumento dos custos do crédito já eliminou mais de US$ 1 trilhão apenas dos valores dos imóveis comerciais, disse Barry Sternlich, presidente do conselho de administração da Starwood Capi
...Os investidores chineses e seus credores estão fixando placas de “vende-se” em ativos imobiliários no mundo todo, diante da necessidade de levantar dinheiro em meio a uma crise imobiliária interna que supera os riscos de venda desses ativos em um mercado em baixa.
Os preços que eles conseguirem poderão ajudar a finalmente definir números concretos sobre o tamanho do problema que o setor como um todo enfrenta.
A crise mundial provocada pelo aumento dos custos do crédito já eliminou mais de US$ 1 trilhão apenas dos valores dos imóveis comerciais, disse Barry Sternlich, presidente do conselho de administração da Starwood Capital Group na semana passada. Mas o dano total ainda é desconhecido porque pouquíssimos ativos foram vendidos, deixando os avaliadores com poucos dados recentes para seguir com suas análises.
Os negócios com imóveis comerciais concluídos caíram globalmente ao menor patamar em uma década no ano passado, com os proprietários relutando em vender imóveis com grandes descontos.
As autoridades reguladoras e o mercado temem que esse impasse possa estar ocultando perdas grandes e não realizadas, prenunciando problemas tanto para os bancos, que avançaram mais nos empréstimos físicos durante a era do dinheiro barato, como para os proprietários dos ativos.
A ação do New York Community Bancorp atingiu o menor patamar em 27 anos na semana passada, após cortar seu dividendo e acumular reservas em parte devido a problemas com crédito imobiliário.
O Banco Central Europeu (BCE) teme que bancos da região tenham sido lentos demais na redução dos valores dos empréstimos e a Financial Conduct Authority do Reino Unido vai rever as avaliações nos mercados privados, incluindo o imobiliário.
Agora, um novo lote de ativos internacionais adquiridos na onda de expansão chinesa que durou uma década, começa a chegar ao mercado, uma vez que proprietários e incorporadoras decidiram que querem dinheiro agora para amparar as operações domésticas e pagar dívidas — mesmo que isso signifique sofrer um golpe financeiro.
A repressão de Pequim à tomada excessiva de empréstimos deixou poucas incorporadoras ilesas, mesmo aquelas antes consideradas grandes concorrentes. Uma unidade da China Aoyuan Group, baseada em Guangzhou (Cantão), vendeu no ano passado um terreno em Toronto com um desconto de cerca de 45% sobre o preço de aquisição de 2021, segundo a provedora de dados Altus Group.
“Com os vendedores motivados, o congelamento do mercado poderá diminuir, melhorando a transparência e revelando os preços”, diz Tolu Alamutu, analista de crédito da Bloomberg Intelligence. “As avaliações de portfólios poderão cair ainda mais.”
A cada transação, o mercado obtém uma maior clareza sobre a taxa de capitalização – uma medida do retorno com que um investidor está disposto a fazer um negócio. Esse dado então será usado pelos avaliadores para avaliar outros ativos, o que poderá desencadear depreciações maiores.
Como consequência, os proprietários poderão ter de injetar mais dinheiro para evitar quaisquer violações no valor dos empréstimos, caso contrário correm o risco de ter as propriedades confiscadas pelos bancos.
Embora até agora tenha havido apenas uma pequena quantidade de vendas de imóveis de posse de chineses na Europa, essas vendas voltaram a crescer novamente. Vale lembrar que no ano passado um prédio de escritórios de Londres ligado ao presidente do conselho de administração do Shimao Group Holdings, Wing Mau Hui, foi vendido com um desconto de 15% sobre uma venda anterior acertada em 2022 e que não foi concluída, segundo uma fonte a par dos acontecimentos.
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