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Construtoras estrangeiras entram no Brasil através da Bahia

Correio da Bahia

06/05/2013 09h52 | Atualizada em 06/05/2013 13h57


Das dez maiores empresas em atuação no estado, cinco têm sede em países europeus.

O sotaque da construção civil na Bahia não é genuinamente nordestino. O português, de Portugal, e o espanhol dão o tom na mesa de negociação do mercado. Das dez maiores empresas em atuação no estado, cinco têm sede em países europeus.

A atividade dessas empresas segue moldes de integração de conhecimento entre os países. A sede da Via Célere na Bahia – que tem matriz em Madri na Espanha leva para a Europa a experiência  em processos construtivos.

“Trazemos tecnologia e exportamos criatividade. Na obra já conseguimos implantar alguns itens de transporte de material e segurança muito utilizados na Europa como as plataformas para recebi

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Das dez maiores empresas em atuação no estado, cinco têm sede em países europeus.

O sotaque da construção civil na Bahia não é genuinamente nordestino. O português, de Portugal, e o espanhol dão o tom na mesa de negociação do mercado. Das dez maiores empresas em atuação no estado, cinco têm sede em países europeus.

A atividade dessas empresas segue moldes de integração de conhecimento entre os países. A sede da Via Célere na Bahia – que tem matriz em Madri na Espanha leva para a Europa a experiência  em processos construtivos.

“Trazemos tecnologia e exportamos criatividade. Na obra já conseguimos implantar alguns itens de transporte de material e segurança muito utilizados na Europa como as plataformas para recebimento de material, as telas de proteção perimetral”,  explica   Rodrigo Dratovsky, diretor-geral da Via Célere no Brasil.

Em contrapartida, ele destaca que o Brasil exporta outros conhecimentos. “Já implantamos nos nossos projetos na Espanha o conceito de áreas de lazer entregues equipadas e decoradas, novidade que aprendemos aqui na Bahia. A ferramenta de vendas - que é o apartamento decorado - também é uma novidade nos procedimentos de vendas da Europa”, diz Rodrigo.

Em 2008, a Via Célere aportou na Bahia via Salvador. “Neste período, a empresa contabiliza R$ 300 milhões em vendas, 648 unidades residenciais lançadas e, atualmente, está em fase final de projeto para a expansão para outros estados. A construtora escolheu a Bahia para a sua expansão internacional em função do mercado ser promissor, com grande déficit habitacional e muitas oportunidades de negócio”, explica Dratovsky.

Somando os seis empreendimentos lançados na Bahia,  a Via Célere gerou mais de mil empregosformais diretos. Dratovsky explica que o mercado baiano favorece a entrada de empresas estrangeiras. A  maior oferta de terrenos para a construção é um dos principais atrativos.  “Ainda há muitas oportunidades para compra de solo na Bahia, apesar dos preços terem disparado nos últimos anos. Quando comparamos com as oportunidades de compra de solo na Europa, nos sentimos motivados a continuar investindo na Bahia”, esclarece Rodrigo.

Nos últimos anos, as empresas estrangeiras usam a Bahia como porta de entrada para o mercado brasileiro. “O interesse em investir no Brasil, começou com uma visita do grupo à Bahia para fechar um negócio de compra de equipamentos pesados para uma das nossas empresas em Portugal, ligada à movimentação de terras. No decorrer da visita visualizamos um potencial de crescimento no mercado de incorporação e foi assim que começamos a nossa atividade aqui no Brasil”, explica André Santo, diretor comercial da  Liz Construções.

A empresa faz parte do Grupo Lena, um dos maiores grupos empresariais de Portugal, e que hoje tem atividades distribuídas em países da Europa, África e América do Sul. “Somos a primeira empresa do Grupo Lena a iniciar suas atividades no Brasil, começando  em Salvador, em 1998. Atuamos no ramo da construção civil, fazendo obras próprias e de terceiros”, completa Santo.

Diferenças

Acostumadas ao ritmo construtivo europeu, as empresas que investem na Bahia precisam se adequar. “A diferença é sobretudo em relação aos processos construtivos, pois os processos são mais industrializados, mais padronizados e como tal a produtividade aumenta”, explica o diretor da Liz Construções que já entregou 15 empreendimentos, entre empresarial e residencial, na Bahia.

Para equilibrar isso, a empresa investe na máxima industrialização de todos os nossos processos aumentando assim a  produtividade na obra. Atualmente, a empresa tem empreendimentos em construção em Salvador e Feira de Santana. “O mais recente lançamento é o Morada Flor de Lis, no Jardim Brasília. Também há previsão de um novo empreendimento para ser lançado ainda nesse primeiro semestre, no Horto Florestal”, completa Santo.

O grupo português Ramos Catarino iniciou o seu processo de internacionalização em 2001, quando veio para o Brasil através de Salvador. “O primeiro investimento imobiliário foi em 2001, com o lançamento do Edifício Coimbra, no Imbuí”, explica Renato Simões, diretor da Ramos Catarino Brasil. Simões é natural de Portugal e  em 2011 veio para a Bahia como diretor nacional da empresa. Ele tem especialização em gestão e avaliação imobiliária e está no grupo desde 2007.

Para atuar no solo brasileiro, a empresa desenvolveu um processo de adaptação à realidade daqui. “Fatores como clima, falta de qualificação da mão de obra, falta de materiais, entre outros, foram algumas das dificuldades com que nos deparamos, e que tivemos que aprender a administrar”, conta Simões.

Em 12 anos de atuação no mercado baiano, a empresa desenvolveu empreendimentos no Litoral Norte (Imbassaí e Guarajuba). Somando  seis empreendimentos lançados na capital, e as várias obras que construiu na Bahia, a empresa gerou mais de três mil empregos formais em um total de quase R$ 100 milhões em vendas.   Além disso, realizou a construção da sede da multinacional Unilever em São Paulo. A Ramos Catarino prepara um lançamento, que pretende apresentar ainda em 2013. O empreendimento seguirá o padrão de alto luxo com área de lazer integrada.

Troca

O empreendimento La Vista, no  Morro do Conselho , é um exemplo da integração que existe atualmente na construção civil da Bahia.  O residencial é feito em parceria com três empresas: Bracyl,  Espaço R2 e Advaes.

A baiana Espaço R2 é parceira da Bracyl, subsidiária brasileira das espanholas Urfica e Covipro, que entra no mercado brasileiro por esse empreendimento em Salvador. “Este é o primeiro empreendimento da Bracyl no país. Já a Espaço R2, possui outros seis empreendimentos: Magistrale (Praia Buracão/Rio Vermelho), Space Vitória (Corredor da Vitória), Blue (Morro Ipiranga), Absolut (Barra Avenida), Orizon View Houses (Morro Ipiranga) e o Vila das Flores (Santo Antonio de Jesus). As obras do La Vista têm início no dia 5 de junho, a previsão é que só esta obra gere aproximadamente 120 empregos diretos e 70 indiretos”, explica Marco Monteiro, diretor  da Espaço R2.

Danilo Solarino, diretor da Advaes, responsável pela realização do La Vista, explica que a entrada na Bahia é sensível pela atual situação do mercado. “Salvador vem vivendo um momento de muita insegurança jurídica para novos empreendimentos. Por este motivo, o La Vista cumpre todos os critérios mais rígidos de leis ambientais e de ocupação de solo. Como o projeto foi feito com respeito a diferentes leis, não houve qualquer problema para o licenciamento da obra junto a todos os órgãos competentes”.

A Advaes é uma empresa brasileira, mas que tem como sócios o Danilo e Fernando Pijoan, que é espanhol. Eles têm escritório no Brasil e na Espanha e fazem o trabalho de atração de investimentos espanhóis para o Brasil.

Há ainda o caminho inverso no intercâmbio da construção. Empresas brasileiras como Odebrecht, JHSF e OAS investem no mercado exterior. A baiana Odebrecht tem negócios de construção em países como Venezuela, Emirados Árabes, Portugal.

Ao contrário das estrangeiras que atuam no mercado brasileiro - que investem em empreendimentos imobiliários - ela atua em obras estruturantes. Na Venezuela, por exemplo, fez a ampliação dos contratos do metrô da capital Caracas. O grupo JHSF, por exemplo, é  responsável pelo empreendimento  Las Piedras, em Punta del Este, no Uruguai.

Qualificação da mão de obra é desafio do setor

Há uma critica geral do setor da construção civil de que existe dificuldade em ter mão de obra qualificada. Segundo investidores internacionais na Bahia esse é um dos principais problemas para que a construção civil baiana atenda os padrões exigidos pelas empresas no exterior, onde possuem sua matriz e maior experiência em construir.

“Infelizmente é uma realidade com que nos deparamos todos os dias. O boom da construção atraiu para o setor muitas pessoas despreparadas e sem vocação. Por outro lado, o compromisso destes funcionários com a empresa é geralmente muito baixo. Além disso, o investimento em formação não tem o retorno esperado”, explica o diretor geral da Ramos Catarino, Renato Simões.

Mesmo com as limitações, as empresas tentam importar o método de trabalho europeu para cá. “Nas nossas obras aplicamos o modelo construtivo tradicional, semelhante ao que se executa na generalidade das obras na Bahia. No eixo  que trabalhamos – edifício residencial para classe C – não existe muito espaço para métodos de construção inovadores. O que procuramos sempre fazer é incutir nos nossos funcionários a cultura de qualidade e rigor que o Grupo Catarino implementa em tudo o que faz”, pontua Simões.

Rodrigo Dratovsky, diretor geral da Via Célere no Brasil, diz que para resolver as questões de mão de obra, a empresa investe em troca de conhecimentos. “Estamos realizando um intercâmbio entre os profissionais da área de arquitetura e engenharia daqui da Bahia com a equipe da Espanha. Eles têm muita informação para compartilhar e aprender”, explica.

Segundo Dratovsky, a estratégia é trabalhar nas  obras com empresas subempreiteiras especializadas em cada serviço. “Com isso conseguimos ter uma maior garantia da qualidade e pontualidade dos prazos dos serviços. Estamos planejando ter um projeto de qualificação desses subempreiteiros, como já acontecem em algumas empresas do ramo industrial”, argumenta.

 

 

 

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