O Estado de S.Paulo
31/08/2022 10h20
No primeiro semestre, com a Selic em alta, custos da construção subindo e problemas enfrentados pelo programa Casa Verde e Amarela (CVA), o setor de construção via um cenário nebuloso pela frente. Entre abril e junho, os lançamentos de casas e apartamentos no País caíram 15,4%, para 63.878 unidades, enquanto as vendas recuaram 5,5%, indo a 72.861 unidades.
O clima neste segundo semestre, no entanto, mudou totalmente. A Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC), por exemplo agora prevê que os lançamentos e as vendas de imóveis residenciais este ano devem ficar próximos dos registrados em 2021, quando o setor te
...No primeiro semestre, com a Selic em alta, custos da construção subindo e problemas enfrentados pelo programa Casa Verde e Amarela (CVA), o setor de construção via um cenário nebuloso pela frente. Entre abril e junho, os lançamentos de casas e apartamentos no País caíram 15,4%, para 63.878 unidades, enquanto as vendas recuaram 5,5%, indo a 72.861 unidades.
O clima neste segundo semestre, no entanto, mudou totalmente. A Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC), por exemplo agora prevê que os lançamentos e as vendas de imóveis residenciais este ano devem ficar próximos dos registrados em 2021, quando o setor teve um recorde de negócios.
Uma das principais causas para a volta do otimismo foram as mudanças no CVA – como o aumento dos prazos de financiamento e dos subsídios –, que possibilitaram a retomada das contratações. Em julho, elas subiram 20% em relação ao mesmo mês de 2021, e em agosto seguem no mesmo ritmo, disse o presidente da CBIC, José Carlos Martins.
Para o presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, o mercado imobiliário tende a crescer ao longo dos próximos dois anos. Segundo ele, os custos dos materiais também já estão mais comportados.
Outro fator favorável é o nível positivo de criação de empregos no país. Além disso, diz, há a expectativa de corte da Selic a partir da metade do ano que vem, abrindo espaço para redução das taxas cobradas nos financiamentos habitacionais.
Para Martins, da CBIC, o efeito que o aumento da taxa de juros poderia ter sobre o custo do crédito imobiliário já está dado, e os dados demonstram apetite ainda aquecido por parte do consumidor.
Mesmo com a demanda aquecida por financiamentos imobiliários, os bancos têm olhado com cautela o ambiente da economia brasileira e não descartam a possibilidade de elevar as taxas dos empréstimos para a faixa dos dois dígitos – algo que não acontece desde o fim de 2017, de acordo com dados do Banco Central. A taxa atual já belisca essa marca, com 9,8% ao ano na média, enquanto 12 meses atrás era 7,5%.
As incertezas sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) depois das eleições, a inflação elevada e a possível extensão do ciclo de alta dos juros básicos (Selic) são consideradas pelas instituições financeiras como razões para a cautela.
O diretor de crédito imobiliário do Bradesco, Romero de Albuquerque, deixou a porta aberta para que os juros da casa própria superem a marca dos 10%.
Ele ponderou que o setor já conviveu com juros de dois dígitos e nem por isso, os lançamentos, as vendas e os financiamentos deixaram de acontecer.
O presidente da Abecip, José Rocha Neto, minimizou o risco de que as taxas passem por disparadas, mas concordou que a marca simbólica de 10% pode ser ultrapassada.
Ele acrescentou que uma alta pontual não será suficiente para derrubar o setor. "Se cabe no bolso do consumidor e a mensalidade compensa na comparação com o aluguel, o mercado vai continuar funcionando".
25 de novembro 2024
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