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Valor
26/07/2013 13h14
Em 2009, a empresa lançou seu primeiro inventário de emissões de gases de efeito estufa. Dois anos depois, foi a vez de criar uma bolsa de resíduos, com foco na gestão dos materiais usados. Em 2013, os gestores se debruçaram para criar o Plano Água, cujo objetivo é reduzir em 20%, até 2020, sua pegada hídrica. "A meta é agressiva e envolverá várias ações, de desenvolvimento de novas tecnologias ao maior reúso e tratamento de água para fins industriais", diz Dalton Avancini, presidente da construtora, cujo consumo chegou a 10 milhões de metros cúbicos em 2012. O plano de gestão estratégica hídrica, certificado por uma auditoria internacional, prevê metas anuais de diminuição do uso de água nas obras próprias.
Para determinar a met
...Em 2009, a empresa lançou seu primeiro inventário de emissões de gases de efeito estufa. Dois anos depois, foi a vez de criar uma bolsa de resíduos, com foco na gestão dos materiais usados. Em 2013, os gestores se debruçaram para criar o Plano Água, cujo objetivo é reduzir em 20%, até 2020, sua pegada hídrica. "A meta é agressiva e envolverá várias ações, de desenvolvimento de novas tecnologias ao maior reúso e tratamento de água para fins industriais", diz Dalton Avancini, presidente da construtora, cujo consumo chegou a 10 milhões de metros cúbicos em 2012. O plano de gestão estratégica hídrica, certificado por uma auditoria internacional, prevê metas anuais de diminuição do uso de água nas obras próprias.
Para determinar a meta, a construtora realizou seu primeiro inventário de utilização de água, em 2009, na obra da usina hidrelétrica de Batalha, na divisa entre os Estados de Goiás e Minas Gerais. Após meses de trabalho e com base em parâmetros da entidade holandesa Water Footprint Network, a equipe da empresa constatou que os processos de produção, principalmente na cura e fabricação do concreto, respondem por cerca de 50% do total da água consumida. Outros 30% se referem a atividades nos canteiros, alojamentos, escritórios. Cerca de 20% estão no consumo de ações de apoio industrial.
A partir desse relatório se verificaram ações e boas práticas que já eram adotadas nos empreendimentos e poderiam ser reforçadas, além de pontos a ser aperfeiçoados. Por exemplo, na fase de produção, o potencial de redução total do consumo é de 14,3%. Diante dos dados coletados, a empresa criou metas de curto, médio e longo prazo. A concretagem de uma barragem ou de um túnel de metrô é um dos processos que mais gastam água. Portanto essa etapa terá atenção especial. Investir em novas tecnologias será um dos focos. "Estamos conversando com potenciais fornecedores, queremos parcerias de longo prazo. Na cura de concreto, podemos usar mantas, o que exige menos água."
Nos canteiros, a empresa vai reforçar o uso de sistemas de captação de água de chuva, sendo que todos os novos canteiros de obras usarão esses equipamentos. "O custo de aquisição desses equipamentos, que podem ser mais caros, será compensado ao longo dos anos, ainda mais porque o cenário tende para a cobrança do uso de água, ou seja, esse plano permite que nos antecipemos a isso", diz o executivo. Nas zonas urbanas, a questão hídrica está cada vez mais presente nas discussões de prefeitos e governadores. Para abastecer São Paulo, novos sistemas de captação de água têm buscado o insumo a 70 km da capital paulista. Hoje ligações de empreendimentos são gratuitas em muitos casos, o que no médio prazo deverá ser mudado. Em paralelo, em algumas bacias hidrográficas pelos quatro cantos do país, a discussão da cobrança pelo uso da água começa a ganhar voz. A cobrança pelo uso da água nas bacias é um dos instrumentos de gestão criados pela Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída em 1997. "Há uma tendência de que no médio prazo os clientes públicos irão cobrar pelo uso de água, o que pode ocorrer tanto nas áreas urbanas, quanto nas bacias. Assim ficamos mais preparados", diz Avancini.
Ao criar o plano, que além de ações próprias também terá iniciativas com as comunidades ao redor dos empreendimentos, e divulgar seus resultados no relatório anual, apontando como as metas serão cumpridas e se estarão sendo atingidas, a construtora também busca se posicionar de forma diferenciada no setor. "Queremos ser cada vez mais vistos como fonte de desenvolvimento e não de problemas, o que nos posicionará de forma diferenciada, em um momento em que as exigências ambientais estão ganhando cada vez mais importância, seja entre clientes públicos ou privados aqui no Brasil ou no exterior", diz o executivo. As metas de redução de água, que serão acompanhadas periodicamente pela área de sustentabilidade da construtora, estarão incluídas a partir do próximo ano nos itens que integram a remuneração variável dos executivos, que desde a década passada já incorpora outros critérios de sustentabilidade.
No plano de gestão hídrica, a construtora também desenhou três cenários em que a maioria dos seus empreendimentos está inserida. Assim podem ser traçadas ações para a redução no uso do insumo em cada um deles.
O primeiro é o de escassez, mais visto em zonas urbanas, em que o insumo é cada vez mais difícil de ser captado, o que exige uso maior de sistemas de captação de chuva, reúso de água. No segundo está o cenário de abundância, como nas áreas em que são construídas as grandes barragens de hidrelétricas, em que terá de ser redobrado o esforço em processos de fabricação de concreto com menor consumo de água e tratamento de efluentes dos refeitórios em todos os empreendimentos. No terceiro, o cenário é de conflito, visto em áreas da África em que a água é escassa e é preciso muito cuidado para que sejam criadas soluções para reduzir ao mínimo possível a inferferência nos sistemas hídricos.
Bons exemplos serão reforçados. Nas obras da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária, no Paraná, por exemplo, a água das chuvas é captada e direcionada para um depósito, sendo reaproveitada na limpeza geral das áreas administrativas e nas descargas dos vasos sanitários. Ainda foi criado um lava-botas, usado na limpeza das calçados dos profissionais. Nos empreendimentos em que a construtora participa por meio de consórcios, a empresa buscará influenciar a preocupação com os recursos hídricos nas discussões com os integrantes do grupo.
A maior preocupação ambiental coincide com a discussão cada vez mais presente na sociedade em relação ao impacto das grandes obras, sejam em áreas urbanas densamente povoadas, sejam em áreas mais afastadas. Um dos focos tem sido a área de energia elétrica, em que cerca de 70% do potencial hidrelétrico está na região Amazônica, que nos últimos anos têm recebido usinas hidrelétricas a fio d"água, com reservatórios menores e que reduzem a armazenagem de energia elétrica.
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