MERCADO
El País
06/02/2020 11h00 | Atualizada em 06/02/2020 13h04
Depois de 10 dias de intenso trabalho, o prefeito de Wuhan (China), Zhou Xianwang, entregou no dia 3 de fevereiro à equipe médica do Exército Popular as chaves do novo hospital, o Wuhan Volcan, para atender à emergência de saúde do coronavírus.
No dia 4 de fevereiro foram recebidos os primeiros pacientes. As imagens de sua construção deram a volta ao mundo como um exemplo de determinação e poder.
Por mais que surpreenda a velocidade da execução da obra, o hospital mastodôntico não é nenhum prodígio da tecnologia.
"Reproduziram a técnica norte-americana de construção.
...Depois de 10 dias de intenso trabalho, o prefeito de Wuhan (China), Zhou Xianwang, entregou no dia 3 de fevereiro à equipe médica do Exército Popular as chaves do novo hospital, o Wuhan Volcan, para atender à emergência de saúde do coronavírus.
No dia 4 de fevereiro foram recebidos os primeiros pacientes. As imagens de sua construção deram a volta ao mundo como um exemplo de determinação e poder.
Por mais que surpreenda a velocidade da execução da obra, o hospital mastodôntico não é nenhum prodígio da tecnologia.
"Reproduziram a técnica norte-americana de construção. São especialistas em imitação e em reduzir prazos", diz o arquiteto Ramón Araujo, diretor do Mestrado em Construção e Tecnologia da Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madri (ETSAM) e autor, entre outras obras, do Hospital Infanta Leonor, em Madri.
"O que realmente é admirável é sua iniciativa, sua vitalidade e sua capacidade de organização com um volume enorme de mão de obra. Mas, repito, não há nenhuma novidade", diz ele.
Situado a cerca de 25 quilômetros da zona metropolitana, em uma área de 34.000 metros quadrados (cinco vezes o estádio Bernabéu), o Hospital Wuhan Volcan foi construído seguindo o modelo do Hospital de Xiaotangshan, erguido em Pequim em apenas sete dias durante a epidemia de Sars, em 2003, e que foi fundamental no controle e tratamento do surto.
O Wuhan Volcan vai acolher os afetados pelo vírus, que já somam, até o momento, cerca de 14.380 pessoas. Morreram mais de 300. Para concluir a obra, dezenas de guindastes trabalharam dia e noite, num esforço que envolveu milhares de trabalhadores na montagem das peças.
O sistema de construção é o mesmo de um prédio de escritórios europeu, observa Araujo.
"São estruturas metálicas pré-fabricadas unidas por parafusos. É possível erguer um andar por dia. Só é preciso colocar os módulos (fachadas e blocos internos) que vêm completamente montados, com as janelas e as instalações. Não colocam tijolo por tijolo. É a coisa mais próxima da montagem de vagões de trem", explica ele.
Uma técnica baseada na industrialização e fabricação em série, e que não é estranha ao mundo ocidental. "É o que foi feito nos anos 60 e 70 para reerguer a Europa após a Segunda Guerra Mundial”, afirma o arquiteto.
Também é um sistema comum na construção de hospitais militares e de campanha para organizações como o ACNUR ou a FAO, conforme explica o arquiteto Ginés Garrido, cofundador da empresa Burgos & Garrido, vencedora do projeto de reforma do hospital de La Paz, em conjunto com o estúdio MAPA.
“Não é nenhuma novidade, o Exército emprega esse sistema há muito tempo. É uma solução rápida, porque os elementos podem ser transportados por helicóptero e depositados em qualquer área.”
Garrido tem uma longa experiência em arquitetura hospitalar e os prazos aqui tratados diferem amplamente.
“O habitual é levar de seis a sete anos para concluir um hospital. Primeiro, você precisa avaliar os meios de que dispõem hospitais próximos, para não duplicar os serviços. Esse levantamento pode levar um ano. Depois, é necessário planejar a obra; isso leva mais dois anos. Quando já se tem clareza do que se necessita, então um escritório é encarregado do projeto. Essa etapa pode ser prolongada por mais um ano ou um ano e meio. Finalmente, chega a fase da execução, que pode levar mais três ou quatro anos”, avalia Garrido, que também é professor titular no Departamento de Projetos Arquitetônicos na ETSAM e fez o projeto do Madrid Río, entre outros.
Essa notável diferença nos prazos se explica, segundo Araujo, pela falta de interesse da Espanha em acelerar o processo. "Aqui ocorre bem o oposto: correr além da conta não interessa de modo algum porque se perde dinheiro. Não é um bom negócio ir mais rápido que os bancos e a Administração. Demoramos para construir porque o processo burocrático é insano, não porque tecnicamente não sejamos capazes", argumenta.
Para Garrido, o importante é “garantir que esse tipo de edifício seja padronizado”. Se há um modelo de hospital que funciona, deveria ser repetido, aperfeiçoado cada vez mais. E quando o modelo estiver suficientemente testado, sua construção passa a ser industrializada. Isso reduziria bastante os custos e prazos.
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