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Com falta de obras, construtoras médias miram em concessão

A combinação de falta de obras públicas, atraso nos pagamentos e crise das grandes empreiteiras, quase todas envolvidas na Lava-Jato, abriu espaço para construtoras de médio porte ocuparem um novo mercado

Valor Econômico

07/04/2016 00h11


A combinação de falta de obras públicas, atraso nos pagamentos e crise das grandes empreiteiras, quase todas envolvidas na Lava-Jato, abriu espaço para construtoras de médio porte ocuparem um novo mercado: o das concessões de infraestrutura, no qual geralmente atuam como empreiteiras subcontratadas.

A BC2 Construtora, especializada na prestação de serviços de manutenção e conservação de rodovias, tem intenção de estrear em concessões de rodovias - federais ou estaduais. A ideia é ter uma participação minoritária em consórcio com outras construtoras ou fundos de investimentos.

"As médias empresas têm possibilidade de ter custo operacional menor, porque têm estruturas mais enxutas", diz o presidente e acionista majoritário

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A combinação de falta de obras públicas, atraso nos pagamentos e crise das grandes empreiteiras, quase todas envolvidas na Lava-Jato, abriu espaço para construtoras de médio porte ocuparem um novo mercado: o das concessões de infraestrutura, no qual geralmente atuam como empreiteiras subcontratadas.

A BC2 Construtora, especializada na prestação de serviços de manutenção e conservação de rodovias, tem intenção de estrear em concessões de rodovias - federais ou estaduais. A ideia é ter uma participação minoritária em consórcio com outras construtoras ou fundos de investimentos.

"As médias empresas têm possibilidade de ter custo operacional menor, porque têm estruturas mais enxutas", diz o presidente e acionista majoritário da BC2, Bruno Britto. Em princípio, os projetos que interessam são os de rodovia, mas não só, diz. Tudo vai depender de como saírem os editais. "Vamos analisar todos. Com a crise da Lava-Jato, as grandes estão recuando", afirmou.

A BC2 faturou R$ 90 milhões em 2015 e deve crescer 30% neste ano. No fim de março vendeu 40% de seu capital para a Vivante, dos fundos de investimento Axxon e Marceau Finance. O dinheiro entrará na BC2 via aporte de recursos que pode chegar a R$ 100 milhões nos próximos cinco anos, para financiar o crescimento.

A MGO Rodovias, concessionária que administra 436,6 quilômetros da BR-050, entre Goiás e Minas Gerais, deve disputar a licitação da BR-364/365, de Jataí (GO) a Uberlândia (MG), trecho de cerca de 440 quilômetros com sinergia com sua rodovia. "Temos todo interesse, estamos olhando essa e em princípio uma paulista", disse ao Valor  o presidente Helvécio Soares. A concessão da BR-364/365 está em fase de análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o leilão deve acontecer ainda neste ano.

A experiência da MGO é frequentemente citada como modelo bem-sucedido de entrada de empreiteiras médias no ramo das concessões. Dos nove acionistas, apenas a Senpar tinha experiência em concessão rodoviária. Eles se juntaram para disputar a licitação federal da BR-050 em 2013. Venceram ao ofertar um desconto de 42,38% sobre o valor máximo previsto na tarifa de pedágio.

"Agora eles têm um atestado de operação forte. Esse modelo de várias empresas se juntarem e eventualmente 'bidarem' uma operação deve ser replicado daqui pra frente", acredita Rosane Lohbauer, sócia da área de infraestrutura do Madrona Advogados.

No meio de 2015 a Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) abriu um programa de incentivo à formação de grupos de empresas pequenas e médias para disputar concessões.

Apeop criou programa para capacitar médias e pequenas empresas para disputar leilões de vários tipos de concessões.

"As empresas estão sem obras, mas trabalhando nesses projetos estruturados. Tem um grupo estudando a rodovia do Frango [federal], um segundo as quatro licitações de rodovias do governo de São Paulo e um terceiro os cinco aeroportos regionais paulistas. Estamos incentivando as empresas a fazerem isso porque é a única saída pelos próximos dois, três anos. Não tem mais dinheiro", diz Luciano Amadio, presidente da Apeop.

O programa começou com 79 grupos formados por empresas com faturamento anual entre R$ 40 milhões e R$ 400 milhões para estudar 35 possibilidades de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), sobretudo em saneamento, rodovias, metrô e aeroportos. Hoje, são 18 grupos, sendo cinco em estágio mais adiantado. Enquanto nenhum edital para essas áreas dos programas de Investimentos em Logística (PIL) e de concessões paulistas é lançado, um deles deu o primeiro passo.

A construtora Ecopav, a gestora de frotas veiculares Uzêda Comércio e Serviços, e a estruturadora de negócios L3 Participações protocolaram um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) no governo do Estado de São Paulo para fazer os estudos para abertura de uma licitação de implantação de 25 pátios veiculares no Estado. O projeto prevê também a prestação de serviços de remoção e guarda de veículos irregulares.

"O objetivo é sair dos projetos intangíveis para os tangíveis, de longo prazo", afirma o diretor de PPP da Ecopav, Marcio Natel. A empresa paulista fatura R$ 120 milhões. Com 25 anos, o grupo atua em obras públicas, saneamento ambiental e locação de equipamentos, com projetos em vários Estados, como Paraná, Bahia e Pará. Nos próximos dias outro grupo vai apresentar uma PMI propondo abertura de estudos para a iniciativa privada assumir a operação de uma linha da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

O desafio é fazer com que as empresas acostumadas ao imediatismo da obra - "construiu, recebeu" - comecem a pensar no negócio de longo prazo.

"É uma cultura nova para o setor. As pequenas e médias têm a cultura da obra, não do empreendimento. Não são acostumadas a contratos de longo prazo. Mas estão se mobilizando", explica Walter Badra, responsável pelo programa na Apeop. Para ele, a crise fiscal e a lacuna aberta pela Lava-Jato apenas aceleraram um movimento que já estava dado. "Lá atrás as empresas já conseguiam perceber que o Estado não teria condições de fazer tudo", afirmou.

 

 

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