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Valor Econômico
22/04/2013 11h51
A 120 km da mina da Vale em Moatize, outra empresa brasileira se prepara para uma difícil missão de reassentamento de famílias.
Será um investimento total de US$ 5 bilhões, quase a metade do PIB moçambicano, na segunda maior usina do país e em um sistema de transmissão de 1.500 km integrando o norte ao sul. Para isso, a empresa terá de remover 400 famílias.
"Vamos sofrer se tivermos que sair daqui, tiramos tudo do rio", diz Razia Alberto, 35. Seu marido é pescador, e ela e os quatro filhos vivem da plantação de milho e da venda de peixe, que rende o equivalente a US$ 3 por dia.
"Todos os meus antepassados viveram aqui", diz Razia, cujo irmão morreu atacado por um crocodilo quando estava buscando água no rio. "Não
...A 120 km da mina da Vale em Moatize, outra empresa brasileira se prepara para uma difícil missão de reassentamento de famílias.
Será um investimento total de US$ 5 bilhões, quase a metade do PIB moçambicano, na segunda maior usina do país e em um sistema de transmissão de 1.500 km integrando o norte ao sul. Para isso, a empresa terá de remover 400 famílias.
"Vamos sofrer se tivermos que sair daqui, tiramos tudo do rio", diz Razia Alberto, 35. Seu marido é pescador, e ela e os quatro filhos vivem da plantação de milho e da venda de peixe, que rende o equivalente a US$ 3 por dia.
"Todos os meus antepassados viveram aqui", diz Razia, cujo irmão morreu atacado por um crocodilo quando estava buscando água no rio. "Não sabemos o que vamos fazer da vida se formos levados para longe do rio", diz ela em nhungue, a língua local.
A Camargo ganhou a concessão para o projeto da Mphanda Nkuwa em 2007, com as empresas locais Insitec e Eletricidade de Moçambique. O plano era começá-lo no início deste ano, mas foi adiado para janeiro de 2015.O maior obstáculo é assegurar financiamento o crédito depende de um contrato de fornecimento da energia. O governo está negociando com a África do Sul e com outros países. "Trata-se de uma negociação longa e difícil, e garantir a venda da energia é essencial para pôr o projeto de pé", diz André Clark, vice-presidente da área internacional da construtora.
A empresa está gastando US$ 3,5 milhões com a preparação para o reassentamento, com treinamento, pesquisas de campo e outras atividades. A usina já recebeu uma licença ambiental provisória a definitiva sai depois de pronto o plano de reassentamento, regra adotada após o caso da Vale.
"Estamos nos preparando muitos anos antes de efetivamente iniciar o processo", disse Clark. A Camargo também terá de fazer obras de infraestrutura, como estradas.
"A comunidade vive da pesca, da venda de peixe fresco e óleo de peixe e das machambas (áreas de plantações)", diz Leonildo Mussanhane, da ONG Vozes do Zambeze. "Essas pessoas precisam continuar tendo acesso ao rio."
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