Os investimentos em canteiro de obras no Brasil, entre comercial, residencial e industrial, recuaram 6,8% no primeiro semestre, somando US$ 396,7 bilhões. O valor, segundo empresários e analistas, já sinaliza uma queda de até 10% no ano, o que deve culminar com falência de muitas pequenas e médias empresas.

De acordo com um estudo da consultoria ITC, obtido com exclusividade pelo DCI, a maior queda de investimentos foi verificada na área residencial, com redução de 25% nos aportes, passando de R$ 30,65 bilhões em 2014 para US$ 22,97 bilhões. "Pior do que investir menos é começar a investir, acabar o dinheiro e parar a obra pela metade", diz o professor de macroeconomia da UFRJ, Moacir Rottemberg.

Exemplo dessa dificuldade é a construtora mineira Vale Verde. A empresa tinha feito o lançamento de quatro residenciais em 2012, mas precisou parar a obra por falta de dinheiro. "Estamos com 70% da obra finalizada, mas há grande dificuldade de vender os imóveis e conseguir crédito para finalização. Se não houver solução em dois meses, teremos que rever o plano de negócio", disse o presidente da empresa, Julio Gadoni, que já trata com advogado as formas de lidar com a situação.

Obras industriais

O momento ruim da indústria também acertou em cheio os canteiros. Em meio a demissões e corte de produção, os industriais cancelaram investimentos. "Tínhamos um contrato pré-firmado com uma grande indústria de alimentos, mas o aporte foi interrompido em função da economia", diz o sócio diretor da Construpar, Eloídio Marcos Sá.

Conforme balanço do ITC, o investimento em obras industriais caíram 11,6% de janeiro a junho, ante igual período de 2014, somando US$ 121,35 bilhões. Entre imóveis comerciais, o recuo foi menor, 2,03%, com aportes de US$ 252,38 bilhões. "A queda só não foi pior devido a aportes do governo em obras viárias", diz a diretora do ITC, Viviane Guirao.