Mercado
Isto É dinheiro
28/03/2011 15h14 | Atualizada em 28/03/2011 18h31
Ao ganhar um contrato de fornecimento de 168 carros para o metrô de Chennai, na Índia, a multinacional francesa Alstom já tinha pronta sua estratégia: o design e a fabricação das dez primeiras composições serão feitos em sua fábrica no bairro da Lapa, em São Paulo.
Depois, pelas exigências de 70% de nacionalização do produto indiano, começa a construção dos vagões naquele país, mas com importação parcial de componentes da China. O custo dos trens será 20% mais baixo que o similar ocidental.
Esse é um bom exemplo da mudança dentro da Alstom, que está passando de uma multinacional historicamente concentrada em mercados desenvolvidos para uma empresa que tem a m
...Ao ganhar um contrato de fornecimento de 168 carros para o metrô de Chennai, na Índia, a multinacional francesa Alstom já tinha pronta sua estratégia: o design e a fabricação das dez primeiras composições serão feitos em sua fábrica no bairro da Lapa, em São Paulo.
Depois, pelas exigências de 70% de nacionalização do produto indiano, começa a construção dos vagões naquele país, mas com importação parcial de componentes da China. O custo dos trens será 20% mais baixo que o similar ocidental.
Esse é um bom exemplo da mudança dentro da Alstom, que está passando de uma multinacional historicamente concentrada em mercados desenvolvidos para uma empresa que tem a maior parte do faturamento nos mercados emergentes.
Do total de encomendas entre abril e dezembro do ano passado, no valor de E 12,5 bilhões, 60% vieram de países em desenvolvimento. Esta será uma nova realidade duradoura e não se trata apenas de uma consequência de curto prazo da crise internacional, acredita Ghislain Lescuyer, vice-presidente sênior corporativo de estratégia e desenvolvimento da Alstom.
“Temos que nos adaptar às novas regras do jogo, e isso significa mudar a oferta de produtos até investir nos locais certos”, disse Lescuyer. A prioridade no investimento é dada aos Brics, sigla usada para denominar Brasil, Rússia, Índia e China.
Não por acaso, a multinacional investiu no Brasil R$ 165 milhões nos últimos 18 meses na expansão de sua capacidade produtiva. O investimento mais recente é a construção da fábrica de equipamentos para geração de energia eólica em Camaçari, na Bahia, que deve ficar pronta este ano e já tem pedidos de E 200 milhões em carteira.
“Queremos estar em todos os novos projetos de infraestrutura no País e crescer nas três áreas em que atuamos de equipamentos para geração e transmissão de energia e transporte”, afirmou à DINHEIRO Philippe Delleur, presidente da Alstom no Brasil.
A Alstom ganhou contratos de fornecimento de turbinas para as três grandes hidrelétricas da região Amazônica – Jirau, Santo Antônio e Belo Monte.
Atualmente, Patrick Kron,CEO mundial da Alstom, negocia com as grandes construtoras uma participação na licitação do trem-bala brasileiro, que poderá render vendas de até R$ 3 bilhões. O Brasil representa cerca de 8% da receita do grupo.
As mudanças na demanda mundial afetam o leque de produtos de acordo com novas necessidades nos países consumidores. Na área de transportes, é necessária uma maior diversificação dos itens de conforto e tecnologia em trens urbanos e metrô.
Cresce o interesse por produtos intermediários, chamados no jargão da indústria de “bons o suficiente”. Metrópoles como Bogotá e Cidade do México optaram por eles, assim como as francesas Nantes e Besançon. São Paulo tem equipamentos considerados top de linha; Rio de Janeiro e Bangkok escolheram modelos mais básicos.
No segmento de equipamentos e sistemas para transmissão de energia está crescendo a demanda pelas redes de grande extensão. A companhia herdou depois da aquisição da Areva o contrato do linhão do Madeira, entre Porto Velho e Araraquara.
Só na China serão investidos E 70 bilhões nos próximos dez anos nas redes e sistemas para transmissão de energia. Na área de geração, o interesse por equipamentos para usinas térmicas vem caindo e a Alstom está reforçando os investimentos em renováveis, principalmente geradores eólicos, e tecnologias de captura de carbono.
Os concorrentes também são novos. A Alstom não enfrenta mais apenas as tradicionais Siemens, ABB, GE e Toshiba. Agora, a briga inclui novas empresas asiáticas, principalmente chinesas, que estão se globalizando e incomodam o gigante francês.
“Estamos enfrentando concorrentes que se beneficiam de mercados fechados e têm acesso a amplo financiamento do Estado”, diz Lescuyer.
Uma solução são parcerias com fabricantes locais: duas novas joint ventures na China, sete na Rússia e duas na Índia. No Brasil, o grupo francês tem sete unidades industriais próprias e só uma em parceria, a Imma, em sociedade com a paulista Bardella.
Outra saída é investir mais em pesquisa e desenvolvimento. Neste ano, a Alstom deve desembolsar cerca de E 1 bilhão em P&D, praticamente o dobro de cinco anos atrás. “São as novas tecnologias e a presença local que nos farão ganhar”, afirma o CEO Kron.
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