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Revista GC - Ed.68 - Abril 2016
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Concreto Hoje

World of Concrete mostra a força do mercado norte-americano de concreto

Setor não para de crescer nos EUA e os players apostam em tecnologias de automação para ampliar produtividade e relação custo/benefício na produção e distribuição de concreto.
Por Rodrigo Conceição Santos

Em 2015, os EUA consumiram 106,7 milhões de toneladas de cimento. Para 2016 a estimativa é que esse volume cresça 5%. Os dados foram apresentados pela pesquisa “Cement Market 2015 Performance”, realizada anualmente pela America’s Cement Manufacturers (PCA) e onde também está a previsão de mais crescimento para 2017, projetado em 5,7% sobre 2016. Prevendo ainda o avanço desse mercado pelo menos até 2020 nos EUA, a PCA foi um termômetro do clima positivo vivido pelos participantes da World of Concrete (WOC), Feira realizada de 2 a 5 de fevereiro em Las Vegas (EUA).

Nesta última edição, a World of Concrete (WOC) teve mais de 60,1 mil profissionais registrados na edição de 2016. Esse volume é 8% superior aos cerca de 55,7 mil registrados na edição do ano anterior. Parte dessas pessoas representou as mais de 1,5 mil empresas expositoras do evento, que formaram, segundo os organizadores, a maior edição da feira nos últimos sete anos. “Nós estamos muito satisfeitos com o crescimento apresentado em todas as categorias


Em 2015, os EUA consumiram 106,7 milhões de toneladas de cimento. Para 2016 a estimativa é que esse volume cresça 5%. Os dados foram apresentados pela pesquisa “Cement Market 2015 Performance”, realizada anualmente pela America’s Cement Manufacturers (PCA) e onde também está a previsão de mais crescimento para 2017, projetado em 5,7% sobre 2016. Prevendo ainda o avanço desse mercado pelo menos até 2020 nos EUA, a PCA foi um termômetro do clima positivo vivido pelos participantes da World of Concrete (WOC), Feira realizada de 2 a 5 de fevereiro em Las Vegas (EUA).

Nesta última edição, a World of Concrete (WOC) teve mais de 60,1 mil profissionais registrados na edição de 2016. Esse volume é 8% superior aos cerca de 55,7 mil registrados na edição do ano anterior. Parte dessas pessoas representou as mais de 1,5 mil empresas expositoras do evento, que formaram, segundo os organizadores, a maior edição da feira nos últimos sete anos. “Nós estamos muito satisfeitos com o crescimento apresentado em todas as categorias da feira, incluindo número de expositores (que foi de 300 empresas a mais que na edição anterior), número de visitantes (8% superior), o crescimento da quantidade de seminários em 6%, etc.”, avalia Tom Cindric, vice-presidente da Informa Exhibitions, a empresa que organiza a WOC.

“Em 2015, o crescimento do mercado cimenteiro foi menor do que o crescimento da indústria da construção, que chegou a 6,1% nos EUA”, diz Edward Sullivan, vice-presidente e economista-chefe da PCA. “Porém, isso ocorreu principalmente para equilibrar o incremento acima do esperado em 2014, quando o setor cimenteiro avançou 8,4% sobre o ano anterior”, completa.

Segundo Sullivan, há um conjunto de fatores favoráveis nesse mercado atualmente e o primeiro ponto é o crescimento do Produto Interno Bruto, de 2,4% em 2014 e também em 2015. Para este ano, a projeção é que o PIB norte-americano avance 2,6%. “A recessão de 2008 e 2009 atingiu duramente o emprego na construção civil, com 2,9 milhões de trabalhadores demitidos nos EUA, o que também envolveu quase 30% do emprego nesse setor. Hoje, esses números de crescimento são, ainda, uma trajetória de recuperação do mercado”, diz.

Graduando que o ciclo de recuperação da construção é mais longo do que o da economia, o especialista avalia que os EUA estariam 20% abaixo do pico cíclico de crescimento registrado em 2005. “A vantagem desse período é que a recessão geralmente, impulsiona o desenvolvimento tecnológico, mas temos de ponderar que os desempregados não têm acesso a isso”, diz.

Clima otimista

Mesmo com as ponderações da PCA, o clima na World of Concrete foi de otimismo. E isso foi demonstrado principalmente pelos grandes players de tecnologia e equipamento para mercado que expuseram durante a feira. A começar pela Schwing-Stetter, uma das poucas expositoras que tinham um brasileiro no seu corpo de engenheiros dedicados à demonstração de produtos. “Uma das nossas novidades em distribuição de concreto industrializado é o Tremig Boom, que consiste na adaptação em bombas-lança de concreto para realizar concretagem de fundações”, diz Luiz Polachini, gerente comercial para a América Latina.

Nesse equipamento, ele explica, é retirada a última seção da lança para balancear a equação de peso e depois instala-se uma tubulação metálica rígida na vertical, em direção do solo.

Na WOC, a unidade norte-americana da Schwing-Stetter (que é praticamente o dobro da brasileira, com 350 funcionários atualmente) demonstrou uma bomba-lança de 36 toneladas e na qual foi instalada uma tubulação de fundação de 10 metros de extensão. “A operação é muito simples: essa tubulação é introduzida na perfuração, feita previamente no solo. O concreto vai sendo depositado e a tubulação vai erguendo de acordo com a concretagem”, explica ele.

Automação é o futuro

Apesar do destaque ao Tremig Boom, as grandes apostas da feira – inclusive na Schwing-Stetter – estavam relacionadas com sistemas de automação para os equipamentos de produção e distribuição de concreto. No caso da fabricante alemã, a busca por uma forma de atender às normas americanas de produção e mistura de concreto levou a engenharia da empresa a “amarrar sistemicamente” todo o ciclo de mistura do balão da auto-betoneira, uma demanda que gerou a solução SCT.

Ficando entre as finalistas do prêmio de inovação da World of Concrete, a solução necessita apenas de um “play” do operador para começar a controlar tudo que acontece durante a mistura do concreto na betoneira. “Após acionado o SCT, o balão, ainda parado, começa a girar na rotação ideal para a qualidade da mistura do concreto, de acordo com o que rege a normatização norte-americana”, diz Luiz Polachini. “Mas, quando o caminhão começa a andar, a tecnologia ajusta automaticamente essa rotação de acordo com o tempo previsto para a viagem”, completa.

Outro exemplo operacional ocorre quando o caminhão está subindo uma ladeira. Nessa circunstância, não é incomum que o concreto caia para fora do balão, gerando desperdício e todos os problemas de limpeza urbana e ambientais atrelados a isso. “Novamente, o sistema, automaticamente, entra em ação, jogando, nesse caso, a mistura mais para o fundo do balão, a fim de evitar o derramamento”, explana Polachini.

Pelo fato de fazê-los girar somente o necessário, a Schwing-Stetter mediu que os balões podem durar até duas vezes mais ao não sofrerem desgaste excessivo em suas paredes. “Além disso, a homogeneidade da mistura é garantida de acordo com as normas e ainda é possível economizar até 15% de combustível, em comparação à operação tradicional e sem controle”, completa o executivo.

Ainda no que tange automação, a Topcon usou a expertise dos mercados de tecnologia da informação e telecomunicações para melhorar a operação de tratores de esteiras. Sabendo das aplicações de controle operacional, nas quais  mastros posicionados na lâmina do trator emitem informações para um prisma gerenciar o nivelamento da terraplanagem e outros predicados do equipamento, a empresa resolveu tornar esse processo mais wireless. “Então criamos a novidade, que consiste em fazer isso sem a necessidade de mastros e de cabos ligando-os ao equipamento”, diz Jamie Williamson, vice-presidente executivo e gerente geral da Topcon Precision Automation. Segundo ele, isso é melhor para a visibilidade do operador e para a segurança da operação em locais onde os cabeamentos podem, por exemplo, enroscar com objetos externos.

Denominada 3D-MC, a tecnologia utiliza o sinal de GPS para fazer o prisma e as informações são enviadas diretamente de sensores posicionados de forma estratégica embaixo das esteiras e do lado da lâmina.

Os dados são enviados para o display do sistema, que fica na cabine e oferece informações em forma de letras, figuras e gráficos ao operador. “Esse sistema é resultado do nosso entendimento sobre a evolução do mundo da construção e do nosso foco em melhorar os algoritmos inteligentes no firmware e no software para incrementar produtividade”, diz Williamson. “O benefício dela é uma integração clara do operador dentro da cabine, de modo que ele não precise instalar e remover mastros, antena e cabos diariamente”, completa ele.

Já a Eaton, que é parceira de players como a própria Schwing-Stetter no fornecimento de componentes de motorização, também apostou na automação como futuro certo no setor de equipamentos para produção e distribuição de concreto. Ela apresentou, durante a WOC, o Omnex Truested, que consiste na emissão de dados por rádio frequência para operação de máquinas.

O sistema é dotado de transmissores de controle móvel para operação à distância, e de receptores, que vão nos equipamentos e possuem algumas características de proteção para resistir a operações mais pesadas, como as que demandam concreto. Assim, a empresa acredita que há um extenso campo de aplicação em equipamentos como bombas-lança de concreto, com as quais seria possível a operação à distância, provendo segurança e produtividade.

Segundo Moe Dais, gerente de linha de produtos da Eaton, as soluções para controle de operação à distância têm ganho mercado mundialmente por reduzir a exposição dos operadores a riscos de acidentes e por permitir melhor gerenciamento do usuário fora da cabine do equipamento. “O Omnex tem sido bastante usado nos mercados de mineração e construção, principalmente em guindastes móveis, empilhadeiras e máquinas da linha amarela de construção”, diz.

Oportunidades

O clima de otimismo vivido na World of Concrete, de fato, em nada se assemelha aos últimos meses do mercado brasileiro, onde os números de produção, vendas e emprego vêm caindo constantemente. Todavia, há, nesse conjunto de informações, pontos positivos que podem ser aproveitados pela indústria brasileira. E eles vão além do ingresso de empresas e tecnologias para o mercado americano de construção.

O Brasil, que tem uma indústria cimenteira forte e tradicional – não é por menos que o país ocupa a quarta posição entre os maiores consumidores de cimento do mundo, com 73 milhões de toneladas consumidas em 2015 e imediatamente atrás dos EUA, que são os terceiros maiores consumidores – pode se posicionar como forte exportador para o mercado norte-americano.

Afinal, além do câmbio favorável para exportação, a PCA estima que, até 2020, mais de 20% desse insumo consumido nos EUA será importado. No ano passado, os EUA importaram menos de 10% dos 106 milhões de toneladas de cimento que consumiram e a sua indústria registrou 76,5% de ocupação da capacidade produtiva. “Até 2020, a indústria deve operar com pelo menos 82% de sua capacidade e o crescimento da importação será inevitável, para suprir a demanda do mercado”, conclui Edward Sullivan, da PCA.

Construction Expo terá pavilhão da Woc

A Sobratema e a World of Concrete (WOC) firmaram parceria para a instalação de um pavilhão exclusivo da Feira americana durante a realização da Construction Expo 2016, a ser realizada de 15 a 17 de julho deste ano, no São Paulo Expo, em São Paulo. Com o acordo, o pavilhão capitaneado pela World of Concrete deve apostar na mostra de tecnologia e inovação para o segmento de concreto, com a apresentação de estudos de casos envolvendo a aplicação de concreto em obras de infraestrutura nos Estados Unidos.

Um dos pontos altos do World of Concrete Pavilion será a realização de um ciclo de palestras, integrado ao Construction Congresso, com o objetivo de promover uma nova ponte de intercâmbio entre os profissionais brasileiros e estrangeiros da área de concreto.

Outro reforço do segmento de concreto é a inclusão dos fabricantes dessa categoria no estudo que a Sobratema realiza anualmente, sobre o mercado de equipamentos. As projeções desse ano indicam que também nessa área haverá uma retração nas vendas: 53% para caminhões betoneiras, 37,5% para caminhões bomba/concreto e 21,5% para bombas de concreto.

 

 

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