Além de custar até 30% menos que os convencionais, os tijolos ecológicos não passam pelo processo de queima nem emite os gases liberados nas olarias
Um tijolo produzido com a adição de resíduos de construção e demolição reciclados é alternativa ecológica que pode gerar ganhos para a sociedade. Além de custar de 25% a 30% menos que os tijolos convencionais, esse produto não precisa passar pelo processo de queima nem emite os gases comumente liberados na fabricação de tijolos em olarias. Os resíduos reciclados são triturados e utilizados na correção granulométrica, para garantir melhores propriedades ao material.
A porcentagem máxima em que o agregado reciclado pode substituir o natural é determinada em função de algumas propriedades do material reciclado, como classe de resistência, tipo de aplicação e densidade. De acordo com um trabalho realizado pelas pesquisadoras Gabriela Damasceno dos Reis, Natalia Felix Negreiros e Thaís Hitomi Canetomi, da UniSalesiano de Araçatuba, as dimensões dos tijolos produzidos com solo-cimento
Além de custar até 30% menos que os convencionais, os tijolos ecológicos não passam pelo processo de queima nem emite os gases liberados nas olarias
Um tijolo produzido com a adição de resíduos de construção e demolição reciclados é alternativa ecológica que pode gerar ganhos para a sociedade. Além de custar de 25% a 30% menos que os tijolos convencionais, esse produto não precisa passar pelo processo de queima nem emite os gases comumente liberados na fabricação de tijolos em olarias. Os resíduos reciclados são triturados e utilizados na correção granulométrica, para garantir melhores propriedades ao material.
A porcentagem máxima em que o agregado reciclado pode substituir o natural é determinada em função de algumas propriedades do material reciclado, como classe de resistência, tipo de aplicação e densidade. De acordo com um trabalho realizado pelas pesquisadoras Gabriela Damasceno dos Reis, Natalia Felix Negreiros e Thaís Hitomi Canetomi, da UniSalesiano de Araçatuba, as dimensões dos tijolos produzidos com solo-cimento são de 25x12,5x6,25 centímetros, com dois furos de 6,66 centímetros no lado interno.
Quando o material utilizado na massa é extraído do solo da obra, pode ser usado tanto na forma como ele é encontrado, solo natural, quanto após a correção de algumas características e propriedades, que podem ser feitas através da adição de compostos químicos ou por correção granulométrica.
Os tijolos de solo estabilizado e cimento são produzidos, inicialmente, com a preparação do solo seco ao ar livre. “Os resíduos reciclados devem ser adicionados à mistura de solo, cimento e água, com dosagem previamente estabelecida”, explica Gabriela. “O preparo da mistura pode ser feito manualmente utilizando-se pá e enxada, ou de forma mecânica com equipamentos específicos. Adiciona-se aglomerante hidráulico e cimento, misturando os materiais secos até a obtenção de uma coloração uniforme. A água é adicionada aos poucos, até a mistura atingir consistência adequada para a prensagem”, detalha.
Moldagem
Os tijolos são moldados e a mistura pronta é colocada na máquina que faz a prensagem. Em seguida os blocos devem ser transportados em uma bandeja para um local protegido do sol, vento ou chuva. De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), após seis horas de moldados e ao longo de sete dias, os tijolos precisam ser umedecidos por molhagens sucessivas para o processo de cura ocorrer corretamente.
Após 14 dias de fabricados, eles poderão ser usados normalmente, conforme especifica a NBR 10833. O produto acabado não deve apresentar fissuras, fraturas nem outros defeitos que prejudiquem o assentamento, bem como a resistência e durabilidade dos elementos onde serão utilizados. “O equipamento utilizado para se fazer a prensagem dos tijolos pode ser de funcionamento manual ou hidráulico. Contudo, o uso de equipamento hidráulico possibilita melhor compactação da mistura, melhorando sua resistência sem a necessidade da adição de cimento”, observa Natalia Felix Negreiros, que é professora na UniSalesiano de Araçatuba.
“Caso se opte pela prensa manual, é necessário haver revezamento de duas horas entre os operadores, para proporcionar uma prensagem de qualidade. O processo deve ser feito com um tijolo por vez, obtendo menor esforço do operador”, pondera Natalia.
Thaís Hitomi Canetomi acrescenta que a extração do solo utilizado no processo de fabricação dos tijolos no próprio local da obra, representa uma das principais vantagens desse processo. “O tipo de solo ideal deve conter 15% de silte mais argila, 20% de areia fina, 30% de areia grossa e 35% de pedregulho. Os solos arenosos bem graduados e com favorável quantidade de silte e argila estão entre os mais interessantes, por necessitarem de baixo uso de cimento”, explica Thaís.
Segundo dados da ABCP, os solos arenosos com argila na composição proporcionam à mistura, quando umedecida e compactada, a coesão necessária para a retirada imediata da forma. Eles são os que se estabilizam utilizando menores quantidades de cimento.
Os resíduos de construção constituídos de restos de tijolos, argamassas, concretos, madeiras e outros materiais são classificados como material inerte pela NBR 10004. Portanto, não apresentam risco de contaminação e suas propriedades podem variar a partir do tipo de obra, das técnicas construtivas e fase em que se encontra a obra quando o resíduo foi retirado. Após reciclado, o material apresenta as propriedades físicas e químicas adequadas para seu uso na construção civil.
Tendência mundial
A reciclagem de resíduos de construção e demolição é uma prática mundial. A percentagem de aproveitamento desse material na Comunidade Européia é de aproximadamente 28% do volume produzido. Na Holanda, o percentual de reaproveitamento é de 90%, bem superior aos demais países europeus, o que mostra de forma clara as diferenças dentro do próprio continente.
Atualmente, a reciclagem de resíduos de construção e demolição é uma prática mundial
No Brasil, identifica-se uma falta de índices sobre a produção e reciclagem de resíduos da construção que seja atual. Segundo a Abrecon - Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição, o país gera anualmente 84 milhões de metros cúbicos, mas as usinas reciclam apenas cerca de 17 milhões desse total. “O restante segue para aterros sanitários ou tem outra destinação”, lamenta Hewerton Bartoli, presidente da Abrecon.
De acordo com ele, ainda existe uma defasagem visível de usinas capazes de administrar o volume de resíduos gerados pela construção civil no Brasil. “Cerca de 50% dos municípios brasileiros destinam os resíduos para lixões ou locais irregulares, ao invés de reciclar e utilizá-lo em obras, de forma sustentável e com baixo custo”, arremata.
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