As obras de hidrelétricas brasileiras nem sempre adotam os mesmos procedimentos de concretagem. Há particularidades regionais, incluindo o clima, que diferenciam os processos e exigem soluções cada vez mais desafiadora por parte da engenharia. É o caso das obras da UHE Santo Antônio, uma das usinas em construção no Complexo do Rio Madeira cujas obras estão previstas para encerrar em 2015. O local, no entanto, começa a produzir energia parcialmente já em 2012.
Com uma demanda de produção de concreto com traços variados por 24 horas por dia para realização de concretagens nas mais diversas estruturas da UHE, os engenheiros do consórcio construtor, formado pela Andrade Gutierrez e Odebrecht, lançaram mão de tecnologia de ponta e de alta produtividade para suprir a demanda. Na margem direita do Rio Madeira, por exemplo, foram instaladas duas usinas misturadoras de concreto, sendo uma com capacidade de produzir 94 m³/h de material e outra com capacidade de 120 m³/h. “Já na margem esquerda do Rio, dimensionamos, em conjunto com os engenheiros da obra, a aplicação de três centrais misturadoras
As obras de hidrelétricas brasileiras nem sempre adotam os mesmos procedimentos de concretagem. Há particularidades regionais, incluindo o clima, que diferenciam os processos e exigem soluções cada vez mais desafiadora por parte da engenharia. É o caso das obras da UHE Santo Antônio, uma das usinas em construção no Complexo do Rio Madeira cujas obras estão previstas para encerrar em 2015. O local, no entanto, começa a produzir energia parcialmente já em 2012.
Com uma demanda de produção de concreto com traços variados por 24 horas por dia para realização de concretagens nas mais diversas estruturas da UHE, os engenheiros do consórcio construtor, formado pela Andrade Gutierrez e Odebrecht, lançaram mão de tecnologia de ponta e de alta produtividade para suprir a demanda. Na margem direita do Rio Madeira, por exemplo, foram instaladas duas usinas misturadoras de concreto, sendo uma com capacidade de produzir 94 m³/h de material e outra com capacidade de 120 m³/h. “Já na margem esquerda do Rio, dimensionamos, em conjunto com os engenheiros da obra, a aplicação de três centrais misturadoras com capacidade para produção de 120 m³/h cada unidade”, diz Ricardo Lessa, presidente da Schwing Stetter, fabricante das máquinas citadas.
Com uma produção de concreto de 204 m³/h na margem direita e de 360 m³/h na margem esquerda (total de 564 m³/h) as concretagens da UHE de Santo Antônio seguiram a todo vapor nos últimos três anos, com a produção de mais de 1,8 milhões m3 de concreto misturado no período. A produção de concreto ainda conta com um aditivo contra o clima quente do Norte do País: mistura de gelo. Sim, o concreto de duas usinas da margem esquerda recebem a adição de gelo em escama para alcançar a temperatura de hidratação necessária para a mistura, já que realizar a dosagem do concreto somente com o uso de água gelada não era possível.
Aplicação do concreto
Uma vez produzidos concretos em traços adequados, a distribuição e aplicação na obra foram realizadas pela subcontratada WanMix, que lançou mão de autobetoneiras que transportam concreto em qualquer condição climática, inclusive na chuva. “A qualidade do concreto poderia ser comprometida caso o transporte fosse realizado através de Dampercrets. Atualmente, trabalham cerca de 40 autobetoneiras na obra, com uma produtividade de 2 mil m³ por mês cada uma”, diz Lessa.
O executivo acrescenta que os sistemas de aplicação e distribuição do concreto também foram bastante analisados pelos engenheiros envolvidos no projeto, que definiram que todo concreto não passível de bombeamento – ou seja, o Concreto Compactado a Rolo (CCR) - seria transportado por sistema de transportadores de correia (Telebelts). Os traços bombeáveis, todavia, ganharam a aplicação via bombas e mastros para distribuição do concreto. Essa escolha, segundo ele, deixou as gruas da obra livres para a execução de trabalhos que necessitassem da sua atuação clássica de transporte.
O bombeamento de concreto foi realizado por uma patrulha robusta, composta por diversos modelos de equipamentos cuja operação está sendo bem sucedida devido a uma análise criteriosa das condições de trabalho, conforme demonstra o quadro a seguir. “O consórcio construtor utilizou sistema de bombeamento inovador no Brasil, no qual as autobombas são montadas sobre chassi de caminhões. Elas podem ter o mastro desacoplado e montado sobre torres treliçadas, a alturas superiores de 40 metros”, diz Lessa, acrescentando que houve a aplicação de oito bombas estacionárias na construção das paredes dos vertedores, pois em alturas baixas, de até 30 m, se utiliza os mastros sobre os caminhões e, acima dessa altura, os mastro de distribuição são montados sobre torres treliçadas. Esse último, aliás, é um sistema de bombeio e distribuição que tem comprovado excelente mobilidade e produtividade no projeto UHE Santo Antônio, de acordo com o executivo.
Ele cita que outra tecnologia inovadora utilizada na obra é a aplicação de autobombas para concreto com mastros para distribuição de grande alcance (de 42 metros). Os equipamentos produzem até 135 m³/h e estão sendo aplicados, principalmente, na concretagem da casa de força e tomada d´água, pois seus braços atendem a distribuição do concreto em lugares de difícil acesso. “Atualmente, o regime de trabalho em bombeamento e distribuição do concreto é de 24 horas, em seis dias da semana”, lembra Lessa.
Quando entrar em operação total, a UHE Santo Antônio será a terceira maior usina hidrelétrica do Brasil em energia assegurada, dada a sua potência instalada de 3.150 Megawatts. Isso equivale a 4% de toda a energia gerada no Brasil em 2007. Tal quantidade seria suficiente para abastecer 11 milhões de residências ou, aproximadamente, 44 milhões de pessoas.
Cuidados que garantem o bombeamento eficiente de concreto
Analisar o local e condições antes de iniciar o trabalho;
Verificar as partes mecânicas e hidráulicas dos equipamentos antes de ir a campo, ou seja, manutenção preventiva;
Verificar toda a tubulação, inclusive braçadeiras e curvas;
Posicionar os equipamentos de bombeamento de forma que as autobetoneiras tenham fácil acesso a eles, sempre visando a segurança da operação;
Antes de iniciar a concretagem, lubrificar internamente as tubulações com argamassa para não acarretar entupimentos e possíveis acidentes;
Analisar o concreto a ser lançado, slump (abatimento), fck, etc., para saber se ele tem características básicas para transporte em tubulações rígidas (tubo de aço) ou flexíveis (mangueiras).
Atenção plena e constante na operação dos equipamentos, principalmente na tubulação de transporte do concreto e pressões hidráulicas.
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade