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Revista GC - Ed.54 - Novembro 2014
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Concreto Hoje

Sintéticos são nova opção de reforço estrutural

O mercado de macrofibras sintéticas cresce no Brasil e bate de frente com as soluções de telas soldadas de aço para reforço estrutural do concreto

Ainda engatinhando no país do aço, as fibras sintéticas começam a entrar no terreno onde as telas metálicas soldadas reinam soberanas, com uso em 70% das obras onde podem ser aplicadas. O metal ganha mais espaço se considerarmos os 13% das fibras metálicas, outra alternativa às telas soldadas. Sobram então os 17% de participação do material sintético. Os números são da Viapol, tradicional fabricante de soluções de impermeabilização e que também atua no mercado emergente de fibras sintéticas para construção civil. Já a multinacional Elastoplastic Concrete (EPC), que faz parte das empresas entrantes no Brasil, acredita que as macrofibras de Polipropileno possuem um share menor ainda no mercado brasileiro – abaixo de 5% das obras, se comparado às outras soluções.

De acordo com a Viapol, os materiais sintéticos passaram a ser usados com maior intensidade no Brasil a partir de 2007, e um dos principais apelos das fibras compostas por polímeros é solucionar a corrosão sofrida pelas estruturas metálicas. Outro fator de entrada seria a capacidade de controlar as fissur


Ainda engatinhando no país do aço, as fibras sintéticas começam a entrar no terreno onde as telas metálicas soldadas reinam soberanas, com uso em 70% das obras onde podem ser aplicadas. O metal ganha mais espaço se considerarmos os 13% das fibras metálicas, outra alternativa às telas soldadas. Sobram então os 17% de participação do material sintético. Os números são da Viapol, tradicional fabricante de soluções de impermeabilização e que também atua no mercado emergente de fibras sintéticas para construção civil. Já a multinacional Elastoplastic Concrete (EPC), que faz parte das empresas entrantes no Brasil, acredita que as macrofibras de Polipropileno possuem um share menor ainda no mercado brasileiro – abaixo de 5% das obras, se comparado às outras soluções.

De acordo com a Viapol, os materiais sintéticos passaram a ser usados com maior intensidade no Brasil a partir de 2007, e um dos principais apelos das fibras compostas por polímeros é solucionar a corrosão sofrida pelas estruturas metálicas. Outro fator de entrada seria a capacidade de controlar as fissuras no processo de cura sem perder as vantagens estruturais. Além do mercado de massa, a aposta da fabricante é a adoção dos polímeros em obras de grande porte. Casos recentes podem ser citados, incluindo os túneis do Trecho Norte do Rodoanel e as linhas de metrô no Rio e em São Paulo. O ponto em comum é a ampliação do conhecimento das construtoras sobre as fibras sintéticas estruturais. José Eduardo Granato, gerente Comercial da área de Química para Construção da Viapol, explica que a solução foi especialmente bem aceita na construção de túneis. As razões, segundo ele, incluem a promessa de redução significativa nos custos e prazos da obra. Ele lembra ainda que as fibras sintéticas eliminam a necessidade de direcionar mão-de-obra e material para estabilizar as pressões do solo, além de montar andaimes e preparar toda a estrutura de telas soldadas.

Granato explica que as fibras sintéticas são adicionadas diretamente na mistura do concreto, onde os filamentos com 50 mm de comprimento e 1,0 mm de diâmetro podem ser espalhados de modo uniforme. A mistura com elementos estruturais também tem a alternativa de ser diretamente projetada contra a parede do túnel, sem a necessidade de colocação das telas de aço. “As telas metálicas são tradicionais, porém o desempenho e a aplicação das macrofibras sintéticas trazem economia de 15%. Em comparação com as fibras metálicas – outra opção – a redução chega a 8%”, diz.

Marcelo Quinta, diretor do escritório brasileiro da Elastoplastic Concrete (EPC), destaca outros diferenciais das macrofibras sintéticas. De acordo com ele, elas possuem alto módulo de elasticidade, podendo atingir até 15 Gigapascal (GPa) de resistência à tensão. Os benefícios incluem ainda o baixo ponto de fusão em relação ao aço, o que permite a expulsão mais eficiente do vapor de água do concreto em caso de incêndios. Por derreter a temperaturas acima de 1.000 C, o aço “turbina” o rachamento do concreto nas estruturas onde está aplicado, o que a fibra sintética não faz. Ao ser adicionado com fibras sintéticas, o concreto também amplia sua resistência de deformação, causando menos fissuras ao perder água e endurecer.

O mercado visualizado por Quinta inclui os segmentos como piso industrial, onde a empresa já tem experiências bem sucedidas no Brasil. Ele também defende os valores de redução de custos em relação às telas soldadas. Para o executivo, os 15% citados por Granato são reais. As fibras sintéticas, adicionadas à mistura do concreto, podem ser projetadas logo após a retirada do material escavado nos túneis. “O concreto fica protegido na camada mais superficial e é distribuído homogeneamente”, detalha. Quinta avalia que a dosagem ideal de mistura estaria entre 5 e 7 kg/m³ de concreto, com fibras de 50 mm de comprimento e aproximadamente 0,90 mm de diâmetro. A especificação vale tanto para concreto projetado como para o pré-moldado, além da fabricação de anéis de concreto pré-fabricado que reforçam as paredes de túneis.

A briga não se restringe às telas soldadas. Para a Viapol, nem as fibras de aço são páreo para o material sintético. No comparativo entre os dois tipos de fibra para uso como reforço estrutural, inclusive com as mesmas dimensões, a sintética sai no lucro. As de aço diminuiriam os custos, mas apresentariam desvantagens, incluindo o peso. Enquanto a proporção de fibras sintéticas na mistura é de 4 kg/m³, as metálicas apresentam de 25 a 30 kg/m³. “Em razão do peso maior e da flexibilidade menor, a reflexão das fibras metálicas é de aproximadamente 25%, enquanto o das sintéticas não ultrapassa 10% desperdiçados”, conclui Granato. Nas condições ideais de dosagem dos traços do concreto e do equipamento utilizado na projeção, ele ainda afirma que é possível obter uma reflexão abaixo de 6%.

Outro problema apontado estaria no desgaste causado nos equipamentos de bombeamento por conta da abrasividade dos metais. É o caso do acabamento superficial em pisos industriais, onde as pontas das fibras de aço não dobram facilmente e precisam ser retiradas com alicate. Já a oxidação ataca a durabilidade das telas de aço: além de enfraquecer a resistência da estrutura, o concreto pode sofrer com a pressão exercida e causar rompimento, com fissuras expostas na superfície. Por meio delas, a entrada de água da chuva e outras intempéries climáticas corrompem a integridade de toda a estrutura.

Para avançar mais, os dois especialistas entrevistados destacam a necessidade de uma normatização específica. Para Granato, apesar da fibra sintética ser pouco utilizada no país, há iniciativas positivas. Ele cita os esforços da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) e da Associação Nacional de Pisos e Revestimento de Alto Desempenho (Anapre) em promover a criação de uma norma exclusivamente brasileira. Se aprovada uma normatização brasileira, as construtoras locais teriam um parâmetro tropicalizado em vez de continuar a seguir as especificações americanas. E nesse cenário futuro, com a aprovação da norma técnica brasileira, o entrevistado da Viapol prevê que 50% do mercado de reforço estrutural possa ir para as opções com fibra sintética, o que representaria um volume de quase quatro vezes o atual.

 

 

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