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Revista GC - Ed.60 - Junho 2015
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Concreto Hoje

Enxofre ganha nova chance na produção de concreto

Material é a base do polímero adotado para produção de concreto e recicla resíduos de refinarias e usinas térmicas a carvão. Método, criado há 30 anos, ganha nova rota tecnológica

O enxofre tem uma reputação negativa desde a antiguidade, sendo repetidamente associado ao diabo. Segundo o escritor Hugh Aldersey-Williams, autor do livro Histórias Periódicas (editora Record), o elemento químico é mencionado catorze vezes na Bíblia. Em nenhuma delas de forma positiva. Subproduto do refino de petróleo e gasolina, assim como das usinas térmicas a carvão, o enxofre representa um fardo pesado para o meio-ambiente. Há 30 anos, o Bureau of Mines, agência estatal dos Estados Unidos especializada em mineração, desenvolveu um concreto com uso de polímero baseado no elemento. A solução seria o coringa para resolver um problema antigo. Como o diabo está nos detalhes, o concreto com uso de polímero baseado em enxofre, apesar de viável tecnicamente, enfrentava várias barreiras, inclusive o alto custo do aditivo diciclopentadieno (DCPD).

Para a norte-americana Sulfcrete, quanto mais restrições, melhor. A empresa afirma ter superado as barreiras, uma vez que sua rota tecnológica dispensa o uso do DCPD. Com isso, o mercado estaria preparado para usar – de forma viável – uma imensa pilh


O enxofre tem uma reputação negativa desde a antiguidade, sendo repetidamente associado ao diabo. Segundo o escritor Hugh Aldersey-Williams, autor do livro Histórias Periódicas (editora Record), o elemento químico é mencionado catorze vezes na Bíblia. Em nenhuma delas de forma positiva. Subproduto do refino de petróleo e gasolina, assim como das usinas térmicas a carvão, o enxofre representa um fardo pesado para o meio-ambiente. Há 30 anos, o Bureau of Mines, agência estatal dos Estados Unidos especializada em mineração, desenvolveu um concreto com uso de polímero baseado no elemento. A solução seria o coringa para resolver um problema antigo. Como o diabo está nos detalhes, o concreto com uso de polímero baseado em enxofre, apesar de viável tecnicamente, enfrentava várias barreiras, inclusive o alto custo do aditivo diciclopentadieno (DCPD).

Para a norte-americana Sulfcrete, quanto mais restrições, melhor. A empresa afirma ter superado as barreiras, uma vez que sua rota tecnológica dispensa o uso do DCPD. Com isso, o mercado estaria preparado para usar – de forma viável – uma imensa pilha de resíduos de enxofre que já chegaria a 21 milhões de toneladas métricas. Com a marca registrada Sulfcrete, o material pode ser aplicado em várias linhas de produção, de artefatos de concreto pré-fabricado até pavimentação de estradas, passando pelo mercado de agricultura. Os usos incluem ainda a utilização em plantas de processamento de minérios e outros ambientes agressivos, para os quais os concretos convencionais não são uma opção adequada. O avanço técnico, inclusive, permite enfrentar a legislação ambiental punitiva. A atual do governo Obama, por exemplo, tornou-se ainda mais restritiva e exige que a quantidade de enxofre presente nos combustíveis refinados passe de 30 partes por bilhão (PPB) para apenas 10 partes.

Baseada no estado de Nova York, a Sulfcrete pode ser classificada como uma start up, empresa com perfil tecnológico inovador, que recebe a atenção de investidores interessados em novas fronteiras de desenvolvimento. No caso de seu produto, ela recuperou uma tecnologia com mais de três décadas e a modificou, resultando em um novo produto com diferencias como o dobro da resistência do concreto fabricado com cimento tipo Portland. A lista de características positivas – de acordo com a fabricante – inclui ainda a alta resistência a ambientes salinos e com presença de ácidos que possam provocar corrosão. A ultrabaixa permeabilidade é outro benefício, além do tempo rápido de cura e da reciclabilidade elevada (até 75% do material que o compõe).

O pulo do gato tecnológico da Sulfcrete nasceu no Departamento de Ciências Climáticas e do Meio-ambiente do Brookhaven National Laboratory (BNL). Ao adotar aditivos orgânicos, alternativos e cujo custo é um centésimo do diclopentadieno até então empregado, o projeto decolou. Uma reportagem do portal Long Island Press (www.longislandpress.com), do ano passado, mostra que a Sulfcrete teria recebido 100 mil dólares de fundos de incentivo à pesquisa e de investidores. Antes do aporte, as companhias passaram por uma avaliação de especialistas e uma análise sobre o status da propriedade intelectual. Na matéria, a Sulfcrete é apontada como uma spinout do BNL. Nota: a empresa já teria recebido um aporte de 150 mil dólares da National Science Foundation, comprovando a viabilidade de sua tecnologia.

Outro portal (www.innovateli.com), focado em inovação, destaca como a empresa, com suporte do BNL, chegou ao patamar atual. De acordo com a reportagem, o enxofre elementar tende a perder a estabilidade física quando é fundido ou refrigerado, mas a adição de materiais orgânicos muda isso. Até então, os aditivos disponíveis tinham a limitação do custo, como já citado acima. A transformação acontece quando as pesquisas do BNL ganharam campo, inclusive com a participação da instituição numa iniciativa de remediação ambiental no Cazaquistão. Nessa ocasião, os testes com adoção de enxofre residual produzido por refinarias de petróleo locais envolveram materiais orgânicos menos caros. Para a Sulfcrete, a próxima fase é a construção de sua planta piloto avaliada em 5 milhões de dólares. Com ela, a indústria de concreto dá um passo significativo para desmistificar o famigerado enxofre.

 

 

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