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Revista GC - Ed.22 - Dezembro 2011
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Concreto Hoje

Concreto Sustentável

Melhorias tecnológicas aumentam a qualidade e reduzem os impactos ambientais gerados na produção e na aplicação da massa nos canteiros de obras

A construção civil tem um papel importante quando o assunto é sustentabilidade. Vamos aos dados: o setor responde por um terço das emissões de gases poluentes e é o maior consumidor de recursos naturais no mundo. Os dados são da ONU e indicam que a construção civil, sozinha, responde por quase 40% de toda a energia gerada no mundo e 30% dos materiais extraídos da natureza. E mais: o segmento gera 25% dos resíduos sólidos totais, consome um quarto da água e ainda ocupa 12% das terras do planeta. Em resumo, não passa despercebida. A pergunta para quem se espanta com os números citados só pode ser uma: como reduzir esse impacto?

De acordo com especialistas e entidades ligadas à proteção ambiental e à cadeia da construção civil, existem soluções. Elas podem incluir desde a utilização das construções com sistemas que reduzem o consumo de energia elétrica, com reutilização de resíduos líquidos e outros até a fase de obras em si, onde a produção e aplicação de matérias-primas podem ser otimizadas. Paulo Helene, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Universidade de São Paulo, avalia que essa é a busca pela sustentabilidade, conceito amplo e que envolve aspectos sociais, econômicos, éticos e de saúde, além de questões técnicas. “O setor da construção civil deve produzir mais com menos e de forma mais rápida”, avalia. Ele lembra que há indicativos de sustentabilidade para o setor - caso do LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) -, que têm evoluído em aspectos gerais, mas que ainda dão pouca importância à sustentabilidade dos produtos utilizados na construção. O concreto faz parte desse rol.

Considerado uma das principais autoridades em qualidade de concreto no Brasil, Helene exemplifica a importância desse material no que diz respeito aos aspectos ambientais. “Lembro-me dos resultados positivos na construção do e-Tower, na Rua Funchal, em São Paulo, realizada com concreto de alta resistência”, diz. Ele se refere à utilização de concreto de 80 Mpa de resistência em detrimento ao material de 40 Mpa, que foi descartado no início do projeto. “Essa modificação resultou na economia de 70% de areia e de brita, 20% de cimento, 53% de concreto misturado e de água, 31% de área de forma para escoramento e 43% de a


A construção civil tem um papel importante quando o assunto é sustentabilidade. Vamos aos dados: o setor responde por um terço das emissões de gases poluentes e é o maior consumidor de recursos naturais no mundo. Os dados são da ONU e indicam que a construção civil, sozinha, responde por quase 40% de toda a energia gerada no mundo e 30% dos materiais extraídos da natureza. E mais: o segmento gera 25% dos resíduos sólidos totais, consome um quarto da água e ainda ocupa 12% das terras do planeta. Em resumo, não passa despercebida. A pergunta para quem se espanta com os números citados só pode ser uma: como reduzir esse impacto?

De acordo com especialistas e entidades ligadas à proteção ambiental e à cadeia da construção civil, existem soluções. Elas podem incluir desde a utilização das construções com sistemas que reduzem o consumo de energia elétrica, com reutilização de resíduos líquidos e outros até a fase de obras em si, onde a produção e aplicação de matérias-primas podem ser otimizadas. Paulo Helene, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Universidade de São Paulo, avalia que essa é a busca pela sustentabilidade, conceito amplo e que envolve aspectos sociais, econômicos, éticos e de saúde, além de questões técnicas. “O setor da construção civil deve produzir mais com menos e de forma mais rápida”, avalia. Ele lembra que há indicativos de sustentabilidade para o setor - caso do LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) -, que têm evoluído em aspectos gerais, mas que ainda dão pouca importância à sustentabilidade dos produtos utilizados na construção. O concreto faz parte desse rol.

Considerado uma das principais autoridades em qualidade de concreto no Brasil, Helene exemplifica a importância desse material no que diz respeito aos aspectos ambientais. “Lembro-me dos resultados positivos na construção do e-Tower, na Rua Funchal, em São Paulo, realizada com concreto de alta resistência”, diz. Ele se refere à utilização de concreto de 80 Mpa de resistência em detrimento ao material de 40 Mpa, que foi descartado no início do projeto. “Essa modificação resultou na economia de 70% de areia e de brita, 20% de cimento, 53% de concreto misturado e de água, 31% de área de forma para escoramento e 43% de aço”, complementa.

“Com o aumento da resistência, podemos afirmar que o total de emissões de CO2 por unidade de resistência diminui nesses materiais, desde que se utilize tecnologia adequada e se aplique controle de qualidade”, afirma José Marques Filho, presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon). De acordo com ele, o consumo de insumos não renováveis por volume de mistura produzida também cai. É o caso da redução do uso de agregados e do carregamento permanente em estruturas. Marques Filho salienta também que as estruturas construídas ainda apresentam aumento considerável de sua vida útil, desde que se tomem os devidos cuidados com a cura e os efeitos térmicos da hidratação do concreto. O especialista lista outras alternativas consideradas sustentáveis na produção e utilização de concreto, incluindo os estudos para a aplicação de agregados miúdos artificiais, com alta presença de finos, e da diminuição de perdas de concreto em centrais dosadoras (autobetoneiras). Nesse último caso, o processo é conseguido com o reaproveitamento do resíduo de caminhões em novas misturas usadas na composição de artefatos de concreto.

E as iniciativas envolvendo a produção de concreto menos poluente podem render resultados expressivos quando aplicados em larga escala. É o que demonstra o artigo escrito por Anderson Benite, diretor da Unidade de Sustentabilidade do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE). Sugundo o material, um edifício comercial, localizado na cidade de São Paulo, emite 301 kg de CO2 por m² durante a sua etapa de construção. Os dados foram extraídos de um estudo realizado pela Ativos Técnicos Ambientais (ATA) em parceria com o CTE. O levantamento indicou ainda que as produções de cimento, aço e cal são responsáveis pelas maiores emissões industriais, como classificou o Inventário Nacional de Emissões de 2005.

Para Marques, do Ibracon, os técnicos e pesquisadores brasileiros estão de olho nesses resultados e por isso têm ampliado a atenção dada às tecnologias do concreto e do cimento nas últimas décadas, buscando materiais com maior apelo sustentável. “A indústria cimenteira, por exemplo, trabalha na melhoria da eficiência energética e no uso de matéria-prima alternativa, além da redução no consumo de combustível durante a produção e transporte do material”, diz. Outras ações citadas por ele são estudos realizados para a reciclagem de concreto e para a utilização de materiais reciclados em sua composição, além do desenvolvimento de normalização para aplicação dos conceitos de sustentabilidade na produção das misturas.

A utilização de cimento CPIII, que contém 70% de escória de alto forno em sua composição, é outro recurso sustentável citada por Marques. Essa escória é um passivo ambiental do rejeito industrial gerado na produção de aço. Trata-se de um material capaz de contaminar até mesmo os lençóis freáticos, razão pela qual os especialistas recomendam sua utilização na produção do cimento CPIII como iniciativa de sustentabilidade. “O CPIII utiliza o rejeito de maneira nobre, diminuindo os efeitos termogênicos da hidratação e aumentando, em alguns casos, a durabilidade do concreto, além de reduzir a reação alcalina do agregado, que é uma das principais causas de desagregação do concreto”, explica.

Apesar das soluções citadas, os avanços em tecnologia do concreto ainda são tímidos e localizados na opinião de Marques. De acordo com ele, um dos motivos disso é a pequena utilização de concreto usinado em relação ao misturado. “Outro ponto para o pouco avanço pode ser a necessidade de ampliar os esforços em disseminação do conhecimento, treinando e conscientizando os profissionais do setor”, finaliza.

 

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