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Vale pode continuar projeto de potássio na Argentina

A Vale passa por um dilema. Se permanecer com as operações de potássio na Argentina, a maior mineradora do mundo terá que se submeter às duras regras do governo local.

DCI

03/05/2013 12h16


Caso decida abandonar o projeto, a companhia precisará desvalorizar o ativo para conseguir vendê-lo, diante das dificuldades que enfrenta para tocar o projeto, batizado de Rio Colorado, na província de Mendoza. E, apesar de todos os sinais de que deixará o país vizinho, ainda existe a possibilidade de a mineradora manter a empreitada, se os governos brasileiro e argentino vierem a intervir no impasse.

"É possível que a Vale permaneça na Argentina. Acredito que a probabilidade da companhia abandonar o projeto Rio Colorado seja zero. Pelo contrário, as chances da questão se resolver giram em torno de até 20%", afirma uma fonte ligada à mineradora que preferiu não se identificar. A companhia estaria à espera do governo argentino par

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Caso decida abandonar o projeto, a companhia precisará desvalorizar o ativo para conseguir vendê-lo, diante das dificuldades que enfrenta para tocar o projeto, batizado de Rio Colorado, na província de Mendoza. E, apesar de todos os sinais de que deixará o país vizinho, ainda existe a possibilidade de a mineradora manter a empreitada, se os governos brasileiro e argentino vierem a intervir no impasse.

"É possível que a Vale permaneça na Argentina. Acredito que a probabilidade da companhia abandonar o projeto Rio Colorado seja zero. Pelo contrário, as chances da questão se resolver giram em torno de até 20%", afirma uma fonte ligada à mineradora que preferiu não se identificar. A companhia estaria à espera do governo argentino para negociar incentivos fiscais. Além disso, o Brasil poderia ajudar desse lado da fronteira, perdoando débitos da empresa, por exemplo, para dar uma "folga" ao caixa da Vale, sugerem especialistas.

O prejuízo seria significativo caso a Vale saísse do projeto. Isso porque seria difícil achar um comprador que pagasse um valor minimamente justo, já que se trata de um ativo desvalorizado por todos os problemas que enfrenta.

A Vale comprou  o ativo de potássio na Argentina em meados de 2009 da sua concorrente Rio Tinto por cerca de US$ 850 milhões. Desde as negociações iniciais, a brasileira teria consciência das dificuldades que enfrentaria no projeto. Ambientalistas da província de Mendoza são conhecidos por lutar de forma ácida contra qualquer tipo de extração mineral e de óleo e gás na região, o que causa grande dor de cabeça para empresas que queiram atuar na região.

Mas um dos maiores gargalos enfrentados pela Vale foi a pressão do governo da província de Mendoza para que a empresa contratasse mão de obra local e adquirisse bens e serviços de fornecedores da região. Além disso, o escopo do projeto demonstra a necessidade de um elevado volume de energia para operar a mina. Ainda na gestão Rio Tinto, a ideia inicial era construir uma termelétrica a gás e cogitou-se, ainda, carvão, porém os custos não eram viáveis em nenhum dos casos.

O projeto Rio Colorado é extremamente complexo e inicialmente foi orçado em US$ 4 bilhões, dos quais cerca de US$ 2,2 bilhões já teriam sido aportados. A projeção atual, no entanto, é que os volumes de investimentos ultrapassem os US$ 6 bilhões. E além da extração de potássio - minério que o Brasil é totalmente dependente -, o escopo incluía obras de grande porte como um porto, uma nova malha ferroviária e fornecimento de energia. A capacidade nominal da mina é estimada em 2,4 milhões de toneladas com potencial para expansão para 4,3 milhões de toneladas anuais.

Em teleconferência com jornalistas, no fim da semana passada, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou que a companhia seguiu "estritamente" a lei argentina. No país vizinho, a concessão mineral é de alçada das províncias e não da União, como acontece no Brasil, por isso o poder de barganha de Mendoza.

Sinalizando esperar do governo argentino uma intervenção favorável, o presidente da Vale mandou o recado. "Nossos recursos estão se exaurindo na Argentina, pois se trata de um projeto que ainda não gera receita. Estamos em conversas, mas pretendemos encerrar este processo o mais rapidamente possível", disse Ferreira.

Em outras ocasiões, o executivo sinalizou que uma mudança de postura por parte do governo de Cristina Kirchner em relação aos tributos poderia levar a Vale a permanecer no país. Do Brasil, também se espera tal postura, já que a gestão Murilo Ferreira tem procurado interagir muito mais com o governo federal.

Instabilidade política

Não é de hoje que empresas estrangeiras sofrem com a instabilidade política na Argentina, como é o caso da petrolífera YPF (do grupo espanhol Repsol), que foi expropriada no ano passado pelo governo Cristina Kirchner, além da Petrobras, que teve uma refinaria fechada no país vizinho devido a questões ambientais.

"Existe um movimento nos últimos anos, em alguns países da América Latina, de interferência cada vez maior do Estado no setor privado, o que tem afastado investidores", afirma o diretor da consultoria de risco Aon no País, Keith Martin.

Segundo o analista, o Brasil não está blindado contra impasses com a Argentina só pelo fato de os dois países possuírem um bom histórico de acordos comerciais. "Isso é um problema real para empresas brasileiras e qualquer uma que queira atuar fora de suas fronteiras", explica Martin.

De acordo com o analista, o fundamental é que as empresas realizem uma análise prévia dos riscos políticos e regulatórios para que as consequências de um possível problema impactem da maneira menos danosa possível. "O risco sempre existe, mas o pior é aquele que não foi previsto", avalia Martin.

 

 

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