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Vale negocia venda de jazidas na Amazônia para franceses

Estado de Minas

19/02/2010 14h39


Uma mancha branca em meio ao verde da Amazônia vai mudar de dono. Por enquanto uma das maiores jazidas do mundo de caulim – usado pela indústria papeleira, de cerâmica e farmacêutica – está nas mãos da brasileira Vale. Mas a mineradora quer se desfazer de suas subsidiárias Pará Pigmentos S/A (PPSA) e Caulim da Amazônia S/A (Cadam), que exploram o produto. As empresas estão instaladas em uma área de 226 mil hectares da floresta amazônica, no Pará e Amapá, segundo vídeo apresentado a investidores estrangeiros pela Vale. É o equivalente a quase 210 mil campos de futebol. Por US$ 158 milhões, as duas empresas devem passar para domínio francês, por meio da Imerys, que desembarcou no Brasil em 1994 e quer consolidar sua exploração na região, c

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Uma mancha branca em meio ao verde da Amazônia vai mudar de dono. Por enquanto uma das maiores jazidas do mundo de caulim – usado pela indústria papeleira, de cerâmica e farmacêutica – está nas mãos da brasileira Vale. Mas a mineradora quer se desfazer de suas subsidiárias Pará Pigmentos S/A (PPSA) e Caulim da Amazônia S/A (Cadam), que exploram o produto. As empresas estão instaladas em uma área de 226 mil hectares da floresta amazônica, no Pará e Amapá, segundo vídeo apresentado a investidores estrangeiros pela Vale. É o equivalente a quase 210 mil campos de futebol. Por US$ 158 milhões, as duas empresas devem passar para domínio francês, por meio da Imerys, que desembarcou no Brasil em 1994 e quer consolidar sua exploração na região, conforme revelou ao Estado de Minas uma fonte ligada ao negócio.

A Vale confirma a possibilidade de venda da PPSA. “Como parte da gestão de nosso portfólio de ativos, estamos em negociações preliminares com a intenção de vender nossa subsidiária PPSA, produtora de caulim”, informa no relatório do balanço de 2009. Não descartou, contudo, a possibilidade de se desfazer de todos os ativos nesse segmento. “Não vamos fazer nenhum comentário sobre isso”, afirmou, por meio da assessoria de imprensa. Segundo a fonte ligada à negociação, o martelo está próximo de ser batido, à espera apenas de que alguns nós sejam desatados em órgãos públicos.

Caemi
A PPSA, localizada no município de Rio Capim (Pará), tem capacidade instalada para produzir 672 milhões de toneladas métricas. É maior que a Cadam, situada em Vitória do Jari (Amapá), com 645 milhões de toneladas métricas. Por outro lado, em 2008, último dado divulgado pela companhia, a PPSA produziu menos que a Cadam: 528 milhões e 602 milhões de toneladas métricas, respectivamente. As duas empresas pertenciam à Caemi Mineração e Metalurgia, que controlava ainda a Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), com ativos em Nova Lima (Grande BH). A mineradora de ferro integrou-se à Vale. Mas a PPSA e Cadam tornaram-se subsidiárias. Esta não seria a primeira vez que companhia tenta vender os ativos de caulim.

“A Vale, quando comprou a Caemi de olho no minério de ferro, levou junto o caulim. Esta nova tentativa de venda sinaliza ao mercado que a Vale está revisando seu foco, saindo, por exemplo, do caulim e entrando em fertilizantes”, avalia o analista da SLW Corretora Pedro Galdi. Ele destaca que o negócio envolvendo caulim tem impacto ínfimo nos resultados na empresa. No quarto trimestre do ano passado, o faturamento da companhia foi de R$ 12 bilhões. Desse total, o caulim rendeu somente R$ 84 milhões, menos de 1% do total. “O desempenho do caulim não tem influência na formação do resultado. O potássio, usado para fertilizantes, por sua vez, antes mesmo da compra dos ativos da Bunge, rendiam R$ 188 milhões”, compara Galdi.

A polêmica que existe está ligada à questão ambiental, relativa ao fato de uma empresa nacional (Vale) transferir ativos da área amazônica para multinacionais. Do outro lado, o advogado José Alfredo de Oliveira Baracho Junior, professor de direito da PUCMinas e especialista em internacionalização da Amazônia, diz que a venda da PPSA e Cadam para um grupo francês não compromete “necessariamente” a soberania do país. “As operações comerciais na Amazônia estão avançando e tendem a crescer ainda mais com novos tratados internacionais. As empresas, porém, estão sujeitas às leis brasileiras. O importante é o governo ter uma regulamentação e uma fiscalização eficiente, benfeita”, pondera.

Exploração
O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) explica que as jazidas continuam sendo da União e somente o direito de exploração pode ser transferido da Vale para outra empresa. Milton Costantin, diretor-presidente da Imerys Rio Capim Caulim (RCC), localizada na mesma região da PPSA, evita falar em aquisição, mas ressalta que “o grupo sempre está atento às boasoportunidades do mercado”. A RCC é considerada uma empresa brasileira que faz parte da Imerys Pigmentos para Papéis que, por sua vez, pertence ao grupo Imerys, fornecedor mundial de minerais industriais, operando em 47 países, em todos os continentes.

Segundo Costantin, não há previsão de crescimento da empresa por meio da RCC. “A empresa acabou de passar por um processo de expansão iniciado em 2007 e concluído em 2008, que colocou a Imerys RCC como a maior planta de beneficiamento de caulim no mundo”, diz. O início da construção da planta industrial foi em 1994. Em 1996, primeiro ano de comercialização do caulim da RCC, o embarque foi de 47 mil toneladas. Desde então, foram feitos investimentos frequentes para expansão da produção. A capacidade atual é de cerca de 1,5 milhão de toneladas ao ano. “Em 2008, foi produzido 1,4 milhão de toneladas. Em 2009, o volume foi menor porque tivemos que nos adequar à demanda do mercado global. Nossa expectativa em 2010 é de superar os números do ano passado”, afirma.

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