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Unicamp vai desenvolver sistema para rastrear baterias

Projeto abrange toda a cadeia produtiva e, no futuro, pode servir como parâmetro para um marco regulatório no país

Assessoria de Imprensa

06/11/2023 10h43 | Atualizada em 08/11/2023 12h35


Pesquisadores do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), deram início a estudos para desenvolver um “passaporte” digital de baterias – um sistema de rastreamento que mapeará o ciclo de vida completo dos dispositivos, da extração do minério utilizado na fabricação até o reúso, reciclagem e eventual descarte.

O projeto, previsto para durar três anos e com a participação de cerca de 15 pesquisadores, é financiado pela multinacional francesa TotalEnergies.

A iniciativa integra um acordo de R$ 22,9 milhões entre a Unicamp e a empresa, firmado em

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Pesquisadores do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), deram início a estudos para desenvolver um “passaporte” digital de baterias – um sistema de rastreamento que mapeará o ciclo de vida completo dos dispositivos, da extração do minério utilizado na fabricação até o reúso, reciclagem e eventual descarte.

O projeto, previsto para durar três anos e com a participação de cerca de 15 pesquisadores, é financiado pela multinacional francesa TotalEnergies.

A iniciativa integra um acordo de R$ 22,9 milhões entre a Unicamp e a empresa, firmado em junho, que prevê a execução de seis projetos no total, todos na área de energia solar e baterias.

“Queremos entender as baterias desde o berço até o descarte ou reciclagem”, diz Hudson Zanin, coordenador do projeto no CEPETRO e docente da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp.

“É como colocar um chip nelas, para mapear os processos e saber o quanto elas emitem de CO2, quanta energia elétrica e água foram utilizadas e quem são os responsáveis por fazer a reciclagem”, explica.

Para isso, o sistema abrange toda a cadeia produtiva, desde a extração do minério, o transporte e o reúso.

“Após a fabricação das células, as soluções terão vários donos, como importador, fabricante de veículos ou eletrônico, até chegar no consumidor”, ressalta Zanin.

“Mas é preciso saber quem vai cuidar da reciclagem ou quem de fato é o dono da bateria entre o fabricante e o usuário final. Ou seja, é preciso regulamentar”, acentua o professor.

O pesquisador explica ainda que o grupo pretende desenvolver uma plataforma on-line com a tecnologia blockchain, na qual diversas empresas estarão conectadas em uma mesma rede de dados.

“Os dados serão criptografados, pois a informação é uma coisa extremamente valiosa e é preciso tramitar essas informações de maneira que os donos desses dados fiquem protegidos”, ressalta Zanin, explicando que o sistema valerá para qualquer bateria, independentemente da tecnologia utilizada para a fabricação ou finalidade.

As informações sobre a vida útil do dispositivo também ajudarão a desenvolver modelos preditivos sobre o estado de saúde das baterias e estratégias para carregamento e descarregamento, assim como classificação, avaliação do nível de risco e otimizações para um segundo uso.

“Trata-se de um projeto sobre dados. Com informações sobre carga e descarga, sobre o estado de carga e saúde dessa bateria e sobre como ela está sendo ciclada em função das correntes e temperaturas. Com isso você pode prever quanto tempo ela vai durar”, afirma o pesquisador da Unicamp.

Diferentes condições e formas de uso podem alterar significativamente a eficiência e a duração de uma bateria.

“Do ponto de vista comercial, isso faz uma grande diferença nos modelos de negócio. Não é apenas questão ambiental”, diz Zanin.

Segundo Zanin, o Brasil poderá seguir os passos da União Europeia na regulamentação das baterias.

Em junho, o Parlamento Europeu aprovou medidas para fortalecer as regras de sustentabilidade na fabricação, uso e descarte de baterias, sejam portáteis, de veículos elétricos ou industriais, estabelecendo exigências, metas e obrigações para fabricantes.

Haverá níveis mínimos obrigatórios de metais reciclados na composição de novas baterias – inicialmente com 16% de cobalto reciclado, 6% de lítio e 6% de níquel.

As baterias também terão de ter uma documentação sobre o conteúdo reciclado presente em sua composição. Algumas metas são estabelecidas já para 2025 e 2027.

Ao regulamentar, diz o pesquisador, cria-se um arcabouço regulatório do setor e, quem quiser participar, tem de seguir as regras e colocar o mínimo de informações dentro dessas futuras plataformas.

“O Brasil precisa ter essa tecnologia também, para não precisar comprar depois”, afirma Zanin. “Se houver regulamentação no país, não precisaremos pagar por isso depois, pois também haverá uma solução local”, observa.

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