A 11ª Rodada de Licitações marcou a volta com força para o mercado nacional de grandes petroleiras internacionais, como ExxonMobil, Total, British Petroleum (BP), BG e BHP Biliton. A Exxon, por exemplo, estava sem nenhuma atividade exploratória no Brasil. As demais vinham atuando timidamente.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), dos 30 grupos vencedores da rodada, 18 eram estrangeiros, vindos de 12 países, como Noruega, Austrália, Bermudas, Portugal e Reino Unido.

Segundo Magda Chambriard, diretora geral da ANP, chamou atenção o apetite da BG, apontada como uma das grandes vencedoras do leilão, e a volta da British Petroleum, em parceria com a Petrobras, como operadora, "demonstrando o foco da empresa no Brasil". A Total, que havia mostrado pouco interesse nos últimos anos no país, de acordo com Magda, voltou com apetite por áreas marítimas.

BG investirá US$ 700 milhões

Em nota, a Exxon disse estar satisfeita de voltar ao setor de exploração e produção no Brasil. Em dois blocos arrematados (na Bacia de Potiguar e na Bacia do Ceará), a empresa escolheu como parceira a OGX, de Eike Batista.

Na Bacia Potiguar, a ExxonMobil foi um dos destaques, fazendo a oferta mais alta para a bacia marítima: R$ 81,76 milhões, em consórcio com a OGX, de Eike Batista. Na mesma Bacia de Potiguar, Petrogal e BP, com a Petrobras, levaram três blocos.

Na Bacia da Foz do Amazonas, a BP e a Total se uniram à Petrobras e levaram seis blocos. Já na Bacia de Barreirinhas, a BG foi a maior vitoriosa, levando, sozinha, seis blocos. Em outros quatro blocos, a BG formou consórcio com a Petrobras e a Petrogal.

O diretor geral da Total, Denis Besset, destacou que o interesse em blocos na Foz do Amazonas se deve ao maior conhecimento da região, devido às atividades que já desenvolve na Guiana Francesa. A Total arrematou dez blocos.

O presidente da BG Brasil, Nelson Silva, disse que a empresa prevê investimentos de US$ 700 milhões nos próximos cinco anos, nos dez blocos que arrematou na Bacia de Barreirinhas, onde será operadora, apesar de em quatro estar associada à Petrobras e à Petrogal - os mesmos sócios nos três blocos em desenvolvimento no pré-sal na Bacia de Santos. Dos investimentos mínimos previstos, cerca de US$ 200 milhões são no bônus de assinatura e US$ 500 milhões são a parcela da BG na perfuração de sete poços. Os blocos ficam entre dois mil e 2.500 metros de profundidade.

Shell deu lances e não levou

O presidente da Statoil no Brasil, Thore Kristiansen, disse que a empresa já produz cerca de cem mil barris de petróleo no Campo de Peregrino, na Bacia de Campos. Segundo ele, a companhia quer continuar crescendo no Brasil e, por isso, arrematou seis blocos na Bacia do Espírito Santo. Do total de blocos arrematados, a companhia será operadora em quatro. A Statoil explora hoje petróleo em sete blocos no Brasil.

A Shell chegou a fazer ofertas, mas não conseguiu levar qualquer bloco. O presidente da empresa no Brasil, André Araujo, disse, no entanto, que pretende participar dos próximos leilões que serão feitos este ano.

Cerca de cem manifestantes da CUT, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da União Nacional dos Estudantes, além do PSTU, se reuniram em frente ao hotel Golden Tulip, em São Conrado, onde ocorreu a 11ª Rodada. Com cartazes que diziam "O petróleo é nosso e o Maracanã também", a manifestação teve carro de som e foi acompanhada por forte aparato policial.