Mineração
AE
25/11/2009 11h29 | Atualizada em 25/11/2009 14h04
Após sofrer uma queda de cerca de 30% neste ano, o preço do minério de ferro deve voltar a subir em 2010 graças à retomada do mercado siderúrgico nos países ricos e à manutenção da forte demanda chinesa. As negociações entre mineradoras e siderúrgicas começarão nas próximas semanas, e o mercado espera que elas resultem em uma alta de 10% a 20% no preço do insumo. Apesar de o cenário estar mais vantajoso para as mineradoras atualmente, as conversas com os chineses não devem ser mais fáceis do que em 2009 porque a China continuará a buscar melhores condições de preços e contratos mais flexíveis de fornecimento.
A recuperação do preço do minério no mercado
...Após sofrer uma queda de cerca de 30% neste ano, o preço do minério de ferro deve voltar a subir em 2010 graças à retomada do mercado siderúrgico nos países ricos e à manutenção da forte demanda chinesa. As negociações entre mineradoras e siderúrgicas começarão nas próximas semanas, e o mercado espera que elas resultem em uma alta de 10% a 20% no preço do insumo. Apesar de o cenário estar mais vantajoso para as mineradoras atualmente, as conversas com os chineses não devem ser mais fáceis do que em 2009 porque a China continuará a buscar melhores condições de preços e contratos mais flexíveis de fornecimento.
A recuperação do preço do minério no mercado à vista (spot) na China é um dos indicadores de que os contratos serão reajustados para cima no ano que vem. Depois de atingir a mínima anual em abril, cotado a US$ 59 por tonelada, o insumo atingiu um recorde de US$ 106 por tonelada em agosto. O preço voltou a cair em setembro, para US$ 76, mas atualmente está cotado a US$ 95, próximo do recorde anual. "Considerando os atuais preços à vista e as taxas de frete, a alta implícita para o preço em 2010 aponta para cerca de 15%", informou o Barclays Capital em relatório.
De acordo com o banco, os preços à vista estão subindo devido à alta do preço do aço na China e ao aumento das compras dos traders, que elevaram seus estoques antes de novas altas. A recuperação do consumo de minério nos países desenvolvidos também contribui para este aumento porque as mineradoras estão direcionando mais minério para Europa, Japão e Coreia do Sul. A expectativa do Barclays é de que o minério suba 20% em 2010 e 10% em 2011, sem quedas previstas para os próximos quatro anos.
Segundo o analista da corretora Geração Futuro, Rafael Weber, o contrato (incluindo o frete atual, de US$ 20) custa hoje US$ 63 por tonelada, enquanto o spot está cotado a US$ 95 por tonelada em média, o que resulta na diferença de 15%. "Este é um reflexo de que a demanda está forte não só na China, mas em outros mercados", afirmou. Em sua visão, este diferencial de preço servirá de parâmetro durante as negociações dos contratos. O analista trabalhava com uma alta de 10% para o minério no ano que vem, mas pretende elevar as previsões para 20% a 25%.
A relação entre oferta e demanda de minério no mundo deve ficar apertada nos próximos anos porque novos projetos de mineração foram postergados durante a crise, enquanto a oferta está se recuperando. De acordo com relatório do banco Merrill Lynch, o mercado de minério terá um déficit de 24 milhões de toneladas em 2010 e de 55 milhões de toneladas em 2011, o que deve garantir pelo menos dois anos de aumentos de preço. Segundo o banco, os projetos Carajás Serra Sul, da Vale, e o Minas Rio, da Anglo American, no Brasil, adicionariam 200 milhões de toneladas anuais de minério ao mercado, mas existe uma janela de três anos para que isso aconteça.
De acordo com as exportações do Brasil para a Europa em outubro, a demanda na região cresceu cerca de 20% ante o mês anterior, de acordo com o banco Morgan Stanley. Apesar de ser 30% inferior ao mesmo mês do ano passado, a demanda se recuperou em relação ao declínio anual de 90% registrado no auge da crise.
"Combinando as importações estruturalmente altas da China e a recuperação da demanda brasileira por minério, acreditamos que o mercado vai ficar mais ajustado em 2010", informou o analista Carlos de Alba em relatório. Ele destacou que isso será uma vantagem para as mineradoras nas negociações deste ano. Sua expectativa é de que o preço do minério suba 10% em 2010 e tenha duas altas consecutivas de 5%, em 2011 e 2012.
O principal mercado consumidor também deve continuar a crescer. Em 2009, as importações de minério da China devem somar 564 milhões de toneladas, em alta de 27%. No ano que vem, o Credit Suisse prevê importações de 626 milhões de toneladas, alta de 11%. De acordo com as projeções do banco, o preço do minério terá alta de 15% em 2010 e outro aumento de 15% em 2011. Sua previsão anterior era de estabilidade em 2010 e alta de 5% em 2011.
Negociações com os chineses
Mesmo com maior poder de barganha nas mãos das mineradoras em 2010, as negociações com os chineses não serão menos tensas do que neste ano porque a China deve continuar a buscar melhores condições de preços e contratos mais flexíveis de fornecimento. Segundo o analista da SLW Corretora, Pedro Galdi, a China poderá buscar contratos semestrais no lugar de contratos anuais, ou negociar um contrato híbrido que leve em conta o preço do minério no mercado spot.
De acordo com o analista da Link Investimentos, Leonardo Alves, a China pleiteará preços menores do que os acertados em outras regiões, por ser o maior consumidor de minério do mundo. "Não vejo um processo de negociação simples entre mineradoras e siderúrgicas", disse. Em sua opinião, a ausência de contratos em 2009 foi vantajosa para a China nos momentos em que o minério à vista estava mais barato do que os contratos, mas isso não ocorre atualmente, o que pode levar os chineses a voltar aos contratos em 2010.
Neste ano, o país não firmou contratos anuais com as mineradoras, embora tenha acompanhado em caráter provisório os acordos firmados por outros países. Em meio à crise mundial, os chineses exerceram maior pressão sobre seus fornecedores, que tinham na China seu único mercado em ascensão. Para a Vale, a fatia da China nas vendas chegou a 66% neste ano, ante participação de 31% no ano passado. Segundo Weber, da Geração Futuro, a briga vai continuar no ano que vem, embora a China tenha menos armas para lutar por um reajuste menor.
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