Assessoria de Imprensa
25/08/2023 09h31 | Atualizada em 25/08/2023 09h38
Infraestrutura de distribuição limitada e política de preços são os grandes gargalos, apontados por especialistas do setor, que ainda impedem o crescimento do uso do gás natural e do biogás no Brasil.
O tema foi debatido durante o 2º Encontro Migratio de Energia e Gás, maior evento do mercado livre de energia do interior paulista, na cidade de Limeira (SP), no painel O gás como indutor da reindustrialização do país e os gargalos da infraestrutura.
A diretora de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Giovanna Coviello Ferreira, apontou o pre&c
...Infraestrutura de distribuição limitada e política de preços são os grandes gargalos, apontados por especialistas do setor, que ainda impedem o crescimento do uso do gás natural e do biogás no Brasil.
O tema foi debatido durante o 2º Encontro Migratio de Energia e Gás, maior evento do mercado livre de energia do interior paulista, na cidade de Limeira (SP), no painel O gás como indutor da reindustrialização do país e os gargalos da infraestrutura.
A diretora de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Giovanna Coviello Ferreira, apontou o preço do gás natural como grande vilão da competitividade do setor.
Segundo Ferreira, nos últimos 15 anos, a ociosidade na capacidade instalada da indústria química brasileira aumentou de 13% para mais de 30%. “Esse aumento da ociosidade se deve à queda da competitividade do setor, provocada basicamente pelo preço do gás no Brasil”, pontua. O setor químico é o maior consumidor industrial de gás natural no país, respondendo por 23% do total.
Segundo a dirigente da associação, o gás natural distribuído no Brasil, chega a custar quatro vezes mais que nos Estados Unidos. Além disso, diz a diretora da Abiquim, o gás da Rússia, devido à guerra da Ucrânia e ao bloqueio econômico da Europa, tem sido enviado para China e índia praticamente por preço de custo.
“Estamos perdendo mercado aceleradamente para China, Índia e EUA e os números de 2023 indicam que o problema tende a se agravar”, alertou.
Infraestrutura – A diretora de Economia e Estatísticas da Abiquim também apontou problemas de infraestrutura de distribuição como um dos gargalos que tem impedido o aumento da produção e do uso do gás natural no país.
“Para se ter uma ideia, 45% do gás natural produzido no pré-sal é reinjetado ou queimado nas plataformas por falta de capacidade instalada para fazer esse gás chegar na costa e ser distribuído”, pontuou.
Problemas de distribuição também foram apontados pelo diretor de Relacionamentos Institucionais da Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), Luis Quilici, como fator de limitação do uso do insumo.
De acordo com Quilici, o setor cerâmico é o segundo maior consumidor industrial de gás natural no Brasil, com consumo diário de cerca de 3,5 bilhões de m³, que representa cerca de 16% do consumo de gás natural no setor industrial no país.
“A capacidade de consumo hoje do setor é de 4,3 bilhões de m3 de gás natural. O que barra esse crescimento é a limitação da infraestrutura de distribuição”, aponta.
Biogás e agronegócio – Assim como o setor de gás natural, o setor de biogás se ressente da falta de infraestrutura para crescer no país. Diferentemente do setor de gás natural, no entanto, a produção de biogás se enquadra no setor de geração distribuída e necessita de redes locais e regionais de distribuição.
Apesar da participação ainda marginal na base energética brasileira, o biogás, assim como todo setor de energia renovável, apresenta forte potencial de crescimento, principalmente a partir da utilização de resíduos do agronegócio. Dejetos animais e resíduos sucroalcooleiros se destacam como importantes fontes para geração do biogás.
“O país já conta com 811 plantas produtoras de biogás, temos mais seis que já estão autorizadas a iniciar produção e outras 11 em processo de autorização”, enumera Bruna Jardim, especialista em Biometano e Descarbonização da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás). De acordo com a especialista, outras 87 plantas devem entrar em operação até 2029.
Zilmar José de Souza, gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), reforça a tendência de crescimento da produção de biogás a partir dos resíduos da produção de açúcar e de álcool. “O setor sucroalcooleiro produz hoje 27 bilhões de m3 de biogás por ano e deve chegar a 35 bilhões em 2029”, indica.
Rede – Já o Gerente de Comercialização, Rede Local, Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (ARSESP), Eliésio Francisco da Silva, aproveitou o evento para anunciar que a Usina Costa Pinto, da Raízen, vai se tornar, nos próximos dias, a primeira Usina a fazer a injeção de biogás na rede do sistema da região de Piracicaba.
Ele informou ainda que a agência está com uma consulta pública aberta, até o dia 12 de setembro, para receber subsídio para a revisão do marco regulatório do mercado livre de gás do Estado de São Paulo.
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