Construção Industrial
DCI
26/01/2017 13h52 | Atualizada em 26/01/2017 22h30
Gigantes da indústria de autopeças estão se preparando para uma retomada gradual do mercado brasileiro. No entanto, o desmonte da cadeia produtiva tem obrigado essas empresas a resgatar seus fornecedores-chave para garantir o fluxo de produção.
A ZF, uma das maiores fabricantes de autopeças do mundo e líder global em transmissões, teve que fazer parcerias com fornecedores estratégicos no Brasil para assegurar as entregas da companhia.
"A cadeia de autopeças no País é composta, em grande parte, por empresas familiares, de pequeno e médio porte, que apresentam problemas financeiros graves", afirmou ao DCI o diretor de vendas da ZF na América do Sul, Silvi
...Gigantes da indústria de autopeças estão se preparando para uma retomada gradual do mercado brasileiro. No entanto, o desmonte da cadeia produtiva tem obrigado essas empresas a resgatar seus fornecedores-chave para garantir o fluxo de produção.
A ZF, uma das maiores fabricantes de autopeças do mundo e líder global em transmissões, teve que fazer parcerias com fornecedores estratégicos no Brasil para assegurar as entregas da companhia.
"A cadeia de autopeças no País é composta, em grande parte, por empresas familiares, de pequeno e médio porte, que apresentam problemas financeiros graves", afirmou ao DCI o diretor de vendas da ZF na América do Sul, Silvio Furtado.
Ele conta que a empresa precisou até comprar matérias-primas para alguns de seus fornecedores-chave a fim de garantir o fluxo de produção da ZF no mercado brasileiro.
"Essa foi uma forma de melhorar o fluxo de caixa dessas empresas e até impedir que algumas delas quebrassem."
Através de um programa vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a ZF capacita e estimula o desenvolvimento de aproximadamente 25 fornecedores estratégicos dos níveis 2 e 3 da cadeia (componentes e insumos), os chamados tiers 2 e 3. Programa semelhante foi adotado também pela Bosch.
"Talvez nem conseguiríamos produzir se não fosse essa parceria", comenta o diretor da ZF. Ele lembra que o mercado de veículos comerciais produzia acima de 200 mil unidades há pouco mais de dois anos.
"Toda a cadeia se preparou para atender a essa demanda, que acabou sendo reduzida drasticamente", salienta Furtado.
Base fragilizada
O presidente da FPT Industrial na América Latina, Marco Rangel, conta que é difícil desenvolver uma nova base de fornecedores porque o processo produtivo da empresa é altamente tecnológico, o que requer parceiros consolidados. "Nossos fornecedores dos tiers 2 e 3 sofreram muito. Alguns deles inclusive buscaram apoio do nosso banco."
Ele explica que a FPT concluiu no ano passado a linha completa de lançamentos dos novos motores para máquinas agrícolas e para construção dentro da nova legislação de emissões (MAR-I).
"Nossos investimentos continuaram mesmo com a crise e não poderíamos deixar de contar com nossa base de fornecedores", acrescenta.
O executivo garante que o objetivo da FPT é fortalecer ainda mais a base de fornecedores. "Precisamos garantir uma escala global de produção", pontua.
Porém, Rangel se diz cauteloso em relação à demanda do mercado, especialmente em veículos comerciais. Para se ter uma ideia da crise que se instalou no setor de autopeças, no ano passado a empresa utilizou aproximadamente 40% da capacidade instalada de pouco mais de 130 mil motores da planta de Sete Lagoas (MG).
"Atualmente, existe uma ampla frota ociosa de caminhões. Com a retomada da economia, ainda haverá um tempo até que os clientes voltem às compras", avalia Rangel.
O diretor da ZF se diz receoso em relação ao mercado automotivo. "Apesar dos sinais positivos, ainda existe uma sobra muito grande de capacidade na indústria", comenta Furtado.
Apesar de projetar uma demanda maior neste ano em relação a 2016, o executivo prefere não cravar o desempenho da ZF. "É difícil quantificar o quanto o mercado vai crescer porque o cenário ainda se mostra bastante instável", avalia.
Rangel, da FPT, também acredita que o Brasil passa por um momento que inspira cuidados. "Na nossa avaliação, a confiança melhorou um pouco, mas as medidas tomadas pelo governo federal devem ter resultados concretos somente no médio e longo prazo", pondera.
Apostas
O executivo da FPT relata que a empresa vai concentrar esforços na consolidação de seu novo portfólio de produtos para atravessar o período difícil que o mercado de autopeças ainda deve enfrentar no curto prazo.
"Estamos diversificando nosso portfólio com uma linha completa de produtos e tecnologias, inclusive no âmbito da legislação MAR-I", garante.
Ele acrescenta que o segmento de geradores de energia também deve ser um dos focos da empresa para este ano.
"Lançamos novos motores destinados ao mercado de geradores de energia. Queremos aumentar nosso market share neste segmento", conta.
Furtado, da ZF, se apoia na perspectiva de novos negócios para atacar a rentabilidade. "Nesse momento, nenhuma empresa da indústria de autopeças está conseguindo trabalhar com resultado positivo", revela o executivo.
Ele garante, porém, que a empresa continuará investindo no Brasil. "Acreditamos que essa crise, apesar de grave, é passageira. Nossa visão é que o mercado brasileiro voltará a crescer, ainda que de forma gradual."
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