Na terça-feira (14), durante o segundo dia da 28ª Semana de Tecnologia Metroferroviária (STMF), a 5ª Sessão Internacional concluiu que o setor metroferroviário deve, cada vez mais, dar atenção a um tripé fundamental para sua sustentação: tecnologia, comunicação e pessoas.
Com promoção da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP) e apoio institucional do Consulado do Canadá, o evento híbrido debateu o segmento em âmbitos nacional e internacional, reunindo diversos especialistas no Instituto de Engenharia, em São Paulo.

A Sessão Internacional, que teve coordenação da jornalista Ana Lúcia Lopes, vice-coordenadora da Comissão de Investimentos e Infraestrutura na Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) e diretora da AllMoving, contou com convidados como Márcio Francesquine, adido comercial do Consulado do Canadá, Joseph Weiss, cônsul geral adjunto do Consulado da Alemanha, Stefan Nemetz, vice-cônsul comercial do Consulado da Áustria, Luiz Fernando Nanô, diretor de Projetos de Infraestrutura do Consulado da Suíça, Thaís Araripe Dias, chefe da Procuradoria Jurídica da Valec, e Francisco Pierrini, diretor-presidente da ViaQuatro e ViaMobilidade.

Em sua introdução, Lopes destacou o conceito de Marketing 5.0 criado por Philip Kotler, citando que chegou o momento de as empresas acionarem o poder das tecnologias a favor da humanidade e contribuir para o bem-estar das pessoas. “Nessa nova era, tecnologias e pessoas têm o mesmo peso. Quando se fala em ferrovias, deve-se falar em pessoas e todos os desdobramentos advindos desse foco”, disse.

Francesquine afirmou que a pandemia provocou mudanças de mentalidades e que isso ficou claro quando começamos a sair dela. “Começamos algo que será percebido a médio e longo prazos. O transporte inteligente multimodal será a nova e grande tendência, seja para cargas como para passageiros. O principal gatilho para isso será a experiência, item fundamental daqui para frente”, defendeu.

Por sua vez, Weiss comentou como a Alemanha vem atuando com a nova tecnologia de células de combustível a hidrogênio. “A questão ambiental está muito clara na Alemanha. Mas essa ainda não é uma tecnologia amplamente usada. Em 2038, já não teremos mais trens movidos por combustíveis fósseis. O país vem se preparando para isso há dois anos, produzindo ou importando hidrogênio”, vaticinou o cônsul.

Em sua fala, Nanô comentou que a Suíça tem um modelo único de integração entre os sistemas aquaviário, rodoviário e ferroviário. “Houve uma integração entre os modais, não uma competição. A rede ferroviária, por exemplo, foi eletrificada muito cedo, mas ainda há muitos desafios para os próximos anos, que passam por mudanças climáticas, envelhecimento da população, novas tecnologias e sustentabilidade. Nesse novo cenário, o setor ferroviário tende a crescer e a população já começa a perceber que deve trocar o transporte particular pelo público”, contou.

Falando sobre a realidade do transporte de cargas no Brasil, Dias começou contando sobre a incorporação da EPL pela Valec, que criou a ISA (Infra SA). “O objetivo é sempre buscar a máxima eficiência dos recursos públicos. Para isso, a iniciativa privada é essencial. Estamos nos transformando na inteligência consultiva das autorizatárias”, disse. Segundo ela, os sete projetos de ferrovias que estão sendo desenvolvidos para os próximos dez anos devem movimentar perto de R$ 70 bilhões em investimentos. “Essa projeção tem tudo para acontecer”, completou.

No tocante ao transporte de passageiros, Pierrini salientou que o envolvimento cada vez maior com o cliente é um investimento para os próximos anos. Ele também falou dos planos do Grupo CCR, do qual fazem parte ViaQuatro e ViaMobilidade. “Investimos em tecnologias de comunicação para que o usuário tenha a informação que precisa, no local e tempo certos. Também investimos em capacitação e treinamento de nossos colaboradores para melhorar ainda mais essa experiência”, afirmou.

Encerrando o evento, Nemetz falou sobre o tamanho do setor ferroviário na Áustria. Apesar de não ter uma extensão territorial muito grande, o país conta com uma das maiores malhas ferroviárias da Europa e já se tornou o terceiro em transporte de cargas. “Temos um problema de logística por causa dos Alpes e a Áustria se especializou nesse sentido. O problema foi ‘resolvido’ com a construção de túneis. Nos próximos dez anos devem ser construídos mais túneis, que vão melhorar a logística. Com a melhoria da logística, por meio de soluções modais, com certeza vai crescer o volume de transporte ferroviário”, assegurou.

Serviço
28ª Semana de Tecnologia Metroferroviária e METROFERR Lounge Experience 2022
Data: 13 a 16 de setembro
Local: Instituto de Engenharia – São Paulo (SP)
Inscrições: neste link