G1
16/09/2021 11h00
O retorno das atividades comerciais após meses de paralisação devido à pandemia da Covid-19 veio mais forte do que o translado de mercadorias por contêineres e navios estava preparado para suprir, elevando o preço dos fretes e aumentando os prazos para a exportação e importação de produtos.
Por causa disso, na semana passada, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) enviou um ofício ao ministro da Infraestrutura,Tarcísio Gomes de Freitas, pedindo ações de curto prazo para resolver esses problemas. A carta foi assinada também por entidades do setor.
A falta de contêineres é motivada, principalme
...O retorno das atividades comerciais após meses de paralisação devido à pandemia da Covid-19 veio mais forte do que o translado de mercadorias por contêineres e navios estava preparado para suprir, elevando o preço dos fretes e aumentando os prazos para a exportação e importação de produtos.
Por causa disso, na semana passada, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) enviou um ofício ao ministro da Infraestrutura,Tarcísio Gomes de Freitas, pedindo ações de curto prazo para resolver esses problemas. A carta foi assinada também por entidades do setor.
A falta de contêineres é motivada, principalmente,pela alta demanda nos grandes portos exportadores, como Ásia, Estados Unidos e a Europa, que atraem os armadorespor serem mais rentáveiscomparado a outros países, como o Brasil, explica Wagner Rodrigo Cruz de Souza, diretor executivo da Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC).
Souza diz que,no auge da pandemia, estas nações não estavam exportando com a intensidade atuale, portanto, o Brasil não tinha problemas. Agora,a concorrência acirrada acabou levando mais contêineres e navios para essas outras rotas.
Além disso, devido à queda nas compras e vendas,o setor de contêineres deu um freio na produção desse material durante a pandemia. Com o reaquecimento da economia mundial,este fornecimento não consegue ser feito rapidamente, diz Thiago Pera, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
Esses empecilhos se somam a problemas antigos. Segundo representantes do setor, existe ainda afalta de estrutura nos portos para atender à demanda. Como exemplo, é dado o caso das plataformas que não são adaptadas para contêineres que medem 40 pés, apenas para o tamanho menor, que é o de 20 pés.
E também não háotimização no uso do espaço, com o trânsito de embarcações que não estão operando em seu potencial máximo, devido às inúmeras solicitações de contratação dos fornecedores.
Em julho, uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou que entre 128 empresas e associações industriais,mais de 70% relataram sofrer com a falta de contêineres ou navios e mais da metade passou por cancelamento ou suspensão de viagens programadas.
Noagronegócio, os setores mais afetados foram a carne e o algodão. Ainda assim, a área continua batendo recordes em exportação, apesar da sensação dos produtores de que estes dados poderiam ser maiores sem os obstáculos na cadeia de envios.
Mais tempo no porto
A escassez de contêineres também é motivada, em menor grau,pelas medidas sanitárias contra a Covid-19, que podem gerar a retenção das embarcações por até 15 dias quando um caso é identificado entre a tripulação.
Essa contenção tambémocorre quando há acidentes/imprevistos no geral, como do Canal de Suez.
"Tudo isso vai tirando a capacidade de transporte e por isso está faltando espaço nos contêineres e nas embarcações", diz Souza.
Duas consequências seguem estes problemas:o frete fica caro e grandes filas de navios se formam nos portos mais movimentados,que atraíram a contratação dos contêineres.
Apenas no porto de Santos, emSão Paulo,linhas que eram atendidas com frequência semanal passaram a ter de esperar cerca de 10, 11 ou 12 dias, gerando um volume maior de cargas destinadas à exportação retidas no porto, diz Wagner Souza da ABTTC.
Ainda assim,não há preocupações em relação à qualidade dos produtos embarcados, como as carnes, pois mesmo nos portos, ficam em ambientes refrigerados e têm prazos de qualidade longos, explica Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
Produtores maiores, para obter mais previsibilidade dos seus embarques,optam por contratos de médio e longo prazo destes transportes. Porém, opequeno produtor ou aquele que está adentrando neste mercado agora acaba sendo prejudicadopor não ter esse tipo de relação com as empresas, conta o presidente da ABPA.
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