Energia
DCI
17/09/2012 09h10 | Atualizada em 18/09/2012 12h21
As operadoras de ferrovias, grandes compradoras de máquinas pesadas e equipamentos e, no caso das que transportam pessoas, usuárias pesadas de eletricidade, podem ter tido, ainda que indiretamente, uma ótima notícia esta semana. O anúncio do governo federal de que as tarifas de energia elétrica no País cairão para a indústria até 28% (e 16,2% para os consumidores finais) deve significar uma representativa redução de custos ao setor, a qual pode ou não chegar aos passageiros (ou ao usuário do transporte ferroviário de carga).
Recompor as cada vez mais apertadas margens de lucro destas empresas também será um dos prováveis destinos da economia, que eventualmente for gerada com tal medida. "O menor custo elétrico ajudará o setor fer
...As operadoras de ferrovias, grandes compradoras de máquinas pesadas e equipamentos e, no caso das que transportam pessoas, usuárias pesadas de eletricidade, podem ter tido, ainda que indiretamente, uma ótima notícia esta semana. O anúncio do governo federal de que as tarifas de energia elétrica no País cairão para a indústria até 28% (e 16,2% para os consumidores finais) deve significar uma representativa redução de custos ao setor, a qual pode ou não chegar aos passageiros (ou ao usuário do transporte ferroviário de carga).
Recompor as cada vez mais apertadas margens de lucro destas empresas também será um dos prováveis destinos da economia, que eventualmente for gerada com tal medida. "O menor custo elétrico ajudará o setor ferroviário, ao menos em sua modalidade voltada ao transporte de passageiros", declarou ao DCI Rodrigo Vilaça, presidente-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). "Não vejo tal benefício, no entanto, estendendo-se em um primeiro momento também às transportadoras ferroviárias de cargas, que usam outras fontes de energia que não a elétrica", ponderou ele.
Vilaça observou que o foco destas últimas, no momento, é debater com o governo os ajustes que estão sendo levados adiante no marco regulatório que rege a atividade. E, se o preço da energia vai cair para as indústrias, nada mais lógico que as fabricantes de locomotivas e vagões tenham um estímulo a mais para se instalarem no País.
A Bombardier, uma das maiores players globais deste campo, inaugurou há poucos meses sua primeira fábrica de trens fora dos Estados Unidos e do Canadá (seu país de origem) em Hortolândia, no interior paulista, ao custo estimado de US$ 15 milhões. A planta industrial já nasceu com um contrato de mais de R$ 2 bilhões para fornecer 54 trens para a Linha 2 do metrô paulistano, que liga Vila Prudente a Cidade Tiradentes. Destes, 53 serão fabricados em Hortolândia. "A redução da tarifa de energia ao setor industrial é bastante positiva. O Brasil é hoje um dos maiores compradores mundiais de equipamentos para ferrovias, e queremos construí-los aqui", afirmou Bob Neddermeyer, diretor de Engenharia da Bombardier.
Com ele concorda Caio Luchesi, engenheiro da Siemens responsável pela venda de material rodante para ferrovias. "A energia elétrica é um dos insumos mais importantes para a indústria que serve ao setor ferroviário. Menos gasto com eletricidade nos ajudaria bastante", disse ele. Luchesi afirmou ontem ao DCI, em primeira mão, que a multinacional alemã cogita seriamente iniciar a fabricação de trens e vagões no Brasil, caso seja a escolhida para alguns dos grandes projetos de expansão ferroviária em curso no País. A empresa já possui uma unidade fabril na cidade paulista Cabreúva, voltada à manutenção destes equipamentos. A declaração foi dada durante o início da 18ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, evento que acontece na capital paulista .
Mercado aberto
Existem 16 sistemas metroferroviários em operação hoje no Brasil. Há desde empresas gigantescas, como o Metrô SP, que emprega quase 9.000 pessoas e conta com 150 trens e 900 vagões, até o Metrofor/Cariri, com 25 funcionários, três trens e seis vagões. Quase todas estas companhias são usuárias pesadas de energia elétrica (umas das poucas exceções é justamente o Metrofor/Cariri, que opera a diesel) e receberam com entusiasmo a notícia da redução do custo.
"Historicamente, os sistemas metroferroviários brasileiros contavam com um desconto de até 75% do preço que lhes era cobrado pela eletricidade. Infelizmente, ao longo das últimas duas décadas, estes subsídios foram sendo gradualmente retirados e, atualmente, praticamente se extinguiram", contou Flávio Medrano de Almada, CEO do Metrô Rio - que opera o sistema de transporte na capital fluminense.
"Nossa esperança é que tal redução no custo deste insumo traga, de certo modo, de volta às empresas os ganhos que uma tarifa menor lhes proporcionava. Assim poderemos investir mais em expansão das linhas e na melhora do atendimento a nossos usuários." Almada relatou ainda que energia e mão de obra, somados, correspondem a 80% dos custos do Metrô Rio.
De sua parte, José Geraldo Baião, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô de São Paulo, pondera que o custo menor da eletricidade (o qual começará a vigorar no início de 2013) terá um impacto positivo, em especial, nas finanças das empresas brasileiras de pequeno e médio porte da atividade. "Grandes operadoras metroferroviárias, como o metrô de São Paulo, compram sua energia no mercado aberto, a preços negociados. Já operadoras de menor porte não têm como agir assim; para elas, a queda dos custos de eletricidade deve ajudar bastante." Ele faz uma observação interessante a respeito: "Ao contrário do que era praxe até alguns anos atrás, hoje as empresas dedicadas ao transporte de pessoas sobre trilhos já não fazem mais contratos de longo prazo de compra de energia. Portanto, boa parte delas vai estar muito bem posicionada para usufruir dos baixos preços da eletricidade que em breve começarão a ser praticados no País", diz ele, otimista.
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