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Empresas privadas ameaçam desistir de Belo Monte

Setor privado se mostra insatisfeito com o custo e riscos da usina. Para governo, a queixa é

EcoAgência

18/02/2010 15h50 | Atualizada em 18/02/2010 17h53


A poucos dias da publicação do edital para a concessão da controversa usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), o setor privado ameaça desistir do projeto se o governo não elevar a tarifa-teto de R$ 68 por megawatt/hora no leilão.  A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

O problema estaria principalmente nos custos.  Segundo o setor privado, a tarifa-teto deveria ser de R$ 140, já que o custo da obra será entre R$ 23 bilhões a R$ 30 bilhões.  Para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a queixa é "choradeira" das construtoras, pois seria possível erguer a usina com R$ 16 bilhões, o que justificaria a tarifa de R$ 68.

Já o setor privado diz que o "aviso está dado" e que, nas condições postas, há risco real

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A poucos dias da publicação do edital para a concessão da controversa usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), o setor privado ameaça desistir do projeto se o governo não elevar a tarifa-teto de R$ 68 por megawatt/hora no leilão.  A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

O problema estaria principalmente nos custos.  Segundo o setor privado, a tarifa-teto deveria ser de R$ 140, já que o custo da obra será entre R$ 23 bilhões a R$ 30 bilhões.  Para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a queixa é "choradeira" das construtoras, pois seria possível erguer a usina com R$ 16 bilhões, o que justificaria a tarifa de R$ 68.

Já o setor privado diz que o "aviso está dado" e que, nas condições postas, há risco real de os dois consórcios já agrupados não se interessarem pelo negócio - o que transformaria em retumbante fracasso.

Segundo a Folha, diferentemente das duas usinas do rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), a quantidade de energia que será extraída de Belo Monte é muito inferior.

A obra no Xingu terá capacidade instalada de 11.233 MW e produzirá efetivamente 4.462 MW médios de energia assegurada, ou 39% da potência nominal.  Em Jirau, essa relação é de 59,8%; em Santo Antônio, de 70,4%.  A diferença ocorre porque, apesar de haver maior capacidade de geração de energia, a vazão de um rio oscila ao longo de cheias e secas.  Essa diferença ocorre em todas as hidrelétricas, em algumas -como Belo Monte- com mais força.

Além disso, as empresas dizem que não foram feitas sondagens geológicas suficientes para trazer previsibilidade para a obra.  Belo Monte prevê a construção de dois canais de até 35 km de comprimento e 500 m de largura, uma obra maior do que foi o canal da Panamá.

Consórcios
Tudo indica que o leilão de Belo Monte terá apenas dois consórcios interessados.  Segundo o jornal, o primeiro grupo já formado tem a construtora mineira Andrade Gutierrez, a Neoenergia (associação entre a Iberdrola, a Previ e o Banco do Brasil) e dois autoprodutores de energia: a Vale e a Votorantim.

O consórcio concorrente é liderado pelas empreiteiras que foram rivais na acirrada disputa pelas usinas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira (RO) - Camargo Corrêa e Odebrecht.  Nesse grupo deve estar também a CPFL Energia, controlada atualmente pela Camargo Corrêa.  Os autoprodutores desse grupo devem ser Braskem (Odebrecht e Petrobras) e, talvez, a Gerdau, maior grupo siderúrgico do País.

O governo tenta convencer o grupo Suez (que está construindo a hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira) a liderar um terceiro consórcio, para elevar a concorrência e reduzir a tarifa final no leilão.

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