Energia
O Estado de S. Paulo
14/05/2010 14h21 | Atualizada em 14/05/2010 17h53
BUENOS AIRES - Empresários amigos da presidente argentina Cristina Kirchner e do ex-presidente Néstor Kirchner estão de olho em partes da Petrobrás Energia, a subsidiária da petrolífera brasileira na Argentina. É o caso da empresa Electroingeniería, com sede na cidade de Córdoba, que estaria interessada, segundo fontes do mercado, em comprar a parte que a Petrobrás possui na companhia de distribuição de energia elétrica Edesur.
A Edesur abastece metade da capital argentina e parte da província de Buenos Aires. A Electroingeniería, famosa por suas boas relações com o casal Kirchner, adquiriu nos últimos anos estações de rádio que conta
...BUENOS AIRES - Empresários amigos da presidente argentina Cristina Kirchner e do ex-presidente Néstor Kirchner estão de olho em partes da Petrobrás Energia, a subsidiária da petrolífera brasileira na Argentina. É o caso da empresa Electroingeniería, com sede na cidade de Córdoba, que estaria interessada, segundo fontes do mercado, em comprar a parte que a Petrobrás possui na companhia de distribuição de energia elétrica Edesur.
A Edesur abastece metade da capital argentina e parte da província de Buenos Aires. A Electroingeniería, famosa por suas boas relações com o casal Kirchner, adquiriu nos últimos anos estações de rádio que contam com uma programação de notícias favoráveis ao governo. Além disso, segundo líderes da oposição no Parlamento, a empresa teria sido favorecida pelos Kirchner em obras públicas.
A Petrobrás está presente na Edesur desde que comprou, em 2003, a energética Pérez Companc, a última grande companhia de capital argentino no setor de energia. Atualmente a Petrobrás controla 48,5% da Distrilec, sociedade que é dona de 51,5% do capital da Edesur.
Novo negócio
Esta seria a segunda vez que a Electroingeniería e a Petrobrás negociam, já que em 2007 a empresa de Córdoba havia adquirido a parte da Petrobrás na empresa de transporte de energia elétrica Transener, que havia entrado no pacote original da compra da Pérez Companc.
Na ocasião, a compra foi feita pela Electroingeniería em aliança com a Enarsa, a mini estatal energética fundada pelo então presidente Néstor Kirchner. No entanto, a negociação foi favorável à Electroingeniería graças à pressão dos Kirchners, que bloquearam a operação que a Petrobrás pretendia realizar na época com a americana Eton Park.
Analistas em Buenos Aires afirmam que a Petrobrás está em processo de se desvencilhar de vários ativos para concentrar-se na exploração e produção de petróleo. Dessa forma, há poucos dias, vendeu parte de seus postos de gasolina e uma refinaria ao empresário Cristóbal López, um dos mais íntimos amigos do casal Kirchner.
López fechou um acordo para a compra da refinaria da Petrobrás em San Lorenzo, província de Santa Fe, além de parte da rede de comercialização de combustíveis, que conta com 360 pontos de venda e clientes associados. Os ativos da Petrobrás foram vendidos por US$ 36 milhões à Oil Combustibles S.A., a empresa de López. A Petrobrás também vendeu a López o petróleo existente na refinaria e seus diversos produtos por US$ 74 milhões. O total da operação é de US$ 110 milhões.
López é chamado de "o tzar do jogo" por seus investimentos em cassinos, também controla companhias de construção civil. Ele é suspeito de favoritismo em licitações de obras públicas por parte dos Kirchners. O colunista político Carlos Pagni ressalta que a refinaria de San Lorenzo produz asfalto, elemento de importância nas obras públicas das quais López participa.
Procurada pela Agência Estado, a assessoria de imprensa da Petrobrás Energía disse que "não ia fazer comentários sobre o assunto". Na Electroingeniería, os assessores negaram as negociações. O grupo da Electroingeniería concentra seus investimentos em obras públicas, mas desde que adquiriu a Transener, a companhia começou a diversificar os negócios. Além do setor de energia, o grupo também adquiriu ativos de comunicação.
Além da Electroingeniería, o empresário Alejandro Ivanissevich, dono da companhia Emgasud, também está interessado em ativos controlados pela Petrobrás na Argentina. Segundo informações do mercado, fez há poucos dias uma oferta pela parte que a Petrobrás possui na empresa TGS, que opera gasodutos na Argentina.
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