Assessoria de Imprensa
12/12/2022 09h09 | Atualizada em 12/12/2022 09h12
A Amazônia está no centro dos debates quando se trata de mudanças climáticas. Por sua importância para o Brasil e para o mundo, os especialistas participantes do BW Especial - Desenvolvimento Sustentável na Amazônia, avaliaram que é essencial a criação de uma política de estado para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, contribuindo para valorizar os povos originários, a comunidade local, os serviços ambientais, a bioeconomia, e preservar o bioma amazônico.
“A Amazônia é o nosso grande ativo para liderarmos a transição para uma economia de baixo carbono”, pontuou Raul Ju
...A Amazônia está no centro dos debates quando se trata de mudanças climáticas. Por sua importância para o Brasil e para o mundo, os especialistas participantes do BW Especial - Desenvolvimento Sustentável na Amazônia, avaliaram que é essencial a criação de uma política de estado para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, contribuindo para valorizar os povos originários, a comunidade local, os serviços ambientais, a bioeconomia, e preservar o bioma amazônico.
“A Amazônia é o nosso grande ativo para liderarmos a transição para uma economia de baixo carbono”, pontuou Raul Jungmann, diretor presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), no evento promovido pelo Movimento BW, uma iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), no dia 8 de dezembro.
Em sua análise, seria possível adotar um projeto semelhante ao do Cerrado brasileiro, onde foram aplicados conhecimento, ciência e tecnologia, com mecanismos de financiamento e suporte público e privado. “O investimento estaria focado em serviços ambientais, bioeconomia, conhecimento do ciclo da natureza e sequestro de carbono. Mas, não é possível replicar o que é feito em grandes centros industriais e de serviços, pois a Amazônia tem um bioma que não se adequa a certas atividades”, explicou Jungmann, que enfatizou que o Brasil precisa se organizar nessa questão, caso contrário os ciclos de pobreza e criminalidade na região continuarão.
Nesse sentido, Tulio Dias Brito, diretor de Sustentabilidade do Conglomerado Alfa e da Agropalma e membro do Comitê de Sustentabilidade da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), ponderou que são necessários na Amazônia um ambiente institucional seguro, para atrair investimentos, e uma infraestrutura adequada à região, ou seja, atendendo não apenas grandes empresas, mas também comunidades locais e povos originários, que são importantes para manter a floresta. “Quando as legislações e regras são aplicadas e as instituições são respeitadas o investidor de alto nível de integridade se sente atraído”, pontuou.
De acordo com Nelson Al Assal Filho, diretor de Normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é preciso ter um ambiente onde haja confiança e um novo modelo econômico, social e ambiental para envolver a Amazônia. “É a maior usina de ativos e serviços ambientais do mundo, impactando nosso país e o planeta. O centro-sul do Brasil deveria ser um deserto, mas a influência da Amazônia promove chuvas constantes na região”.
Na avaliação de Monica Saraiva Panik, diretora da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), mentora da SAE Brasil e curadora do Movimento BW, todas as atividades na Amazônia Legal deveriam ser sustentáveis, incluindo a geração de eletricidade, que tem grande potencial com a fonte solar. “A Amazônia gera 26% da energia elétrica do país, mas tem 1 milhão de pessoas que estão no escuro, recebendo o fornecimento de energia em apenas algumas horas do dia, por meio de geradores a diesel. Outros 3 milhões de habitantes da região estão fora do Sistema Interligado Nacional (SIN). Podemos substituir os geradores por micro usinas fotovoltaicas”, explicou.
Ela mostrou oportunidades de práticas sustentáveis na região, como a geração de energia a partir de resíduos plásticos, o uso de placas solares em embarcações fluviais para movimentar as embarcações e o excedente de energia ser usado para produção de hidrogênio e a reconversão do hidrogênio em eletricidade através de pequenos eletrolisadores e pequenos geradores de célula a combustível embarcados, o que possibilitaria que essas embarcações se tornassem geradores de eletricidade durante a noite para comunidades ribeirinhas.
Além disso, todos os setores da economia Amazônica deveriam ser sustentáveis como por exemplo o uso de veículos emissão zero na mineração. “Existem muitas iniciativas em prol da Amazônia, mas seria importante a unificação e integração desses atores. Talvez, seja o caso de se criar um Pacto da Amazônia para ser aplicado em todos os setores, com benefícios para a comunidade local e para a preservação das florestas e dos rios”.
Agro, mineração e normas técnicas
Durante BW Especial - Desenvolvimento Sustentável na Amazônia, o moderador Vagner Barbosa, do Movimento BW, questionou os participantes sobre a relação da Amazônia com seus setores de atuação. Jungmann afirmou que a mineração se faz de forma sustentável, por isso assumiu compromissos para mitigar a curva de emissões de carbono. Falou ainda que o segmento é contra o garimpo ilegal, que destrói a natureza e ameaça os povos originários, sendo ligado ao crime organizado. “É caso de polícia e precisa ser enfrentado”
No caso do agronegócio, o setor tem aplicado técnicas sustentáveis em sua produção e Brito afirmou que é importante ser e parecer sustentável. “Apenas 1% das propriedades rurais tem ligação ao desmatamento, enquanto 99% preserva o meio ambiente. Entretanto, todo o setor é penalizado. O desmatamento ilegal não é caso de agronegócio, é de polícia”.
Segundo Brito, na região do arco do desmatamento, há milhões de hectares de déficit de Reserva Legal, o que gera uma oportunidade para recuperação de florestas com ganhos econômicos, além da geração de sequestro de carbono. A seu ver, o Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) é um mecanismo fundamental para casos em que a produção não seja suficiente para oferecer qualidade de vida.
Em termos de normalização Al Assal Filho contou que a ABNT está desenvolvendo um conjunto de normas para identificar, definir e valorar os serviços ecossistêmicos, o que possibilitará a criação de financiamentos verdes para as comunidades locais. “Em primeiro lugar, a preservação, mas é necessário recompensar economicamente e gerar riqueza para manter a floresta de pé, que por si só é um estoque de carbono”, disse.
Uma ideia trazida por ele, que já é realidade, foi a aplicação de biotecnologia para fabricação de princípios ativos utilizados em fármacos, em parceria com comunidades tradicionais, que possuem o conhecimento sobre o bioma. Também comentou sobre a importância do Movimento BW, que leva conhecimento e propósito para a sociedade.
Corroborando com a ponderação de Al Assal Filho, Monica falou sobre o papel do Movimento BW para disseminar a discussão da questão da Amazônia, que é urgente e precisa de ações imediatas.
18 de dezembro 2024
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