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Deconcic divulga indicadores da construção

Produzido em parceria com a Ex Ante, relatório do Departamento da Indústria da Construção e Mineração da Fiesp espelha a situação do setor em setembro

FIESP

07/10/2021 11h00 | Atualizada em 07/10/2021 11h28


PRODUÇÃO DE MATERIAIS

Em julho, a produção industrial dos insumos típicos da construção civil cresceu 3% frente ao mesmo mês do ano passado, segundo a mais recente Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. Tal variação foi a menor do ano na comparação interanual, resultado da reversão do efeito base favorável, visto que foi a partir de julho de 2020 que a produção desses bens atingiu um patamar mais elevado na sequência da revisão das medidas restritivas de combate à pandemia da covid-19, como

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PRODUÇÃO DE MATERIAIS

Em julho, a produção industrial dos insumos típicos da construção civil cresceu 3% frente ao mesmo mês do ano passado, segundo a mais recente Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. Tal variação foi a menor do ano na comparação interanual, resultado da reversão do efeito base favorável, visto que foi a partir de julho de 2020 que a produção desses bens atingiu um patamar mais elevado na sequência da revisão das medidas restritivas de combate à pandemia da covid-19, como mostra o gráfico a seguir, que traz a série do índice de produção desses bens, sem ajuste sazonal. Em outros termos, a desaceleração da taxa de variação interanual já era esperada.

Em parte decorrência da mudança do efeito base, o crescimento acumulado do ano da produção dos insumos típicos apresentou a segunda desaceleração consecutiva, passando de 25,2% até junho para 21,3% até julho, após atingir 27% até maio, maior taxa do ano até o momento. Com relação à variação acumulada, nos últimos doze meses mostrou estabilidade, passando de 16,9% até junho para 16,7% até julho, o que se reflete na evolução da média móvel de 12 meses do índice do IBGE, apresentada no gráfico a seguir.

Já a produção da indústria geral teve um crescimento mais modesto, de 1,2%, na base de comparação interanual em julho, após a alta de 12,0% em junho frente ao mesmo mês de 2020. Novamente, parte dessa desaceleração decorre do patamar mais elevado de produção registrado a partir de julho do ano passado.

Na comparação mensal, porém, a produção da indústria nacional declinou 1,3% em julho frente ao mês anterior, já feito o ajuste sazonal, correspondendo ao segundo resultado negativo nessa base de comparação. Como destacou o IBGE, com esse resultado, a produção industrial fechou o mês de julho 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020. Com relação à taxa de variação acumulada no ano, esta sofreu nova desaceleração, passando de 12,9% até junho para 11% até julho. Por outro lado, a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses apresentou tendência oposta, acelerando de 6,6% até junho para 7% até julho. Considerando os dois grandes segmentos da indústria, a produção das Indústrias Extrativas voltou a ter variação negativa na comparação mensal, com queda de 1,2% em julho, já considerada a sazonalidade, após a retração de 0,5% apurada em junho. Em relação a julho de 2020, o resultado foi também negativo, após quatro meses de crescimento nessa comparação interanual, com queda de 2,7%.

No acumulado até julho, a produção dessas indústrias registra crescimento de 1,4%, desacelerando em relação ao acumulado no primeiro semestre (2,2%), enquanto a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses segue em terreno negativo, passando de -1,1% até junho para -1,4% até julho. A produção das Indústrias de Transformação também registrou em julho a segunda queda consecutiva na base de comparação mensal, com variação de -1,2%, com base nos dados ajustados pela sazonalidade. Assim como nos casos mencionados acima, a mudança do efeito base contribuiu para a desaceleração do crescimento da produção do conjunto dessas indústrias na comparação interanual, que passou de 13,1% em junho para apenas 1,7% em julho. Como resultado, a variação acumulada no ano passou de 14,5% até junho para 12,3% até julho. A taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, por sua vez, passou de 7,7% até junho para 8,2% até julho, ajudando a sustentar a expansão da indústria geral no mesmo período.

COMÉRCIO DE MATERIAIS

O volume de vendas do comércio varejista de materiais de construção apresentou em julho a segunda queda mensal consecutiva, de -2,3%, com base nos dados ajustados pela sazonalidade, após a retração de 3,7% em junho, segundo as informações da última Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE. Cabe registrar que o crescimento de 1,9% em junho das vendas desses produtos apontado na pesquisa referente àquele mês foi revisto pelo IBGE para a retração mencionada acima, de 3,7%, quando da mais recente edição da PMC.

Essa sequência de resultados pode ser vista no gráfico a seguir, que traz a série histórica do índice do volume de vendas do comércio varejista de materiais de construção do IBGE com ajuste sazonal. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas desses produtos apresentaram o primeiro resultado negativo do ano (-4,7%), em parte decorrente da forte recuperação dessas vendas registrada a partir de junho de 2020, o que torna a base de comparação mais elevada, como ilustra também o gráfico abaixo.

Tais resultados se refletem também na desaceleração do crescimento acumulado no ano, o qual passou de 21,5% até junho para 16,6% até julho. Movimento semelhante também é observado quando se considera a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, que passou de 22,0% até junho para 19,1% até julho.

Considerando o volume de vendas do comércio varejista nacional, no conceito mais restrito da pesquisa do IBGE, os resultados mensais mais recentes foram também revisados pelo IBGE quando da divulgação da PMC referente a julho. A queda de 1,7% das vendas do comércio no conceito restrito apurada em junho foi revista para uma alta de 0,9%, a qual foi seguida por uma nova variação positiva, de 1,2%, em julho, a quarta consecutiva com base na série de volume de vendas com ajuste sazonal.

Na comparação interanual, houve uma discreta desaceleração do crescimento, passando de 6,3% em junho para 5,7% em julho. O crescimento acumulado no ano, por outro lado, ficou estável, passando de 6,7% até junho para 6,6% até julho, o mesmo ocorrendo com a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, que permaneceu em 5,9% até julho, idêntica ao resultado acumulado até junho. As vendas do comércio varejista ampliado, que inclui, além dos segmentos do índice restrito, os segmentos de material de construção e de veículos, motos, partes e peças, tiveram alta de 1,1% em julho, já feito o ajuste sazonal, recuperando parte da queda registrada em junho (que foi revisada de -2,3% para -2,1% na última PMC).

Na comparação com o mesmo mês de 2020, a desaceleração do crescimento foi mais pronunciada do que no caso do índice de volume do comércio restrito. No caso do índice de comércio ampliado, a variação passou de 11,5% em junho para 7,1% em julho, o que se refletiu em parte na desaceleração da variação acumulada no ano das vendas, as quais passaram de 12,3% até junho para 11,4% até julho. Movimento oposto foi registrado para o caso da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a qual passou de 7,9% até junho para 8,4% até julho, impulsionada pelo aumento da expansão do volume de vendas de veículos, motos, partes e peças, a qual passou de 8,3% até junho para 11,7% até julho, nessa base de comparação.

CUSTOS DA CONSTRUÇÃO

Em agosto, a expansão do custo médio nacional da construção mostrou desaceleração. O índice geral relativo a esse custo avançou 0,99% na comparação com julho, depois da alta de 1,89% apurada em julho, de acordo com o Índice Nacional da Construção Civil do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) do IBGE. Vale destacar ainda que a variação mensal de agosto é a menor taxa observada desde agosto de 2020, quando atingiu 0,88%.

A variação acumulada do custo médio no ano, porém, seguiu em aceleração, passando de 13,49% até julho para 14,61% até agosto na comparação com o mesmo período do ano passado. Como apontou o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, em nota do IBGE, “os indicadores acumulados continuam apresentando maiores valores e crescendo sucessivamente porque estamos substituindo meses com menores índices de 2020”. O gráfico a seguir traz a comparação dessa variação acumulada no ano até agosto para os anos de 2015 a 2021. Com respeito à taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a aceleração iniciada em julho de 2020 prossegue, ainda que em ritmo menor do que o registrado nos últimos meses, com a taxa passando de 22,60% até julho para 22,74% até agosto.

A desaceleração da taxa de variação mensal do custo médio em agosto se deveu principalmente ao comportamento do índice referente ao custo médio dos materiais, que variou 1,62% frente ao mês de julho, correspondendo à menor taxa desde agosto de 2020, quando cresceu 1,60% na mesma base mensal. No acumulado até agosto, o custo médio dos materiais registra alta de 22,03%, superando o percentual apurado até julho (20,09%) e amplamente a variação acumulada no mesmo período de 2020 (3,94%), como mostra o gráfico.

Por outro lado, vale destacar a estabilidade da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, que passou de 37,67% até julho para 37,69% até agosto. Da mesma forma, o índice associado ao custo médio da mão de obra teve avanço relativamente modesto em agosto, de 0,08%, inferior à taxa registrada em julho (0,52%) e em linha com a taxa apurada em agosto de 2020 (0,09%), correspondendo à segunda menor taxa mensal de 2021 (superando apenas o resultado de fevereiro, de 0,02%).

O destaque do mês foram os dissídios em Santa Catarina e no Ceará. No acumulado do ano, a variação do custo da mão de obra passou de 5,24% até julho para 5,33% até agosto. A taxa de variação acumulada nos últimos doze meses voltou a ficar praticamente estável, passando de 6,04% até julho para 6,03% até agosto, após atingir 6,02% no acumulado até junho. Em termos monetários, o custo nacional médio em agosto foi de R$ 1.463,11 por metro quadrado, com R$ 866,89 correspondentes ao componente material e R$ 596,22, à mão de obra. Em termos regionais, os custos por metro quadrado em agosto foram de R$ 1.413,47 na região Norte, de R$ 1.378,49 no Nordeste, de R$ 1.526,39 no Sudeste, de R$ 1.547,75 no Sul e de R$ 1.424,02 no Centro-Oeste.

DEPÓSITOS DE POUPANÇA – SBPE

O saldo global de depósitos de poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) encerrou o mês de agosto em R$ 794,546 bilhões, segundo o mais recente Relatório de Poupança do Banco Central do Brasil. Considerada a inflação do período, esse saldo foi 1,3% inferior ao registrado no fechamento de julho e 5,5% menor do que aquele apurado no encerramento de agosto de 2020. Essa queda na comparação com o mesmo mês do ano passado é a terceira consecutiva no ano. Diferentemente do observado nos últimos quatro anos para o mês de agosto, a captação líquida do sistema foi negativa (-R$ 5,399 bilhões), como mostra o gráfico a seguir, que traz a série história do Banco Central do Brasil iniciada em 1995, a preços constantes de agosto de 2021.

Essa captação é o quinto resultado negativo do ano e decorreu (i) da queda do fluxo de depósitos em termos reais tanto na comparação com julho de 2021 (-1,3%) como na comparação com o mesmo mês de 2020 (-4,6%), e (ii) do crescimento real do fluxo de retiradas, de 3,4% frente ao de julho, e de 0,7% na comparação com agosto de 2020. O valor do rendimento creditado no mês (R$ 2,086 bilhões) voltou a apresentar alta real em agosto, mas com a magnitude da captação líquida negativa no mês, o saldo global resultante acabou sendo inferior ao de julho, como mencionado anteriormente.

FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS

Agosto marcou mais um mês de vigorosa expansão dos financiamentos imobiliários no país. O valor das operações contratadas com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que incluem os financiamentos para a construção e para a aquisição de imóveis, chegou a R$ 21,007 bilhões em agosto, segundo números da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e do Banco Central do Brasil. Ajustado pela inflação, esse montante foi o maior resultado mensal do ano e correspondeu a um crescimento em termos reais de 36,7% em relação ao valor apurado em agosto de 2020.

No acumulado entre janeiro e agosto, a expansão foi de 57,4%, também considerada a inflação, desacelerando discretamente em relação ao crescimento observado no acumulado até julho (61,6%). Com respeito à taxa de variação acumulada nos últimos doze meses em relação aos doze meses anteriores, esta apresentou também alguma desaceleração, passando de 57,4% até julho para 55,3% até agosto, com base igualmente nos dados ajustados pela inflação do período. Desagregando o conjunto das operações por segmento, o valor das operações para aquisição encerrou o mês de agosto em R$ 16,437 bilhões, o maior montante mensal do ano em termos reais.

Na comparação interanual, houve um crescimento real de 37,8% dessas operações frente a agosto de 2020. No acumulado até aquele mês, o valor desses financiamentos teve alta de 63,5%, em termos reais, desacelerando frente à taxa registrada até julho (68,7%). Ainda que siga em patamar elevado, a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses voltou a apresentar desaceleração, passando de 62,2% até julho para 59,9% até agosto, já considerada a inflação. As operações para a construção, por sua vez, totalizaram R$ 4,569 bilhões em agosto, igualmente o maior valor mensal do ano em termos reais, superando o montante registrado em igual mês de 2020 em 32,9%, já incorporada a inflação do período.

Entre janeiro e agosto, essas operações mostraram expansão real de 35,8%, praticamente em linha com a taxa registrada no acumulado até julho, de 36,4%. A taxa de variação acumulada das operações para a construção nos últimos doze meses, assim como no caso das operações para aquisição, voltou a mostrar alguma desaceleração, passando de 42,1% até julho para 40,5% até agosto, em termos reais. Com respeito ao número de unidades financiadas, o total no mês de agosto foi de 90.304, montante 128,6% superior ao total financiado no mesmo mês de 2020, o que levou o número financiado no ano para 589.419 unidades, ao qual corresponde um crescimento de 148,7% em relação ao mesmo período de janeiro-agosto do ano passado, quando foram financiadas 237.020 unidades.

As unidades financiadas para aquisição totalizaram 56.594 em agosto, alta de 67,6% na comparação interanual, e 390.315 nos primeiros oito meses de 2021, o que corresponde a um crescimento de 96,2% frente ao mesmo período de 2020. No caso das operações para construção, o número de unidades atingiu 33.710 em agosto e 199.104 no acumulado no ano, com expansão, respectivamente, de 486,9% na comparação interanual e de 422,6% na comparação com os oito primeiros meses de 2020.

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