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05/05/2022 11h00
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
A produção industrial dos insumos típicos da construção civil voltou a ter desempenho negativo em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, com uma queda de 9,3%, segundo a última Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. Esse é o sexto declínio consecutivo na base de comparação interanual. Como ilustra o primeiro gráfico a seguir, que traz o índice de produção desses bens a partir de 2012 sem ajuste sazonal, o patamar de produção do primeiro
...PRODUÇÃO DE MATERIAIS
A produção industrial dos insumos típicos da construção civil voltou a ter desempenho negativo em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, com uma queda de 9,3%, segundo a última Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. Esse é o sexto declínio consecutivo na base de comparação interanual. Como ilustra o primeiro gráfico a seguir, que traz o índice de produção desses bens a partir de 2012 sem ajuste sazonal, o patamar de produção do primeiro bimestre se manteve abaixo daquele registrado no mesmo período do ano passado, correspondendo a uma queda acumulada de 10,0% entre os bimestres.
Com isso, a variação acumulada nos últimos doze meses seguiu em desaceleração, passando de 6,2% no acumulado até janeiro para 4,4% até fevereiro, trajetória que pode ser observada no gráfico abaixo, pela evolução da média móvel de 12 meses do índice de produção desses bens.
Com respeito à produção da indústria geral, apesar do resultado positivo na margem em fevereiro, com alta de 0,7% frente a janeiro, feito o ajuste sazonal, nova queda foi registrada na comparação com o mesmo mês do ano passado, de 4,3%, correspondendo à sétima taxa negativa consecutiva nessa base de comparação. Além disso, o patamar de produção observado em fevereiro ainda se encontra 2,6% abaixo do nível anterior à pandemia da covid-19, que tem o mês de fevereiro de 2020 como referência. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, a produção da indústria nacional teve retração de 5,8% em relação ao primeiro bimestre de 2021, enquanto a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses passou de 3,1% até janeiro para 2,8% até fevereiro, ainda em trajetória de desaceleração.
Contrastando com o resultado negativo em janeiro, a produção das Indústrias Extrativas, um dos grandes segmentos da indústria geral, registrou expansão de 5,3% em fevereiro frente ao mês anterior, com base nos dados com ajuste sazonal. De acordo com o gerente da PIM, André Macedo, em nota do IBGE, o “setor extrativo teve uma queda importante em janeiro (-5,1%), por conta do maior volume de chuvas em Minas Gerais, naquele mês, o que prejudicou a extração do minério de ferro. Com a normalização das chuvas, houve uma regularização da produção”, o que contribuiu largamente para o resultado na margem em fevereiro.
Com isso, na comparação com mesmo mês de 2021, a produção teve modesto crescimento (0,9%), após a queda de 6,7% em janeiro na base comparação interanual. Como resultado, no primeiro bimestre, a produção dessas indústrias acumula uma queda de 3,2% em relação ao mesmo intervalo de tempo do ano passado, embora a taxa de variação acumulada nos últimos dozes meses tenha mostrado alguma recuperação, passando de 0,5% até janeiro para 1,0% até fevereiro.
Com respeito à produção das Indústrias de Transformação, segundo grande segmento da indústria nacional, em fevereiro houve um modesto crescimento (0,6%) frente ao mês anterior, considerada a sazonalidade, em contraste com a queda mensal de 2,0% apurada em janeiro. Na comparação com fevereiro do ano anterior, porém, houve um declínio de 4,9%, fazendo com que a produção desse segmento acumulasse uma retração de 6,1% no acumulado no primeiro bimestre do ano. De acordo com o observado desde setembro do ano passado, a taxa de variação acumulada em doze meses da produção desse conjunto de indústrias seguiu em desaceleração, passando de 3,5% até janeiro para 3,0% até fevereiro.
COMÉRCIO DE MATERIAIS
De acordo com a mais recente Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, o volume de vendas do comércio varejista de materiais de construção voltou a ter variação negativa (-0,4%) em fevereiro, a terceira retração mensal consecutiva de vendas, considerada a sazonalidade. Essa sequência de resultados negativos pode ser observada por meio do gráfico a seguir, que traz a série histórica do índice do volume de vendas do comércio varejista desses bens, com ajuste sazonal do IBGE.
É possível notar que a trajetória de declínio mensal das vendas de materiais iniciou-se ainda em julho de 2021, interrompida pontualmente em novembro. Na comparação com fevereiro do ano passado, o desempenho foi igualmente negativo, com queda de 8,0%, oitava retração consecutiva nessa base de comparação. Nesse contexto, as vendas desses produtos já acumulam uma variação negativa de 8,0% no primeiro bimestre do ano frente ao mesmo período de 2021, contribuindo para a continuidade da desaceleração da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, que passou de 2,9% até janeiro para 1,0% até fevereiro.
Em contraste, o volume de vendas do comércio varejista no conceito mais restrito da pesquisa do IBGE teve em fevereiro o seu segundo resultado positivo consecutivo, com variação de 1,1% em relação a janeiro, com base nas informações com ajuste sazonal, após a alta de 2,1% no primeiro mês do ano. Frente a fevereiro de 2021, o crescimento foi de 1,3%, a primeira taxa positiva de variação desde julho de 2021 nessa base de comparação interanual. Como resultado, no primeiro bimestre do ano as vendas do comércio varejista ficaram praticamente estáveis (-0,1%) frente ao mesmo período de ano anterior, o que contribuiu para sustentar a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a qual passou de 1,3% até janeiro para 1,7% até fevereiro.
O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que reúne, além dos segmentos do índice restrito, os segmentos de material de construção e de veículos, motos, partes e peças, teve igualmente um desempenho positivo em fevereiro, com crescimento de 2,0% frente a janeiro, feito o ajuste sazonal, e de 0,3% na comparação com fevereiro de 2021, interrompendo seis meses consecutivos de retração nessa base de comparação interanual. No acumulado do primeiro bimestre, no entanto, o desempenho é negativo (-0,6%) na comparação com o mesmo período do ano passado, apesar da contribuição positiva das vendas do segmento de veículos, motos, partes e peças, que avançaram 1,5% no acumulado do ano. A taxa de variação acumulada nos últimos doze meses mostrou discreta aceleração, passando de 4,6% até janeiro para 4,8% até fevereiro.
CUSTOS DA CONSTRUÇÃO
O custo médio nacional da construção, mensurado pelo Índice Nacional da Construção Civil do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) do IBGE, subiu 0,99% em março em relação ao mês anterior, constituindo-se a maior taxa mensal do ano e a mais alta desde novembro de 2021, quando esses custos avançaram 1,07% no mês. Por outro lado, o resultado de março ficou abaixo da taxa apurada em idêntico mês do ano passado (1,45%). No acumulado do primeiro trimestre do ano, a expansão do custo médio atingiu 2,29%, inferior à variação observada no mesmo período de 2021 (4,84%), como mostra o gráfico abaixo, que compara, desde 2015, o resultado acumulado no ano até março.
Como registrado em boletins anteriores, a variação acumulada no corrente ano ainda supera a taxa observada entre 2017 e 2020, a qual não foi maior do que 1,2%, como ilustra da mesma forma o gráfico. Ao se avaliar a evolução da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a trajetória de desaceleração observada desde agosto de 2021 (quando essa taxa atingiu 22,74%) teve continuidade, com essa variação passando de 16,28% até fevereiro para 15,75% até março.
O custo médio dos materiais, componente do custo médio nacional, registrou a menor variação mensal do ano em março (0,48%), sendo também a menor taxa desde julho de 2020. Com isso, a variação acumulada no ano até março ficou em 1,89%, consideravelmente abaixo da variação apurada no mesmo período de 2021, quando atingiu 7,70%. Assim como ocorreu em janeiro e fevereiro, a menor pressão advinda do custo dos materiais voltou a contribuir para uma expansão mais contida do custo médio total em março. Essa menor pressão pode ser também captada pela persistência da desaceleração da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a qual passou de 23,29% até fevereiro para 21,21% até março, trajetória baixista iniciada em agosto de 2021 (quando a variação foi de 37,69% até aquele mês).
Quanto ao segundo componente do custo médio, o custo médio da mão de obra teve alta de 1,75% em março, a maior taxa mensal desde junho de 2020, superando largamente o resultado de fevereiro (0,23%) e o resultado do mesmo mês de 2021 (0,47%). De acordo com o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, esse aumento da mão de obra é “decorrente de reajustes captados em uma parcela das categorias e dos acordos coletivos que estão sendo praticados”, conforme declaração divulgada pelo IBGE. Como resultado, esse custo acumulou no primeiro trimestre uma alta de 2,87%, enquanto a taxa de variação acumulada em doze meses seguiu em trajetória de aceleração, passando de 7,10% até fevereiro para 8,46% até março, maior taxa nessa base de comparação desde abril de 2017.
Em termos monetários, o custo nacional médio chegou a R$ 1.549,07 por metro quadrado em março, com R$ 927,28 correspondendo ao componente material e R$ 621,79, à mão de obra. Em termos regionais, os custos por metro quadrado foram de R$ 1.551,07 na região Norte, de R$ 1.453,09 na região Nordeste, de R$ 1.606,30 no Sudeste, de R$ 1.614,83 no Sul e de R$ 1.548,88 na região Centro-Oeste.
EMPREGO
No primeiro bimestre do ano, o nível médio do pessoal ocupado com carteira assinada na cadeia produtiva da construção brasileira teve expansão de 10,6% em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com estimativas feitas com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência. Apesar dessa taxa ter ficado pouco abaixo daquela registrada em janeiro (10,9%), ela foi idêntica à variação anual observada quando do encerramento de 2021.
Considerando apenas o número estimado de pessoas empregadas em fevereiro no conjunto dos elos da cadeia (5.837.268), o crescimento foi de 10,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nesta base de comparação, ainda que a taxa de crescimento se mostre em patamar historicamente alto, ela vem desacelerando desde julho de 2021, quando chegou a 14,0% na comparação com o mesmo mês de 2020, a maior taxa de variação interanual no período recente.
Vale notar que o crescimento interanual elevado observado no segundo semestre de 2021 reflete (i) a recuperação do nível de ocupação da cadeia em relação a 2020, período em que os efeitos das medidas de combate à disseminação da pandemia da covid-19 no país foram mais intensos sobre a atividade econômica; e (ii) o efeito base, com o nível do pessoal ocupado mais deprimido em 2020. Por fim, cabe destacar que foram criados 546.536 postos de trabalho com carteira assinada em toda a cadeia produtiva da construção entre os meses de fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022.
Com relação ao nível médio do pessoal ocupado em cada um dos elos da cadeia no primeiro bimestre do ano, o segmento de serviços, o qual inclui engenharia, arquitetura e atividades técnicas relacionadas, foi o que apresentou maior expansão, de 13,3%, frente aos dois primeiros meses de 2021, o que correspondeu a 35,3% da variação do nível médio de ocupação de toda a cadeia nessa base de comparação, a segunda maior contribuição. O elo da construção registrou a segunda maior taxa de expansão do nível de emprego formal, com alta de 10,5%, respondendo pela maior contribuição (42%) da expansão do pessoal ocupado em toda a cadeia no primeiro bimestre. No caso da indústria de materiais, máquinas e equipamentos, o emprego avançou 7,9% no bimestre, com contribuição de 9,4% para o crescimento do pessoal ocupado na cadeia, seguido pelo segmento do comércio atacadista e varejista de materiais, com expansão de 8,5% nesse período, correspondendo a 13,3% da variação registrada do emprego na cadeia em idêntico intervalo de tempo.
FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS
As operações contratadas com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que englobam os financiamentos para a construção e para a aquisição de imóveis, totalizaram R$ 11,829 bilhões em fevereiro, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e do Banco Central do Brasil. Diferentemente do observado em janeiro, quando o montante dessas operações superou o resultado do mesmo mês de 2021 em 1,3%, após o ajuste dos dados pela inflação, foi registrada uma queda de 18,3% em fevereiro, também em termos reais, nessa comparação interanual. Dessa forma, no primeiro bimestre do ano, o valor dessas operações ficou 8,4% abaixo do montante registrado no mesmo período do ano passado, descontada a inflação. Tal resultado sustentou a desaceleração da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses dessas operações, iniciada ainda no segundo semestre de 2021, a qual passou de 28,8% até janeiro para 23,7% até fevereiro, já incorporada a inflação do período.
Considerando as operações destinadas à aquisição, elas atingiram R$ 9,261 bilhões em fevereiro, o que representou uma queda de 29,2% em termos reais frente ao mesmo mês do ano passado, a maior queda nessa base de comparação desde dezembro de 2017, o que contribuiu para uma retração de 13,8%, igualmente em termos reais, no acumulado no primeiro bimestre do ano em relação ao mesmo período de 2021. Como resultado, a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses seguiu em desaceleração, a qual influencia largamente o resultado agregado, passando de 36,2% até janeiro para 28,1% até fevereiro, descontada a inflação.
O desempenho das operações contratadas para construção, por sua vez, apresentou desempenho positivo em fevereiro, com R$ 2,568 bilhões em financiamento e com alta de 83,6% em termos reais em relação ao mesmo mês do ano passado, ainda que pese a base de comparação mais reduzida naquele mês. No primeiro bimestre, o crescimento acumulado dessas operações foi de 19,8%, considerada a inflação. Nesse contexto, a trajetória de desaceleração da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, iniciada ainda em junho de 2021, foi revertida, com essa taxa passando de 5,3% até janeiro para 9,0% até fevereiro em termos reais.
No segundo mês do ano, foram financiadas 51.974 unidades com recursos do SBPE, das quais 19.505 unidades corresponderam a operações para construção e 32.469 unidades para aquisição. Na comparação com os dados de fevereiro de 2021, o crescimento do número total de unidades financiadas foi de apenas 2,5%, o menor desde março de 2018 nesta base de comparação interanual, resultado da queda de 19,3% o número de unidades financiadas para aquisição. O número de unidades financiadas para construção, por outro lado, avançou 85,8% na comparação com o número apurado em fevereiro de 2021, de 10.499 unidades.
Com a recuperação do número de unidades financiadas nesta última categoria ao longo do ano passado, a expectativa é de que as taxas sejam mais modestas a partir de março, por um efeito da base de comparação mais elevada. Na comparação no acumulado no ano, no primeiro bimestre, o número total de unidades financiadas teve variação positiva, com alta de 6,3% em relação ao mesmo período de 2021, sendo que para o caso das unidades financiadas para construção o crescimento foi de 28,9%, contrastando com a queda de 3,2% no número de unidades financiadas para a aquisição no acumulado nos dois primeiros meses do ano.
18 de dezembro 2024
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