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Custo da construção desacelera, mostram indicadores da Fiesp

A 6ª edição do boletim “Indicadores da construção” traz dados atualizados do setor

Fiesp

03/02/2022 11h00 | Atualizada em 03/02/2022 12h05


PRODUÇÃO DE MATERIAIS

A produção industrial dos insumos típicos da construção civil registrou retração de 7,9% em novembro de 2021 em relação ao mesmo mês do ano anterior, a terceira queda consecutiva nessa base de comparação, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. Vale registrar que tal variação foi menos expressiva do que aquela apurada em outubro, quando o nível de produção desses bens foi 9,7% inferior ao apurado no mesmo mês de 2020. Ainda que o efeito base associado

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PRODUÇÃO DE MATERIAIS

A produção industrial dos insumos típicos da construção civil registrou retração de 7,9% em novembro de 2021 em relação ao mesmo mês do ano anterior, a terceira queda consecutiva nessa base de comparação, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. Vale registrar que tal variação foi menos expressiva do que aquela apurada em outubro, quando o nível de produção desses bens foi 9,7% inferior ao apurado no mesmo mês de 2020. Ainda que o efeito base associado ao patamar mais elevado de produção desses insumos a partir de julho de 2020, por conta da flexibilização das medidas restritivas de combate à pandemia da covid-19, tenha contribuído para a evolução relativa da produção nos últimos meses, é possível observar uma perda de dinamismo no curto prazo, como apontado em boletins anteriores.

O primeiro gráfico a seguir, que apresenta a série do índice de produção desses bens do IBGE desde 2012, sem ajuste sazonal, ilustra esse último ponto, particularmente quando se considera o padrão sazonal de crescimento da produção na passagem de setembro para outubro, o que não foi observado em 2021. Nesse contexto, a desaceleração da taxa de variação acumulada no ano teve continuidade pelo sexto mês consecutivo, passando de 12,1% até outubro para 10,0% até novembro. Evolução semelhante tem sido observada para o caso da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a qual passou de 12,8% até outubro para 10,8% até novembro.

A produção da indústria geral voltou a declinar em novembro, tanto na comparação mensal como na interanual. Com retração de 0,2% frente a outubro, com base na série com ajuste sazonal, a produção industrial já acumula seis meses consecutivos de resultados mensais negativos, com redução acumulada de 4,0% nesse período. Na comparação com novembro de 2020, a queda foi de 4,4%, inferior à registrada em outubro (-7,8%), mas a quarta retração interanual consecutiva.

O enfraquecimento recente da produção da indústria nacional – a qual ainda “sofre os efeitos da pandemia mundial, que provocou o desabastecimento de alguns insumos e encareceu o custo da produção”, como destaca André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE em nota do instituto – também se reflete na contínua desaceleração da taxa de variação acumulada no ano, a qual passou de 5,7% até outubro para 4,7% até novembro, o mesmo sendo observado quanto à variação acumulada nos últimos doze meses, que passou de 5,6% até outubro para 5,0% até novembro.

A produção das Indústrias Extrativas, por sua vez, registrou desempenho positivo em novembro, com expansão de 5,1% frente ao mês anterior, já considerada a sazonalidade, recuperando parte da queda registrada em outubro (-10,0%); e expansão de 5,0% na comparação com novembro de 2020, em contraste com a queda de 4,7% registrada em outubro na base de comparação interanual. Como resultado, a variação acumulada no ano da produção dessas indústrias mostrou discreta recuperação, passando de 0,6% até outubro para 1,0% até novembro. De forma complementar, a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses deixou o campo negativo, saindo de -0,6% até outubro para 0,6% até novembro.

Por outro lado, em novembro, a produção das Indústrias de Transformação teve novamente evolução negativa, com queda de 0,4% na comparação com outubro (sexta retração mensal consecutiva), feitos os ajustes sazonais, e de 5,5% frente a novembro de 2020, ainda que esta última taxa tenha ficado abaixo daquela apurada em outubro (-8,2%) na mesma base de comparação. No acumulado no ano, a produção desse conjunto de indústrias registra crescimento de 5,2%, desacelerando em relação à taxa observada até outubro (6,4%), o mesmo sendo observado para o caso da variação acumulada nos últimos doze meses, a qual passou de 6,5% até outubro para 5,6% até novembro.

COMÉRCIO DE MATERIAIS

Após cinco meses consecutivos de queda na comparação com o mês anterior, o volume de vendas do comércio varejista de materiais de construção registrou crescimento de 0,8% em novembro de 2021, com base na série ajustada pela sazonalidade. As informações são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE. Essa reversão pontual na margem é apresentada no gráfico a seguir, que traz a série histórica do IBGE para o índice de volume de vendas do comércio varejista desses bens com ajuste sazonal. O resultado de novembro, como se pode ver, interrompeu a trajetória declinante das vendas de materiais iniciada ainda em junho.

Na comparação interanual, porém, o volume de vendas de materiais seguiu em declínio, com retração de 4,1% frente a novembro de 2020. Cabe notar que a magnitude dessa queda foi bastante inferior àquelas registradas em setembro (-10,1%) e outubro (-14,1%), na comparação com os mesmos meses do ano anterior. Assim, como vem sendo observado desde junho, a taxa de variação acumulada no ano voltou a registrar desaceleração, passando de 6,7% até outubro para 5,6% até novembro, o mesmo sendo registrado para o caso da taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a qual passou de 8,5% até outubro para 6,6% até novembro, consolidando o cenário de um crescimento das vendas de materiais da ordem de 6,0% em 2021, inferior ao desempenho anual registrado em 2020 (10,8%), mas superior ao dos anos de 2018 (3,5%) e de 2019 (4,2%).

Com a incorporação do dado de novembro e do ajuste sazonal, a evolução do volume de vendas do comércio no conceito mais restrito da pesquisa do IBGE registrada em outubro (-0,1%) passou a ser positiva (0,2%), sendo seguida por nova alta em novembro (0,6%), também com base na série com ajuste sazonal. Na comparação com o mesmo mês de 2020, as vendas do comércio voltaram a recuar (-4,2%) em novembro, configurando a quarta queda consecutiva nessa base de comparação. No acumulado do ano, as vendas do comércio varejista seguiram em desaceleração, passando de 2,6% até outubro para 1,9% até novembro. Evolução idêntica teve a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, que passou também de 2,6% até outubro para 1,9% até novembro.

O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui, além dos segmentos do índice restrito, os segmentos de material de construção e de veículos, motos, partes e peças, teve modesto crescimento em novembro (0,5%) em relação ao mês de outubro, já incorporada a sazonalidade, interrompendo três meses consecutivos de resultados negativos. Frente a novembro de 2021, as vendas do comércio ampliado declinaram 2,9%, inferior à queda do mês anterior (-7,0%), constituindo-se na quarta retração consecutiva na base de comparação interanual. No acumulado até novembro, a queda nas vendas dessa agregação de segmentos foi de 5,3%, desacelerando em relação ao acumulado até outubro (6,3%). Finalmente, quanto à taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a desaceleração iniciada ainda em agosto teve continuidade, com a taxa passando de 5,7% até outubro para 5,1% até novembro.

CUSTOS DA CONSTRUÇÃO

Em dezembro, o custo médio nacional da construção variou 0,52% em relação ao mês anterior, o que representou a menor taxa de variação mensal de 2021, ficando, adicionalmente, abaixo da taxa apurada em dezembro de 2020, de 1,94%. Os dados se referem ao Índice Nacional da Construção Civil do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) do IBGE. Como resultado, o custo médio acumulou uma alta de 18,65% em 2021 frente ao ano anterior, superando em 8,49 pontos percentuais do resultado de 2020 (10,16%), como ilustra o gráfico a seguir. Além disso, como apontou o IBGE em nota, essa variação foi a maior taxa anual da série com desoneração, iniciada em 2013.

Por meio do gráfico, é possível também notar a clara mudança de patamar observada nos anos de 2020 e 2021 em relação à variação anual do custo médio entre 2015 e 2019. Por outro lado, vale ressaltar que a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses do custo médio vem desacelerando desde agosto de 2021, quando atingiu 22,74%. Tal evolução sugere uma trajetória de desaceleração ao longo de 2022, ainda que a referida taxa de variação acumulada possa permanecer em patamar historicamente elevado ao longo deste período.

A aceleração da variação anual do custo médio nos últimos dois anos esteve diretamente relacionada à trajetória de um de seus componentes, o índice relativo ao custo dos materiais. Assim como no caso do índice agregado do custo médio, o custo dos materiais registrou em dezembro a menor taxa de variação do ano (0,76%), inferior igualmente ao observado no mesmo mês de 2020 (3,39%). Em contrapartida, o custo médio dos materiais fechou 2021 com crescimento de 28,12%, superando largamente o resultado de 2020 (17,28%) e refletindo uma forte aceleração em relação aos anos anteriores, como mostra o gráfico. A mesma ressalva pode ser feita no caso do custo médio dos materiais: a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses mostra desaceleração relevante desde agosto de 2021, quando a taxa chegou a 37,69%. Caso essa desaceleração continue, ela pode alimentar uma trajetória baixista do índice agregado em 2022.

A evolução do índice relativo ao custo médio da mão de obra na passagem de 2020 para 2021 também contribuiu para a aceleração do índice geral nesse período. Com variação de 0,15% em dezembro, a terceira menor do ano e pouco abaixo da taxa registrada em dezembro de 2020 (0,18%), o segundo componente do custo médio encerrou o ano passado com variação de 6,78%, superando em 4,44 pontos percentuais a variação apurada em 2020 (2,33%), conforme apresentado no gráfico a seguir. Diferentemente do caso do índice associado ao custo dos materiais, o índice relativo ao custo da mão de obra não mostrou desaceleração nos últimos meses quando se considera a taxa de variação acumulada em doze meses como referência. A taxa mais elevada registrada nessa base de comparação se deu em outubro (6,88%), pouco acima da taxa do fechamento do ano.

Em termos monetários, o custo nacional médio atingiu R$ 1.514,52 por metro quadrado em dezembro, com R$ 910,06 correspondendo ao componente material e R$ 604,46 à mão de obra. Em termos regionais, os custos em dezembro, por metro quadrado, foram de R$ 1.506,36 na região Norte, de R$ 1.418,32 na região Nordeste, de R$ 1.572,22 no Sudeste, de R$ 1.594,85 no Sul e de R$ 1.503,31 na região Centro-Oeste.

DEPÓSITOS DE POUPANÇA – SBPE

O saldo global de depósitos de poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) encerrou 2021 em R$ 790,109 bilhões, de acordo com o Relatório de Poupança do Banco Central do Brasil. Tal valor foi 0,5% maior do que o apurado em fins de novembro, já considerada a inflação, representando a primeira variação positiva na comparação mensal desde julho de 2021. Por outro lado, com respeito ao saldo apurado em dezembro de 2020 (de R$ 882,070 bilhões, a preços de 7 dezembro de 2021), houve uma redução de 10,4% no último mês de 2021, também em termos reais, sétimo resultado negativo consecutivo na base de comparação interanual. Após quatro meses seguidos de captações líquidas negativas, o mês de dezembro trouxe um resultado positivo, seguindo o padrão histórico para o último mês do ano, como ilustra o gráfico a seguir, que traz a série histórica do Banco Central do Brasil iniciada em 1995, a preços constantes de dezembro de 2021, para as captações registradas no referido mês de dezembro. Esse padrão, vale notar, é influenciado, dentre outros fatores, pelo pagamento do décimo terceiro salário.

Como mostra o gráfico, a captação em dezembro passado foi de R$ 6,138 bilhões, a menor desde 2011 e consideravelmente abaixo do patamar observado entre 2017 e 2020, cuja média superou os R$ 16 bilhões anuais, já considerada a inflação. Dessa maneira, o ano de 2021 se encerrou com apenas quatro meses de captações líquidas positivas (além de dezembro, os meses de abril, junho e julho). Como já observado em boletim anterior, no período recente, apenas nos anos recessivos de 2015 e de 2016 foi registrado número tão baixo de meses com resultados positivos, com um mês e dois meses, respectivamente.

FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS

As operações contratadas com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que incluem os financiamentos para a construção e aquisição de imóveis, somaram R$ 16,815 bilhões em novembro, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e do Banco Central do Brasil. Já incorporando a inflação do período, esse montante foi 2,0% inferior ao observado em outubro. Por outro lado, na comparação com o resultado de novembro de 2020, houve crescimento de 3,1% também em termos reais, taxa esta que superou o desempenho de outubro (1,7%) nessa mesma base de comparação.

Ainda que siga muito elevado, o crescimento acumulado no ano do valor dessas operações voltou a registrar desaceleração, passando de 43,7%, até outubro para 39,0% até novembro, em termos reais. Quanto à taxa de variação acumulada nos últimos doze meses em relação aos doze meses anteriores, a desaceleração iniciada em agosto prosseguiu, com a taxa passando de 45,3% até outubro para 41,0% até novembro. Como destacado em boletim anterior, apesar dessa trajetória de desaceleração, a taxa de expansão dessas operações se encontra ainda em patamar historicamente elevado, particularmente com respeito ao observado desde 2010.

Considerando apenas as operações para aquisição, estas totalizaram R$ 13,809 bilhões em novembro, superando o valor apurado em outubro em 1,0%, já considerada a inflação. Na comparação com novembro do ano anterior, a expansão foi de 8,8%, em termos reais, indicando a continuidade da desaceleração das taxas de crescimento na comparação interanual em relação ao observado nos meses recentes – alta de 20,1% em setembro e de 10,4% em outubro, após atingir a taxa máxima do ano em maio (102,3%). Entre janeiro e novembro, essas operações tiveram alta de 46,1%, desacelerando em relação ao apurado até outubro (51,0%). Finalmente, considerando a variação acumulada nos últimos doze meses, esta passou de 51,9% até outubro para 47,3% até novembro.

A evolução do valor das operações para a construção em novembro, por outro lado, foi relativamente mais fraca, totalizando R$ 3,005 bilhões – montante 14,1% inferior ao de outubro, em termos reais. Em relação ao valor registrado em novembro de 2020, a queda foi de 16,9%, pouco abaixo da verificada em outubro (-22,3%) na comparação frente ao mesmo mês do ano anterior, também em termos reais. No ano, houve nova desaceleração da expansão (iniciada ainda em junho), com o crescimento acumulado passando de 19,0% até outubro para 15,0% até novembro, já incorporada a inflação aos dados. Com respeito à taxa de variação acumulada das operações para a construção nos últimos doze meses, esta passou de 24,5% até outubro para 20,7% até novembro, em termos reais, crescimento este ainda em patamar ainda elevado.

Em novembro, foram financiadas 67.203 unidades com recursos do SBPE, das quais 19.316 corresponderam a operações para construção e 47.887 unidades para aquisição. O número total foi 45,3% superior ao número de unidades financiadas em novembro de 2020, menor variação interanual do ano, ainda que bastante expressiva. Na mesma base de comparação, a alta do número de unidades para construção foi de 193,0%, enquanto o número relativo à aquisição foi de 20,8% maior do que o apurado no penúltimo mês de 2020. Entre janeiro e novembro, o total de unidades financiadas chegou a 801.576, número 116,1% maior do que aquele registrado no mesmo intervalo de tempo do ano anterior (370.846), sendo 537.505 para aquisição (alta acumulada de 72,1% frente ao período janeiro-novembro de 2020) e 264.071 para construção (expansão acumulada de 351% na mesma comparação).

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