Energia
Reuters
11/03/2010 14h04
O setor brasileiro de energia elétrica, ainda pulverizado se comparado a outros países, caminha para um cenário de poucos grupos dominantes e forte apoio estatal.
A possibilidade de que a CPFL Energia, do grupo Camargo Corrêa, controle também as empresas Neoenergia e Brasiliana; e a Cemig, do governo mineiro, compre a Ampla Energia, é vista como positiva pela maioria dos analistas e por especialistas do setor.
A CPFL possui oito empresas de distribuição de energia, a maioria no Estado de São Paulo, o mais rico do país, representando 13,3 por cento do mercado nacional. Em geração de energia, a companhia possui 19 pequenas usinas hidrelétricas e 1 termelétrica, todas em território paulista.
A CPFL tem entre os princ
...O setor brasileiro de energia elétrica, ainda pulverizado se comparado a outros países, caminha para um cenário de poucos grupos dominantes e forte apoio estatal.
A possibilidade de que a CPFL Energia, do grupo Camargo Corrêa, controle também as empresas Neoenergia e Brasiliana; e a Cemig, do governo mineiro, compre a Ampla Energia, é vista como positiva pela maioria dos analistas e por especialistas do setor.
A CPFL possui oito empresas de distribuição de energia, a maioria no Estado de São Paulo, o mais rico do país, representando 13,3 por cento do mercado nacional. Em geração de energia, a companhia possui 19 pequenas usinas hidrelétricas e 1 termelétrica, todas em território paulista.
A CPFL tem entre os principais sócios, além da Camargo Corrêa, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, que também está no bloco de controle da Neoenergia. Esta última, por sua vez, conta ainda com a espanhola Iberdrola e o próprio BB entre os sócios.
"A CPFL tem 13 por cento do mercado de distribuição e é a maior do país. No mundo inteiro o setor é mais concentrado", disse o chefe do Departamento de Pesquisa da Raymond James na América Latina e responsável pelo acompanhamento do setor elétrico, Ricardo Cavanagh.
De acordo com ele, o setor de distribuição de energia, que concentraria a grande movimentação do setor (visto que é possível que a aquisição da Neoenergia inclua apenas as distribuidoras Coelba, Cosern e Celpe, no Nordeste), sofre forte pressão do governo para oferecer cada vez mais eficiência com tarifas mais baixas.
Mas se a incorporação da Neoenergia é vista como certa e fácil, a eventual compra da Brasiliana, hoje controlada pela norte-americana AES Corp, é um pouco mais complicada.
Um acordo de acionistas prevê que a AES tenha o direito de preferência caso uma das partes no bloco de controle, incluindo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aliene suas ações nas distribuidoras AES Sul e AES Eletropaulo e na geradora AES Tietê.
"Por isso, a Brasiliana sairia muito mais cara para a Camargo Corrêa", observou Cavanagh.
Para o analista Ricardo Correa, da Ativa Corretora, a AES Corp só não exerceria seu direito de preferência se a CPFL fizer uma proposta alta. "E isso prejudicará os acionistas, visto que o pagamento pode comprometer o ganho de sinergias", afirmou Correa.
Segundo recentes reportagens na imprensa, o governo ajudaria na compra da Brasiliana pela CPFL por meio do BNDESPar, unidade de participações do BNDES e que teria uma fatia do negócio.
Procuradas pela Reuters, Neoenergia, Camargo Corrêa e AES no Brasil afirmaram que não iriam se pronunciar sobre o assunto.
CEMIG consoloda e estatizas
Com 12 por cento do mercado brasileiro de distribuição, a estatal mineira Cemig é formada por 49 empresas e 10 consórcios e atua em geração, transmissão e distribuição de energia e soluções energéticas.
Em dezembro de 2009, a companhia anunciou a assinatura de contratos para promover uma reestruturação no bloco de controle da Light, do Rio de Janeiro. A companhia criou uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) que terá até 26,06 por cento de participação, enquanto sua fatia direta na Light será mantida em 13,03 por cento.
Além disso, o mercado já dá como certo um novo passo da Cemig: a aquisição da Ampla Energia, do interior fluminense.
O analista Correa, da Ativa, vê com desconfiança o movimento, por acreditar que a Light, braço privado da Cemig, seria o veículo usado para comprar a Ampla --o que poderia acarretar em prejuízo para os acionistas da Light a depender dos termos da operação.
Sua posição sobre a consolidação difere da de outros especialistas. Para ele, o aumento da presença de instituições como Previ e BNDES no capital de empresas elétricas significa reestatização.
"No setor elétrico, a participação do Estado é muito grande, e o seu crescimento não poderia ser pior. A função do Estado é regular e ser coadjuvante", defendeu o analista.
Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, está ocorrendo uma expansão da parceria entre os setores público e privado no setor de energia, com a formação de grandes grupos.
"O marco regulatório no Brasil é sólido e não há risco de que o poder econômico se transforme em poder político", disse. "Esta estratégia dá mais segurança e atrai investimentos."
O analista Rafael Quintanilha, da Brascan Corretora, espera por anúncios de novas aquisições no setor elétrico, principalmente de distribuidoras das regiões Norte e Nordeste. "O Brasil possui 64 distribuidoras, uma para cada área de concessão. Essas áreas não podem ser unificadas, mas os grupos que as controlam, sim."
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