Os debates sobre o futuro da energia renovável do país, no primeiro dia da edição de 2012 do Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos, que ocorre nos dias 19 e 20 de setembro no Rio, foi marcado pela polêmica sobre a construção de novas hidrelétricas com reservatórios.

Há alguns anos, o governo tem optado, por pressão dos ambientalistas, por hidrelétricas a fio d água, sem grandes reservatórios e com menor impacto ambiental, porém diversos especialistas apontam que elas são menos eficientes e que, assim, o país precisa suprir a falta de energia com termelétricas, ainda mais poluentes.

O diretor de planejamento e engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal de Souza, afirmou que sempre que possível a estatal fará a opção pela existência de reservatórios nas usinas hidrelétricas brasileiras. Para ele, as hidrelétricas são as usinas que menos emitem gases do efeito estufa e que os reservatórios as tornam mais eficientes. Ele afirmou que a recente opção do governo por hidrelétricas a fio d água caso de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte não chegou a ser um erro, mas defende o modelo antigo:

Não é que foi um erro (investir em usinas fio d água), a vida é um aperfeiçoamento contínuo, o Brasil se tornou um dos países com uma das legislações sócio-ambientais mais rígidas do mundo, o que está correto. Temos que preservar, tivemos que aceitar o que foi possível, mas temos que ver que elas são as últimas de uma cascata, dentro de uma bacia integrada. Vamos então caminhar nesta direção (do retorno nos reservatórios) disse, lembrando que os grandes inventários hidráulicos que estão estudando poderá ser de usinas com reservatórios.

Altino Ventura, secretário de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, afirmou que para fazer reservatórios é necessários que os locais das hidrelétricas comportem os reservatórios. Ele lembrou que, no local das atuais grandes hidrelétricas em construção, por exemplo, isso pe quase impossível, devido ao fato de estarem localizadas na planície amazônica.

O desejável é que a gente não fizesse só usinas de fio d água, mas fazer reservatório de regularização, como temos por exemplo no Rio São Francisco, depende de uma série de condições, geográficas e da bacia, afirmou.

Ele afirma que a não existência de reservatórios não impacta apenas na geração de energia elétrica, mas no controle de cheias e na navegabilidade dos rios. Ele lembrou que, por isso e pelo fato de grande parte do potencial brasileiro ser na Amazônia, ficará cada vez mais difícil ter hidrelétricas com reservatórios.