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Com novo dono, João Fortes Engenharia volta ao lucro

Valor

11/03/2010 13h51


A crença corrente no mercado financeiro de tudo que o investidor mineiro, radicado no Rio, Antonio José Carneiro, mais conhecido como Bode, coloca a mão vira ouro começa a tornar-se realidade na João Fortes Engenharia, cujo controle a Sobrapar, holding de Carneiro, adquiriu em julho de 2007. Embora a empresa ainda não tenha divulgado seus resultados referentes a 2009, com base nos números dos três primeiros trimestres do ano e em informações prestadas à Bovespa no dia 4 de janeiro, o diretor superintendente da empresa, Francisco de Almeida e Silva, disse que o balanço de 2009 deverá fechar no azul pela primeira vez desde a aquisição.

Em janeiro, respondendo a uma indagação da Bovespa sobre os efeitos da venda da participação da J

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A crença corrente no mercado financeiro de tudo que o investidor mineiro, radicado no Rio, Antonio José Carneiro, mais conhecido como Bode, coloca a mão vira ouro começa a tornar-se realidade na João Fortes Engenharia, cujo controle a Sobrapar, holding de Carneiro, adquiriu em julho de 2007. Embora a empresa ainda não tenha divulgado seus resultados referentes a 2009, com base nos números dos três primeiros trimestres do ano e em informações prestadas à Bovespa no dia 4 de janeiro, o diretor superintendente da empresa, Francisco de Almeida e Silva, disse que o balanço de 2009 deverá fechar no azul pela primeira vez desde a aquisição.

Em janeiro, respondendo a uma indagação da Bovespa sobre os efeitos da venda da participação da João Fortes no Shopping Bangu, ocorrida no final de dezembro, por R$ 80 milhões, a direção da empresa informou que significava um ganho de R$ 44,09 milhões. Como no balanço dos três primeiros trimestres do ano a empresa acumulou prejuízo de R$ 1,8 milhão, estaria evidenciado que o pequeno prejuízo seria invertido com o ganho da transação.

A João Fortes, que no final da década de 1970 era uma das três maiores do mercado brasileiro de construção imobiliária, passou a viver um período de vacas magras após a morte de seu fundador, o engenheiro João Machado Fortes em 2002 e o desinteresse dos herdeiros em tocar a companhia. Com faturamento médio na casa dos R$ 100 milhões, valor pequeno para uma empresa com seu histórico, passou a conviver com resultados magros ou prejuízos.

Em 2008 e 2007 os prejuízos foram, respectivamente, de R$ 5,2 milhões e de R$ 1,2 milhões. Em 2006 dera um lucro de R$ 9,1 milhões em contabilidade elaborada pelo critério de caixa. Segundo Silva, em 2007 o novo controlador teve que refazer o balanço do ano anterior para adequá-lo ao critério de competência, conforme padrão estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O lucro de 2006 transformou-se então em prejuízo de R$ 36,4 milhões. Os balanços de 2005 e de 2004 permaneceram com lucros de R$ 4,45 milhões e de R$ 2 milhões, mas a empresa entende que, como eles não foram refeitos, os números não podem ser comparados entre si.

O faturamento da empresa deverá também dar um salto, após um longo período de vacas magras. Até setembro, somava R$ 182,7 milhões, contra R$ 117,3 milhões em todo o ano de 2008 e R$ 77 milhões em 2007. Em janeiro deste ano, a companhia iniciou a construção de um shopping de 35 mil metros quadrados em Blumenau (SC), associação com o grupo local Ghisland, dono dos supermercados Bistek.

Segundo o diretor da empresa, na nova fase a João Fortes pretende dedicar a maior parte dos esforços a construções residenciais para a classe média e média alta, tradição da empresa desde sua fundação, em 1950, e a projetos comerciais, especialmente shoppings, nicho para qual assinou no final de 2007 parceria com a empresa Shopinvest.

Mas não deverá ficar de fora da grande vedete do mercado imobiliário brasileiro atual, o programa federal Minha Casa, Minha Vida. Silva avalia que cerca de 20% das atividades da João Fortes deverão ser voltadas para o programa. A empresa já dispõe de dois terrenos com esta finalidade, um em Macaé, principal sede da indústria petrolífera brasileira - no norte do Estado Rio de Janeiro - e outro na Pavuna, zona norte da capital do mesmo Estado.

A João Fortes foi comprada por Carneiro em 2007 por R$ 50 milhões e ele precisou imediatamente fazer um aporte de capital de R$ 100 milhões para fazer frente aos compromissos da empresa. Silva disse que no período que se seguiu a empresa precisou trocar praticamente todo o pessoal administrativo, reduzindo o quadro de 140 pessoas para cerca de 120 hoje.

Além da João Fortes, a principal aposta de Carneiro atualmente é o controle, junto com a família Botelho, da holding de distribuição de energia Energisa, antiga Cataguazes-Leopoldina. Nascido em Ponte Nova (MG), "Bode" teve sua formação no período de ouro da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro da década de 1970, durante o chamado "milagre econômico brasileiro". Formou uma parceria imbatível com o também investidor Ronaldo Cezar Coelho. Carneiro cuidava mais do operacional, mantendo uma postura "low profile" de raramente aparecer, enquanto Coelho fazia mais o papel de relações públicas, o que acabou o levando a enveredar pelo campo da política, tendo sido várias vezes deputado federal.

Juntos eles fundaram a financeira Losango e o banco Multiplic, este em parceria com o inglês Lloyds Bank. Em 1997, os sócios brasileiros venderam o controle total do Multiplic ao sócio estrangeiro, segundo informações do mercado, por US$ 300 milhões. A participação na Energisa foi adquirida, como a da João Fortes, em meados de 2007, por US$ 152 milhões.

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