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Colapso da Abengoa gera 1.500 demissões na Bahia e interrompe obra do linhão de Belo Monte

Endividado e sem conseguir novo sócio, grupo espanhol entrou com pedido de pré-recuperação judicial na semana passada

O Estado de São Paulo

03/12/2015 07h53


Bastaram poucas horas para que o colapso financeiro de um dos maiores grupos empresariais da Espanha, o Abengoa, fizesse vítimas em Barreiras, no oeste da Bahia. Logo após o anúncio de que a empresa entrara em pré-recuperação judicial, os primeiros empregados da obra da linha de transmissão que levará energia de Belo Monte para o Nordeste começaram a ser demitidos. Ao todo, 1.500 foram dispensados. Fornecedores já contam alguns meses de atrasos nos pagamentos. Resultado: as obras do linhão que cruza quatro Estado foram interrompidas. O problema se repete em outros projetos que envolvem a multinacional espanhola no Brasil.

Após semanas de tratativas arrastadas, os sócios da Abengoa anunciaram na noite de terça-feira, dia 24, que a

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Bastaram poucas horas para que o colapso financeiro de um dos maiores grupos empresariais da Espanha, o Abengoa, fizesse vítimas em Barreiras, no oeste da Bahia. Logo após o anúncio de que a empresa entrara em pré-recuperação judicial, os primeiros empregados da obra da linha de transmissão que levará energia de Belo Monte para o Nordeste começaram a ser demitidos. Ao todo, 1.500 foram dispensados. Fornecedores já contam alguns meses de atrasos nos pagamentos. Resultado: as obras do linhão que cruza quatro Estado foram interrompidas. O problema se repete em outros projetos que envolvem a multinacional espanhola no Brasil.

Após semanas de tratativas arrastadas, os sócios da Abengoa anunciaram na noite de terça-feira, dia 24, que as negociações para a entrada de um novo sócio na empresa fracassaram. Com uma dívida gigantesca, sem um novo sócio e com portas fechadas para novos empréstimos, a empresa jogou a toalha. Assim, na madrugada de quinta, o conglomerado que tem negócios que vão da energia renovável à construção anunciou a pré-recuperação judicial - mecanismo previsto pela lei espanhola que dá 90 dias como uma última tentativa de renegociação de dívidas antes da concordata.

No Brasil, a má notícia chegou em um papel impresso entregue pessoalmente aos trabalhadores do canteiro de obras da ATE XVI em Barreiras, no oeste baiano. Um a um, 1.500 empregados receberam a carta de demissão em que a construtora explicava a má situação financeira e informava que a rescisão será assinada a partir de 1º de dezembro. "São 11 frentes de trabalho na região que tiveram as obras paradas na quinta-feira e praticamente todos os empregados demitidos", diz o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada da Bahia, Irailson Warneaux, que se reuniu com advogados da espanhola.

Com as demissões, foram interrompidas as obras nos 1.854 quilômetros do linhão que vai de Miracema, no Tocantins, a Sapeaçu, na Bahia, e passa pelo Maranhão e Piauí. O contrato de construção foi assinado com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em fevereiro de 2013 e previa o início de operação dessa linha de transmissão em 36 meses. A licença ambiental para a instalação foi concedida pelo Ibama em março.

Informações não confirmadas citam que demissões também aconteceram nas demais frentes de trabalho da Abengoa no Brasil e até 5 mil trabalhadores podem ter sido dispensados. Segundo a própria empresa, 6.155 quilômetros de linhas de transmissão eram construídos pela empresa no País.

Cem fornecedores. Além dos trabalhadores demitidos, a interrupção das obras preocupa fornecedores. No sábado, diversas empresas se reuniram em Barreiras para discutir a estratégia para receber da Abengoa. O advogado André Rodrigues Costa Oliveira já representa cerca de 100 fornecedores na região que entrarão com uma ação contra a espanhola.

"Alguns desses fornecedores estão desde janeiro sem receber. Uma estimativa preliminar mostra que o prejuízo desses fornecedores de Barreiras pode chegar a R$ 70 milhões. Algumas empresas sozinhas têm até R$ 3 milhões a receber", diz o advogado de Brasília que está desde o fim de semana no oeste baiano. Oliveira pretende pedir o bloqueio do patrimônio e de recebíveis da Abengoa Brasil.

Uma dessas empresas é a locadora de máquinas Lok Máq. Com dois caminhões e equipamentos como compactadoras e betoneiras alugadas à Abengoa, a empresária de Barreiras, Glaucia Antunes, diz que "não sabe o que fazer". "Não tivemos nenhum tipo de informação oficial da Abengoa. Soubemos dessa situação na quinta, quando ninguém conseguiu mais entrar no canteiro", disse. Durante o fim de semana, fornecedores foram ao canteiro e foram autorizados a retirar o maquinário que, sem obras, não tem mais serventia para a Abengoa.

 

 

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