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CNI lança plano decenal com estratégias para a indústria

Mapa Estratégico 2023-2032 aponta caminhos para a neoindustrialização do país, com metas referentes a sustentabilidade, diversidade, ambiente de negócios e inclusão social

Assessoria de Imprensa

20/10/2023 11h49 | Atualizada em 25/10/2023 12h25


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que o Brasil tem potencial para, dentro de uma década, ter uma indústria digital e verde, mais inserida no mundo, além de ser um país mais inclusivo e igualitário e com um setor público mais eficiente.

Também deve ser capaz de aumentar a eficiência energética, modernizar a infraestrutura de rodovias e ferrovias e alcançar o desempenho médio nas provas de matemática e ciências dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre outros avanços.

Mas, antes, é preciso ter proj

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que o Brasil tem potencial para, dentro de uma década, ter uma indústria digital e verde, mais inserida no mundo, além de ser um país mais inclusivo e igualitário e com um setor público mais eficiente.

Também deve ser capaz de aumentar a eficiência energética, modernizar a infraestrutura de rodovias e ferrovias e alcançar o desempenho médio nas provas de matemática e ciências dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre outros avanços.

Mas, antes, é preciso ter projetos e visão de longo prazo.

Os diagnósticos, as soluções e as metas para o Brasil ter uma nova indústria e chegar fortalecido daqui a uma década estão no Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032, lançado pela CNI nesta sexta-feira (20).

O documento reúne ações concretas em oito fatores-chaves: Ambiente de negócios; Ambiente econômico; Baixo carbono e recursos naturais; Comércio e integração internacional; Desenvolvimento humano e trabalho; Desenvolvimento produtivo, tecnologia e inovação; Educação e Infraestrutura.

“Estamos atentos a questões sociais, ambientais e de governança, com destaque para a agenda ESG. Temos importantes desafios para os próximos anos, que incluem o que podemos fazer dentro das empresas para o aumento da produtividade e da inovação, além da agenda de Estado, como a reforma tributária e o imperativo da descarbonização, que impulsiona a corrida pelo domínio das rotas tecnológicas verdes”, avalia o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

“Somado a isso, há o cenário externo, com o acirramento de conflitos geopolíticos, que acelera movimentos de reorganização de cadeias globais de valor. Temos muito trabalho pela frente”, observa.

Ele alerta que o futuro das empresas e o desenvolvimento econômico e social do Brasil dependem de conhecer os desafios e elaborar estratégias adequadas para enfrentá-los.

Para Andrade, o Brasil deve aproveitar as oportunidades de inserção internacional com as mudanças que marcaram o início da década de 2020, com protagonismo nas agendas de descarbonização e digitalização.

No documento, ações em temas como produtividade, inovação, internacionalização e capacitação de colaboradores e gestores foram desenvolvidas levando em consideração dois pontos: nenhum fator-chave pode ser visto de forma isolada e as empresas também têm um dever de casa a cumprir.

Um exemplo dessa visão sistêmica está no fator-chave: Educação. A educação é fundamental para o sucesso dos demais.

Para a CNI, sem educação básica, profissional e superior adequadas, com foco em ganhos de produtividade, é impossível garantir o processo de descarbonização e a convergência para um modelo circular; a engenharia necessária à construção da infraestrutura de que o país precisa; a implementação de boas práticas regulatórias e processos adequados de governança e compliance públicos e privados; a inovação e o desenvolvimento produtivo; e a capacidade de as empresas operarem em um mercado global extremamente competitivo.

A indústria colocou como meta reduzir em 36% o índice de desigualdade de gênero do Brasil até 2032, o que equivale a uma queda de 4 p.p. ao ano. Entre as ações recomendadas estão: estimular ações que incentivem a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, além da promoção e a ascensão de mulheres em cargos de liderança.

Além disso, o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032 também prevê o fortalecimento de mecanismos e políticas que promovam a diversidade, equidade e inclusão, em âmbito público e privado, além do incentivo à construção de ambientes de trabalho mais receptivos às diferenças, com reflexos socioeconômicos positivos para toda a sociedade.

Para cada tema prioritário, o Mapa apresenta uma breve descrição do problema a ser enfrentado, sugere possíveis soluções e indica os benefícios esperados ao seguirmos na direção recomendada. São elencados objetivos dentro de cada tema prioritário, com indicadores e metas para 2032, que direcionam para onde a indústria gostaria de ver esses indicadores evoluindo ao longo da década.

"Da mesma forma, são apresentadas as iniciativas necessárias para cada objetivo. São os caminhos que precisam ser percorridos, com ações concretas ao longo dos anos, para que as metas estabelecidas sejam alcançadas", afirma a entidade.

Confira abaixo as propostas.


1. AMBIENTE ECONÔMICO

  • Desemprego: reduzir para 7,5% da população economicamente ativa.
  • Inflação: manter o IPCA próximo do patamar de 3%.
  • Juros: reduzir o spread bancário a 7,7%, redução de 1,97 ponto percentual ao ano.
  • Dívida pública: convergir para o patamar anterior à pandemia (74,4% do PIB).
  • IRPJ: alcançar a alíquota média sobre a renda corporativa dos países da OCDE, de 23,6%.

2. AMBIENTE DE NEGÓCIOS

  • Qualidade regulatória: subir 48 posições no ranking de Procedimentos administrativos conduzidos sem atrasos injustificados. Sair da 93º para a 45ª posição.
  • Segurança jurídica: elevar em 2,4% ao ano o índice de segurança jurídica para 0,6 até 2032.
  • Governança pública: aumentar em 3,5% ao ano o índice de eficácia do governo brasileiro.
  • Governança corporativa: aumentar o índice de governança corporativa em 2,6% ao ano até 2032.
  • Desburocratização: aumentar o índice de desenvolvimento do Governo Eletrônico à nota máxima.
  • Segurança pública: reduzir pela metade o nível de roubo de cargas, uma queda de 6,1% ao ano.

3. BAIXO CARBONO E RECURSOS NATURAIS

  • Bioeconomia: aumentar em 0,5% ao ano o número de notificações da indústria de transformação no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen).
  • Descarbonização: a reduzir a intensidade das emissões de CO2 equivalente pela indústria em relação ao PIB industrial para 0,183 Mton/R$ trilhão.
  • Eficiência energética: aumentar a eficiência energética por meio da redução (de 0,24 ponto percentual por ano) da intensidade energética para 9,8%.
  • Energias de fontes renováveis: elevar em 1,3 ponto percentual ao ano o nível de uso de fontes renováveis na matriz energética da indústria, para 75% em 2032.
  • Economia circular: aumentar a taxa de recuperação de resíduos para 12,8%.

4. COMÉRCIO E INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL

  • Crédito para exportação: elevar para 55% o valor exportado que conta com crédito à exportação. Aumento de 2,9 pontos percentuais ao ano.
  • Tempo para exportar e importar: reduzir o tempo médio de liberação das cargas via transporte marítimo para até 96 horas nas importações e para até 60 horas nas exportações.
  • Acordos internacionais: ampliar a rede de acordos comerciais do Brasil para 41,2% da importação mundial, com a entrada em vigor de acordos com União Europeia, Canadá, EFTA, México e Reino Unido.
  • Subsídios ilegais: realizar 4 investigações de subsídios ilegais e distorcivos em terceiros mercados no Brasil.
  • Investimento externo: ampliar a rede brasileira de Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFIs) para alcançar 80% do estoque de investimentos brasileiros no exterior.

5. DESENVOLVIMENTO HUMANO E TRABALHO

  • Relações do trabalho: alterar a posição do Brasil no ranking de países em que a legislação trabalhista não prejudica a atividade empresarial (de 57º para 45º, em um ranking de 59 países).
  • Saúde e segurança: diminuir a mortalidade prematura para 20% do total de mortes por doenças crônicas não transmissíveis. Queda de 1,85 ponto percentual ao ano.
  • Previdência: promover queda de 6,3% ao ano a incidência média anual de afastamentos.
  • Diversidade e inclusão: reduzir em 36% o índice de desigualdade de gênero do Brasil.
  • Acesso à cultura: aumentar de 30% para 40% o percentual de municípios com museus; de 23% para 33% com teatro ou sala de espetáculo; e de 40% para 50% os que contam com centros culturais.

6. DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

  • Produção industrial: alcançar o nível 0,7 no índice de complexidade econômica. O maior nível é o 1,0, do Japão.
  • Valor adicionado: alcançar a taxa de 19% de valor adicionado pela indústria de transformação em relação ao PIB.
  • Inovação: elevar o nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em percentual do PIB para 1,8%. Crescimento de 0,06 ponto percentual ao ano.
  • Produtividade: aumentar a produtividade do trabalho na indústria em pelo menos 2% ao ano até 2032.
  • Transformação digital: ampliar para 45% as empresas que usam a tecnologia Internet das Coisas. Crescimento de 3,1 pontos percentuais ao ano.

7. EDUCAÇÃO

  • Educação básica: alcançar desempenho médio em matemática e ciências observado em países da OCDE (notas 492 e 495, respectivamente, no PISA de 2018).
  • Ensino médio: elevar o percentual de matrículas no ensino médio articulado com educação profissional para 40% até 2032. Aumento de 2,4 ponto percentual ao ano.
  • EJA: elevar para 30% o percentual de matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) integradas à educação profissional. Crescimento de 2,7 ponto percentual ao ano.
  • Digitalização nas escolas: garantir que 100% das escolas tenham internet banda larga e pelo menos 75% contem com computadores, notebooks ou tablets para uso dos alunos e também com projetores multimidia ou lousas digitais.
  • Educação profissional e superior: aumentar a proporção de graduados em cursos da área de STEM para 25% até 2032. Crescimento de 0,67 ponto percentual no ano.
  • Força de trabalho: aumentar o número de trabalhadores na indústria com nível técnico e superior (tecnologia e engenharia) em relação ao total de trabalhadores na indústria.

8. INFRAESTRUTURA

  • Energia: reduzir o custo de energia elétrica para clientes industriais para 0,09 US$/kwh até 2032. Queda de 4,3% ao ano.
  • Transporte e Logística: elevar investimento total em transportes para 1,98% do PIB até 2032 e modernizar a infraestrutura de rodovias e ferrovias.
  • Mobilidade urbana: elevar o investimento total em mobilidade urbana para 0,12% do PIB até 2032.
  • Saneamento: aumentar a participação privada nos serviços de saneamento e alcançar 35,2% dos municípios atendidos por prestadoras privadas.
  • Infraestrutura digital: aumentar em 25% o total de acessos per capita a serviços de acesso à internet de banda larga até 2032.
  • Infraestrutura espacial: reduzir a dependência brasileira de satélites estrangeiros, com acesso a 27 satélites, sendo 22 independentes.

PRIORIDADES DA INDÚSTRIA ESTÃO INTERCONECTADAS

Ambiente de Negócios – Sem um bom ambiente de negócios:

  • Não é possível fazer investimentos em infraestrutura, pois há incerteza quanto ao cumprimento de contratos em empreendimentos que só trazem retorno a longo prazo.
  • Não há comércio e investimento entre países, pois esses relacionamentos se constroem com a expectativa de regras estáveis.
  • Não se inova, pois não há certeza sobre a proteção da propriedade intelectual, que permite que os financiadores da inovação colham os benefícios de suas descobertas.
  • Não se desenvolvem as tecnologias e os mercados necessários à transição para uma economia circular e de baixo carbono, pois as regras e incentivos para direcionar a transição não são claros.

Ambiente Econômico – Sem um ambiente econômico adequado:

  • Regras tributárias são determinantes para atrair ou afastar investimentos internos e externos, e até mesmo os investimentos de empresas brasileiras no exterior, impactando a integração internacional de nossa economia.
  • O financiamento às exportações deve contar com apoio público, como é a prática em todos os países, dada a dificuldade de sistemas privados de financiamento arcarem com os riscos relacionados à produção de longo prazo e ao risco soberano.
  • O sistema de financiamento também é um mecanismo de indução ao desenvolvimento produtivo na direção desejada pelo país. Como tal, deve contar com linhas direcionadas à transformação digital e às iniciativas de transição energética, com vistas à descarbonização dos processos produtivos.

Baixo Carbono e Recursos Naturais – Esse imperativo está fortemente ligado a outros fatores-chave deste Mapa Estratégico:

  • A transição energética e o cumprimento dos compromissos climáticos demandam grande esforço de inovação e só ocorrerão na presença de políticas de indução ao desenvolvimento sustentável.
  • Critérios ambientais são cada vez mais utilizados para a concessão de financiamento público e privado em todo o mundo.
  • As exportações enfrentam cada vez mais barreiras de natureza ambiental, e esse fator também se torna determinante na capacidade de atrair investimentos externos.
  • A construção de infraestrutura deve necessariamente considerar não apenas a redução de emissões e a circularidade, como também a resiliência às mudanças climáticas já em curso.

Desenvolvimento Humano e Trabalho – O desenvolvimento humano e o trabalho são essenciais para a competitividade da indústria:

  • As empresas que investem no desenvolvimento de seus funcionários possuem a habilidade de atrair e reter talentos, o que é essencial em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
  • Cada fator-chave deste Mapa Estratégico depende de trabalhadores qualificados e produtivos.

Desenvolvimento Produtivo, Tecnologia e Inovação

  • Dependem de uma trajetória sustentável para a dívida pública, que permita a continuidade das políticas de apoio governamental.
  • Precisam estar acompanhadas de medidas de estímulo à formação e qualificação de trabalhadores e pesquisadores.
  • Requerem um ambiente regulatório adequado e com segurança jurídica, para que seus instrumentos apresentem os efeitos desejados.

Educação – A educação básica, profissional e superior adequada é essencial para ganhos de produtividade:

  • O processo de descarbonização e a convergência para um modelo circular.
  • A engenharia necessária à construção da infraestrutura de que o país precisa.
  • A implementação de boas práticas regulatórias e processos adequados de governança e compliance públicos e privados.
  • A inovação e o desenvolvimento produtivo.
  • A capacidade de as empresas operarem em um mercado global extremamente competitivo.

Infraestrutura – Os temas prioritários mapeados são energia, transporte e logística, mobilidade urbana, saneamento e infraestrutura digital. No entanto, a solução para esses desafios deve ser pensada com um olhar para o futuro:

  • É preciso garantir a segurança energética com fontes renováveis.
  • As soluções para infraestrutura de transporte e logística passam por um incremento substancial dos investimentos públicos no setor e por uma profunda transformação digital.
  • As soluções de mobilidade urbana devem ser desenhadas para minimizar seu impacto de carbono e devem ser conectadas aos conceitos de cidades inteligentes e ao bem-estar da população.
  • Novos modelos regulatórios estão sendo implementados no setor de saneamento para atrair investimentos privados, que garantirão o acesso da população à água e ao esgotamento sanitário.
  • Outros importantes marcos regulatórios ainda são necessários.

Comércio e Integração Internacional – A integração internacional está relacionada aos demais fatores-chave do Mapa Estratégico da Indústria pois permite, entre outros:

  • Um ambiente econômico mais robusto, com investimentos externos e aumento das exportações.
  • A absorção de boas práticas internacionais, que melhorem o ambiente de negócios, como no caso do processo de adesão do Brasil à OCDE.
  • A troca de experiências e talentos com outros países, fortalecendo a educação e o desenvolvimento humano brasileiro.
  • A atração de capital estrangeiro para a execução de grandes projetos em infraestrutura ou em parcerias na formação de cadeias estratégicas de valor, notadamente aquelas direcionadas à bioeconomia, às energias renováveis e à transformação ecológica.

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