Energia
Valor Econômico
19/12/2012 11h13
Fabricantes de equipamentos para hidrelétricas estão receosos com o futuro dos investimentos nas usinas, após toda a polêmica da Medida Provisória 579 e o embate entre governo e elétricas em torno das renovações de concessões. O setor, que vinha com demanda forte, desde 2010, agora sofre com incertezas e grandes fornecedores já começam a registrar suspensão de contratos.
A Alstom, como adiantado pelo serviço de tempo real do Valor, o Valor PRO, informou ter R$ 160 milhões congelados só de sua parte em um contrato referente à usina São Simão, da Cemig, que fica próxima à divisa de Minas Gerais e Goiás. O consórcio, com participação também da Orteng, de máquinas e equipamentos, e da Camargo Corrêa, estava responsável por reformar o
...Fabricantes de equipamentos para hidrelétricas estão receosos com o futuro dos investimentos nas usinas, após toda a polêmica da Medida Provisória 579 e o embate entre governo e elétricas em torno das renovações de concessões. O setor, que vinha com demanda forte, desde 2010, agora sofre com incertezas e grandes fornecedores já começam a registrar suspensão de contratos.
A Alstom, como adiantado pelo serviço de tempo real do Valor, o Valor PRO, informou ter R$ 160 milhões congelados só de sua parte em um contrato referente à usina São Simão, da Cemig, que fica próxima à divisa de Minas Gerais e Goiás. O consórcio, com participação também da Orteng, de máquinas e equipamentos, e da Camargo Corrêa, estava responsável por reformar os equipamentos de geração e transmissão dessa usina.
As obras de modernização começaram em dezembro de 2011 e foram paralisadas em outubro, quando a primeira unidade geradora da usina (ao todo, ela tem seis) estava prestes a parar de operar para ser reformada. O investimento previsto pela Cemig, em São Simão, era de R$ 370,9 milhões, em um trabalho que levaria, em média, um ano para cada unidade geradora reformada.
"É uma preocupação [a possibilidade de cancelamento de contratos], pois não está claro para os investidores a intenção dos concessionários em repotencializar as usinas", disse o presidente da Alstom, Marcos Costa. O executivo afirmou que o governo precisa definir com maior clareza como compensará as elétricas pelos investimentos que serão feitos, se não quiser atrasar demais as obras do setor no país.
A médio prazo, Costa diz ter uma visão otimista para retomada de aportes e afirma acreditar que as empresas vão se adequar à nova realidade. "Passado este momento, acho que as empresas vão se adaptar ao novo cenário e acredito que voltarão a investir."
Outra reforma suspensa pela Cemig é a da usina de Volta Grande. O investimento nessa usina estava orçado em R$ 321 milhões. A licitação havia sido feita no início de setembro, com um contrato de R$ 248 milhões vencido pela Voith Hydro. A licitação estava em fase de recursos dos perdedores e os contratos seriam assinados em breve, contou o superintendente da Coordenação Executiva para Reforma e Modernização de Usinas da Cemig, Wantuil Dionísio Teixeira.
A Voith preferiu não se pronunciar sobre Volta Grande, mas comentou o cenário atual. "A MP 579 gerou uma incerteza aos investidores, ocasionando um impacto direto no segmento de modernização de usinas. Neste sentido, há a necessidade de que o governo e as empresas do setor encontrem o equilíbrio adequado para que os investimentos necessários na manutenção e melhoria do parque instalado continue a acontecer e que não corramos o risco da deterioração dos ativos do setor", informou por e-mail o presidente da companhia, Osvaldo San Martin.
Assim como a Alstom, a Voith ressaltou que, apesar dos problemas de atrasos com leilões do governo e da expectativa em torno de futuros investimentos, mantém perspectivas positivas para 2013 e para os anos seguintes. A operação no Brasil, afirmou a empresa, representou de 20% a 40% do faturamento da Voith Hydro no mundo, de € 1,3 bilhão em 2011. No caso da Alstom, o faturamento com projetos ligados a energia também é relevante. Apenas a parte de geração de energia respondeu por mais da metade do faturamento no Brasil em 2011, de R$ 2,6 bilhões. A divisão inclui projetos de hidrelétricas e de parques eólicos.
Do plano de investimentos da Cemig para os próximos 15 anos, que previa R$ 1,6 bilhão em reformas, havia sido aprovado ainda pelo conselho da empresa R$ 90 milhões para reformar a usina de Salto Grande. Os serviços seriam licitados no fim deste ano, mas o processo também foi congelado. "É um problema para os dois lados [concessionárias e fabricantes]; como não temos segurança que os próximos investimentos serão reconhecidos, eles acabam suspensos", disse Teixeira, da Cemig.
Teixeira afirmou que a decisão sobre possível retomada dos contratos de modernização não será tomada antes de a MP 579 ser aprovada no Congresso Nacional e promulgada pela Presidente da República. Segundo ele, a Cemig entende que não ficou claro como se dará a "revisão tarifária", mencionada pelo governo e que compensaria investimentos nessas usinas, cujas concessões não foram renovadas e vencem entre 2015 e 2017.
O executivo considera importante os trabalhos de reforma e conservação das três usinas. "São usinas com mais de 30, 40 anos; existe a necessidade de modernização, pois a tecnologia fica obsoleta", afirmou, lembrando que o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hübner, admitiu que o apagão que atingiu Estados do Nordeste na sexta-feira foi, em parte, causado pela falta de investimentos em renovação de equipamentos. A usina de São Simão começou a operar em 1978, Volta Grande, em 1974, e Salto Grande, em 1955.
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