Mineração
Valor Econômico
21/05/2013 14h01 | Atualizada em 21/05/2013 20h07
Augusto Alonso Silva, de 19 anos, está ansioso por ganhar US$ 600 (cerca de R$ 1.200) por mês como mecânico industrial da mineradora Anglo American PLC nessa pequena cidade de Minas Gerais. O pagamento equivale a quase metade do salário que as mineradoras oferecem em qualquer outro lugar do Brasil, mas Silva diz que é quase o dobro do que sonhava ganhar como soldado. "Agora tenho um sonho diferente", disse no intervalo de uma aula de engenharia básica.
Enquanto outras empresas de mineração têm sido atingidas pelo aumento dos custos de mão de obra - um operador de escavadeira na Austrália pode ganhar US$ 200.000 por ano e um motorista de caminhão no Chile US$ 70.000 -,
...Augusto Alonso Silva, de 19 anos, está ansioso por ganhar US$ 600 (cerca de R$ 1.200) por mês como mecânico industrial da mineradora Anglo American PLC nessa pequena cidade de Minas Gerais. O pagamento equivale a quase metade do salário que as mineradoras oferecem em qualquer outro lugar do Brasil, mas Silva diz que é quase o dobro do que sonhava ganhar como soldado. "Agora tenho um sonho diferente", disse no intervalo de uma aula de engenharia básica.
Enquanto outras empresas de mineração têm sido atingidas pelo aumento dos custos de mão de obra - um operador de escavadeira na Austrália pode ganhar US$ 200.000 por ano e um motorista de caminhão no Chile US$ 70.000 -, moradores de Conceição de Mato Dentro estão dispostos a aceitar vagas de pouca qualificação como operador de esteira ou manutenção de máquinas por menos de US$ 10.000 por ano.
O grande problema tem sido a falta de formação. A taxa de analfabetismo na cidade de 17.000 habitantes é de quase 18% entre as pessoas com 15 anos ou mais. "Muitas pessoas na região sim-plesmente não podiam ser contratadas" quando a Anglo American chegou em 2007, diz Pedro Borrego, diretor de Recursos Humanos da empresa no Brasil.
À medida que as mineradoras escavam em áreas antes inexploradas, usando equipamentos automatizados, elas estão tendo de qualificar equipes de trabalho inteiras e criar centros de treinamento com cursos específicos em mineração, diz Ryan Montpellier, diretor do Mining Industry Human Resources Council, uma consultoria financiada pelo setor que presta serviços para mineradoras canadenses.
Embora a criação desses centros de treinamento exija investimentos iniciais, qualificar a força de trabalho local pode beneficiar a empresa a reter esse pessoal. "Uma empresa deve sempre contratar localmente", diz Montpellier. No interior do Canadá, afirma, as empresas costumam fechar parcerias para financiar programas de treinamento numa faculdade da comunidade local.
A Anglo American não tem essa opção aqui. Em vez disso, ela reformou uma escola decadente próxima ao centro da cidade e instalou nas salas de aula painéis de controle semelhantes aos seus equipamentos e uma maquete da sua mina. A empresa também distribuiu panfletos em toda a cidade e publicou anúncios para contratar jovens trabalhadores.
"Não é como na Austrália e no Canadá, onde a mineração está no DNA", diz Denise Retamal, diretora da RHIO, empresa de Recursos Humanos para a área de mineração do Rio de Janeiro. "As pessoas aqui acham que você só pode trabalhar com mineração se for geólogo ou engenheiro."
A empresa foi atraída para Minas Gerais em 2007 pelas ricas reservas de minério de ferro, principal matéria-prima para produzir aço, e deve começar a extrair os recursos e vendê-los, principalmente à China, no fim de 2014.
Os salários mais baixos que a Anglo American consegue pagar para seus técnicos é um dos poucos custos que a empresa tem sido capaz de controlar. O orçamento total estimado para o projeto subiu de US$ 2,6 bilhões para US$ 8,8 bilhões, devido principalmente à inflação, atrasos relacionados a disputas legais e dificuldades logísticas para construir um mineroduto de cerca de 530 quilômetros até a costa.
O primeiro grupo de trainees da Anglo American em Minas Gerais se formou em janeiro, com 151 estudantes, a maioria em torno de 20 anos, sendo 102 contratados por ela e os demais por prestadores de serviço. A companhia planeja treinar outros 500 jovens na região nos próximos três anos, com um investimento inicial de US$ 1,5 milhão. Os candidatos precisam ter terminado o ensino médio para participar do curso de nove meses.
"Meus pais são agricultores e eu queria ser professora", diz Vanessa Carvalho Reis, de 22 anos. "Então eu ouvi falar da Anglo American no rádio." Ela está sendo treinada para ser operadora em uma unidade da Anglo. Do total de traba-lhadores que estão sendo treinados, 22% são mulheres, mais do dobro da média nas mineradoras globalmente, graças em parte ao incentivo das mães.
Para preencher vagas de engenheiro sênior, a Anglo American teve de procurar fora da cidade, trazendo veteranos do Canadá, Chile e outras regiões, pagando salários médios de US$ 150.000 por ano ou mais. A empresa também atraiu profissionais talentosos já aposentados. João de Deus Almeida, um engenheiro de 69 anos, diz que a Anglo American estava lutando para evitar deslizamentos de terras durante um período de fortes chuvas na região. Com sua experiência na construção do metrô de Belo Horizonte, a Anglo ajudou a combater o problema na mina.
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