Revista M&T
19/01/2023 10h53 | Atualizada em 17/03/2023 15h21
Pela versatilidade, a retroescavadeira é um dos primeiros equipamentos adquiridos por quem começa a empreender na prestação de serviços na construção, rental, terraplenagem, obras públicas e privadas. Inclusive, muitos microempresários do rental – carinhosamente conhecidos como ‘retreiros’ – decolam na atividade em razão da elevada demanda dessa máquina, passando a ampliar a frota com outros tipos de equipamentos, na tentativa de potencializar o negócio.
De acordo com dados do mercado brasileiro, apurados junto aos fabricantes e consolidados
...Pela versatilidade, a retroescavadeira é um dos primeiros equipamentos adquiridos por quem começa a empreender na prestação de serviços na construção, rental, terraplenagem, obras públicas e privadas. Inclusive, muitos microempresários do rental – carinhosamente conhecidos como ‘retreiros’ – decolam na atividade em razão da elevada demanda dessa máquina, passando a ampliar a frota com outros tipos de equipamentos, na tentativa de potencializar o negócio.
De acordo com dados do mercado brasileiro, apurados junto aos fabricantes e consolidados pela Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), até agosto 9.902 retroescavadeiras haviam sido produzidas, ou 29% a mais que no mesmo período do ano passado. As vendas internas àquela altura eram de 6.275 unidades, 32% superior ao período equivalente do ano passado, enquanto as exportações subiram 73%, em torno de 3.015 unidades.
Essa estimativa é reiterada no Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, que aponta uma previsão de crescimento de 19% no ano, podendo chegar a 8.502 retroescavadeiras comercializadas. “A previsão de aumento faz jus à realidade do mercado, mas especificamente para a JCB a estimativa é de um crescimento em torno de 28% no mesmo período”, revela Etelson Hauck, gerente de produtos da empresa, que oferece três modelos dessa família no país: 1CX, 3CX e 4CX.
Atualmente os ‘retreiros’ permanecem firmes, ele observa, mas as grandes empresas de locação também já têm grande parte da frota constituída por esse equipamento tão popular no país. As máquinas maiores, como escavadeiras e pás carregadeiras, evidentemente abocanham um espaço considerável.
Entretanto, não são idealizadas para entregar tanta flexibilidade quanto as retroescavadeiras, com toda sua diversidade de acessórios, facilidade de transporte e custo/benefício a favor. “Sem dúvida, o segmento com maior volume em retroescavadeiras é o da construção, absorvendo aproximadamente um terço da demanda, embora o mercado de locação esteja próximo desse percentual”, analisa Hauck.
O especialista cita que as vendas para o governo, apesar de menos representativas em comparação aos anos anteriores, continuam fortes. “A agricultura, que é sempre pulsante, por enquanto permanece em quarto lugar, mas com potencial de crescimento”, completa.
CONFIGURAÇÃO
De acordo com Jefferson Recus, diretor da Müller, a produção de retroescavadeiras pode obter um crescimento de 80% em relação ao ano passado. “Nossos principais clientes são locadores, prestadores de serviços de terraplenagem e órgãos públicos”, aponta. “Extremamente versátil, a retroescavadeira caracteriza-se por uma procura dos mais variados setores da construção, saneamento, terraplenagem, agricultura e, por consequência, também pelo rental.”
De olho nesse consumidor, a empresa acaba de lançar um modelo equipado com motor Cummins, para ampliar a disponibilidade do produto e dar opção de melhoria em potência e torque. “No portfólio, 100% dos equipamentos têm cabine fechada e são 4x4”, ressalta Recus. Para ele, essa é a melhor configuração no mercado brasileiro. “Um item opcional é o braço extensível, que tem ganhado muita relevância, principalmente no saneamento”, informa.
Até a década de 2000, os ‘retreiros’ preferiam modelos mais simples. Com a chegada de grandes empresas ao mercado de rental, o mercado migrou para essa nova opção de máquina. De fato, a tração 4x4 é praticamente padronizada em retroescavadeiras, uma vez que essas máquinas se deslocam por vários tipos de solo, de vias públicas pavimentadas a terrenos irregulares no campo.
Já o braço extensível destina-se a operações que necessitem de maior profundidade de escavação ou alcance de giro. Quando essa parte é instalada, todavia, os proprietários devem prestar atenção à variação da capacidade de carga, que normalmente é reduzida, além de usar contrapesos maiores, para assegurar a estabilidade da máquina e manter a segurança da operação.
Quanto à cabine fechada, o especialista em aplicação de produtos da Caterpillar, Matheus Kuklik, confirma que praticamente todos os pedidos de clientes incluem essa configuração. Afinal, as diferenças de climas e temperaturas no país requerem máquinas condizentes, principalmente quando o cliente tem operações em área remotas. Isso é tão necessário que, em muitos casos, as normas de segurança e leis vigentes exigem cabine fechada na operação.
O especialista confirma que um equipamento versátil como a retroescavadeira tende a atrair clientes com perfis diversificados, desde grandes frotistas e grupos de rental até empreendimentos menores, nos quais é o dono que opera o equipamento e dirige o negócio. “Além da construção civil, uma parte das vendas também é destinada ao suporte de atividades no agronegócio”, explica. “Mas as aplicações são bem amplas, com destaque ainda para saneamento e terraplanagem.”
Em relação à demanda, ele conta que mercado nacional tem sido bastante receptivo à mais recente atualização da linha de retroescavadeiras da marca. Desde março de 2021, os modelos da Cat passaram a ser nomeados apenas pelo número. Essa nova geração – que inclui os modelos 416 e 420 – buscou avançar em conforto e segurança ao operador. “Além da performance e confiança pelas quais nossos equipamentos são reconhecidos”, acrescenta.
A cabine fechada também está entre as configurações-padrão da Case, pois “possibilitam maior segurança ao operador, além de contarem com ar-condicionado, que aumenta o conforto”. “A retroescavadeira opera em climas secos e úmidos, assim como em temperaturas baixas ou muito quentes”, observa Leonardo Campos, especialista de produtos da Case CE.
Durante a Expointer, a empresa lançou o novo modelo 575SV, com motor de 94 cv e um dos principais destaques da marca. “A retroescavadeira é um equipamento de suporte para obras ou fazendas, em conglomerados e cooperativas, diferentemente do pequeno empresário, para quem essa máquina é fundamental no negócio, muitas vezes o principal ativo no faturamento”, observa Campos.
Com estrutura robusta, o modelo possui motor S8000 de 3,9 l, com potência líquida de 94 cv, prometendo baixo consumo de combustível. Outro destaque é o braço frontal com desenho curvo, o que, segundo Campos, está no DNA da marca. Essa característica, diz ele, possibilita maior alcance de descarga e força de desagregação.
“O projeto da parte de escavação também garante elevada força do braço e da caçamba, além de maior capacidade de carga, alto torque da transmissão e eixos Heavy Duty”, descreve. “A máquina também tem uma cabine espaçosa e confortável, com ótima circulação do ar-condicionado.”
Construção segue liderando em volume a demanda de retroescavadeiras no país
INCREMENTO
Há algum tempo, os especialistas em retroescavadeiras estão atentos a uma possível ociosidade da caçamba frontal em comparação com a maior otimização do braço traseiro. Campos explica que a maior frequência de uso do braço traseiro está relacionada à operação em que a máquina é aplicada. Ou seja, há variações conforme o perfil do cliente e seu modelo de negócio. “Para um locador, por exemplo, pode ser que os serviços mais cotados não demandem tanto o uso da caçamba frontal, mas esse empresário precisa manter uma retroescavadeira para um serviço futuro que exija isso”, ele pondera.
Na lavoura, ao contrário, o braço de escavação é amplamente utilizado para abertura e manutenção de valas. Como tem capacidade de deslocamento em terrenos irregulares, a retroescavadeira tem grande desenvoltura para outros serviços em áreas rurais. Dessa maneira, a máquina acaba atendendo a demanda não apenas por oferecer braço de escavação, mas também por dispor de estrutura e força adequadas às operações de escavação.
Há inclusive uma alternativa para incrementar o uso da caçamba frontal, principalmente para o cliente que utiliza a retroescavadeira como principal ferramenta do negócio. Para tanto, pode-se disponibilizar soluções, aumentando a versatilidade com o uso de engate rápido mecânico, o que permite acoplar implementos como garfo pallet e linhas hidráulicas auxiliares para caçambas 4x1 ou 6x1.
A gama de aplicações se amplia com garras, implementos para espalhamento e nivelamento de material e, ainda, garfo pallet na configuração 6x1. “Além, é claro, de caçambas com diversos tamanhos e que comportem dentes, lâminas e soluções especialmente desenvolvidas para serviços severos, com força hidráulica, tração 4x4 de alto torque e alcance e altura de descarga que atendam às demandas”, delineia Campos.
Configuração 4x4 de versão cabine fechada tornou-se padrão na indústria
Por sua vez, Kuklik, da Cat, recorda que geralmente a retroescavadeira é mais exigida na porção traseira. Contudo, existem várias aplicações em que a caçamba dianteira é tão exigida quanto os implementos traseiros. Por esse motivo, a escolha do modelo precisa estar fortemente ligada ao tipo de operação em que o equipamento será aplicado. “Para otimizar e alavancar o uso da parte dianteira do equipamento, as máquinas são equipadas com caçambas dianteiras com capacidade de 1 metro cúbico para aplicações gerais, incluindo opcional de instalação na fábrica de caçambas multipropósito com mandíbula hidráulica”, reforça.
Em termos estatísticos, Hauck, da JCB, afirma que a parte traseira é mais usada que a dianteira em uma proporção entre 70% e 30%, ou 60% e 40%, “embora a frontal seja extremamente eficiente quando bem-explorada”. No caso do modelo 3CX, exemplifica, a caçamba padrão é de 1,1 m³, mas é possível que a máquina já saia de fábrica com a caçamba 6 em 1, contendo seis possíveis aplicações como carregamento, espalhamento regular de material com abertura parcial da mandíbula, escavação para abertura de tanques, garra para movimentação de toras, lâmina para nivelamento ou para empurrar o material (como um trator de lâmina frontal).
“A parte frontal pode ser equipada com o engate rápido, que permite troca de acessórios que transcendem a caçamba, como garfo pallet, vassouras, gancho de bigbag entre vários outros”, reitera.
De acordo com ele, o consumidor tem se tornado cada vez mais exigente em relação ao conforto e eficiência operacional, atentando-se ainda para os custos de propriedade e operação. “Para os próximos projetos, estamos direcionados por essas premissas para fornecer a máquina mais adequada aos operadores e proprietários de retros do Brasil”, acentua Hauck.
Muitas vezes, a máquina é o principal ativo no faturamento de empresas menores
MANUTENÇÃO
Embora uma retroescavadeira não seja aplicada exclusivamente em operações severas, como uma escavadeira de mineração, a manutenção também precisa se adequar ao tipo de aplicação. Além do cuidado de rotina, o operador deve se atentar para as condições estruturais da máquina, conforme a implementação com rompedores e locais de uso.
No segmento agrícola, por exemplo, as tarefas são menos desgastantes que no setor de construção. Já em uma planta de fertilizantes, a máquina se expõe a material corrosivo e, por isso, deve passar por lavagem diária. Nesse caso, alguns componentes também precisam ser trocados com mais frequência, além de ser aconselhável que a máquina passe por uma blindagem de alternador e proteção do sistema elétrico.
A manutenção preventivadeve incluir emprego de graxas específicas e óleos recomendados pelo fabricante, além de inspeção visual da máquina, para o diagnóstico de possíveis ocorrências. O operador deve checar o painel e sistema de iluminação, além de conferir se há ocorrência de vazamentos nas mangueiras e em toda a estrutura.
Vale destacar que o braço de escavação representa um terço da estrutura física de uma retroescavadeira. Na traseira, estão encaixados o braço, a lança e a mesa de giro, além de ser o local onde maior parte dos implementos são instalados. Por isso, fica mais vulnerável a folgas em pinos e buchas. Uma máquina muito utilizada em obras de demolição, por exemplo, requer cuidado redobrado nesse sentido, pois trabalha constantemente com martelos e rompedores hidráulicos, sendo muito mais exigida que nas atividades mais leves.
De acordo com a operação, caçamba dianteira é tão exigida quanto os implementos traseiros
TENDÊNCIAS
Mercado está optando por equipamentos versáteis e que reduzam custos
O gerente de marketing de produto da Divisão de Construção da John Deere, Luiz Souza, salienta que a indústria está crescendo de maneira acelerada e que a empresa tem acompanhado o movimento. “Em relação ao mesmo período de 2021, a indústria cresceu cerca de 20% no volume de retroescavadeiras comercializadas”, corrobora. “Esse acréscimo é por conta de obras de saneamento básico, abertura de valas e outras operações.”
Em sua análise, praticamente todos os principais setores estão demandando máquinas. “Percebemos uma nítida tendência de os clientes utilizarem o equipamento adequado, no momento certo e no local ideal para sua operação”, diz ele.
De acordo com Souza, contudo, o perfil das empresas que têm utilizado retroescavadeiras pode variar conforme a região ou segmentos. “Na maioria, são clientes que procuram reduzir consumo de combustível e custo de manutenção, ganhando em versatilidade, especialmente os que estão iniciando no ramo de locação de equipamentos”, observa.
A John Deere, diz ele, tem trabalhado em atualizações de produto e inserção de tecnologias para que o cliente extraia o máximo das máquinas, com sustentabilidade financeira e ambiental. Recentemente, a fabricante incluiu novos opcionais e configurações, além de realizar melhorias na bomba de pistão, incluir um sistema antifurto configurado com senha e adicionar uma proteção inferior no cardan e radiadores.
Segundo Souza, todavia, o principal trabalho tem sido voltado para promover os pacotes de manutenção da marca e suas garantias estendidas. “A receptividade do mercado tem sido excelente, o que tem posicionado nossa retroescavadeira e o pós-venda entre os melhores do mercado”, comenta.
Atualizações de produto e inserção de tecnologias permitem extrair o máximo das máquinas
Saiba mais:
Case CE: www.casece.com/latam/pt-br
Caterpillar: www.caterpillar.com/pt
JCB: www.jcb.com/pt-br
John Deere: www.deere.com.br
Müller: https://mullerbrasil.com
25 de novembro 2024
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