PetroNotícias
07/04/2022 11h00
A capacidade instalada e contratada no Sistema Interligado Nacional (SIN) viverá anos de transformação ao longo da década. Segundo o Plano Decenal de Energia (PDE) 2031, a geração hidrelétrica sairá de uma participação de 58% (dezembro de 2021) para 51% em 2031.
Enquanto isso, as fontes eólica e solar vão crescer suas fatias em cerca de 10 GW, levando em conta apenas os sistemas centralizados. Outros 30 GW são esperados também em sistemas de micro e minigeração.
Diante desse cenário de mudanças profundas, especialistas têm discutido qual a melhor forma de equilibrar as fontes renová
...A capacidade instalada e contratada no Sistema Interligado Nacional (SIN) viverá anos de transformação ao longo da década. Segundo o Plano Decenal de Energia (PDE) 2031, a geração hidrelétrica sairá de uma participação de 58% (dezembro de 2021) para 51% em 2031.
Enquanto isso, as fontes eólica e solar vão crescer suas fatias em cerca de 10 GW, levando em conta apenas os sistemas centralizados. Outros 30 GW são esperados também em sistemas de micro e minigeração.
Diante desse cenário de mudanças profundas, especialistas têm discutido qual a melhor forma de equilibrar as fontes renováveis variáveis com as plantas de geração firme.
Nesse contexto, a opção nuclear desponta como uma das alternativas mais viáveis, especialmente pelo fato de não produzir gases do efeito estufa.
Membros da indústria da energia consideram apropriada a construção de uma matriz na qual a fonte nuclear colabore com variáveis, por possuírem características que se complementam.
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, por exemplo, vê um “casamento perfeito” entre usinas nucleares e empreendimentos de geração eólica.
Ela ressalta que, apesar de ser uma fonte variável, existem modelos de previsão que apontam o quanto a fonte eólica pode produzir em determinado período. “Essa variabilidade é perfeitamente previsível. E quando há esse período de variação, é importante ter uma fonte de geração firme, como é o caso da nuclear, para fazer uma rampa de geração”, avaliou.
Apesar de chamar atenção para os riscos associados à geração atômica, sabidamente a questão do tratamento dos rejeitos radioativos, Gannoum diz que a opção nuclear é interessante para o Brasil e o mundo.
“Em um horizonte de longo prazo, eu acho muito difícil ter uma matriz energética limpa sem a participação da fonte nuclear, principalmente falando da economia global”, ressaltou.
Nessa mesma linha, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, defende o desenvolvimento de um modelo colaborativo entre as variáveis renováveis e nuclear. Isso porque, em sua visão, o Brasil precisa expandir seu sistema elétrico de modo a garantir confiabilidade e segurança de abastecimento.
“Ao investir em energia nuclear, o Brasil poderá aumentar sua capacidade instalada de energia térmica e, ao mesmo tempo, manter uma matriz elétrica limpa. Ter mais usinas nucleares em operação significa conferir mais confiabilidade e segurança de abastecimento ao sistema interligado”, opinou.
Guimarães destaca ainda uma tendência tecnológica que tem ganhado cada vez mais atenção na indústria mundial – os pequenos reatores modulares (SMRs, na sigla em inglês).
O presidente da Eletronuclear explica que esses novos reatores podem ser usados individualmente ou em conjunto. Adicionalmente, a tecnologia pode ser construída de forma mais rápida e com menores custos financeiros, quando comparada com as usinas nucleares de maior porte.
“Os SMRs podem ser usados em conjunto com as fontes renováveis de energia, fornecendo eletricidade para comunidades isoladas, que hoje dependem de termelétricas a diesel ou óleo combustível. A grande vantagem é que a energia gerada por esses SMRs seria mais barata e mais limpa do que as alternativas movidas a combustível fóssil”, completou.
Já o professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, Maurício Tolmasquim, vê que essa é uma fronteira tecnológica que precisa ser, de fato, observada pelo setor elétrico brasileiro, especialmente se oferecer algum grau de flexibilidade. “Temos que olhar isso de perto.
Não sei quanto que [o SMR] consegue aumentar a flexibilidade. Parece que são plantas mais flexíveis. Se, por exemplo, conseguir variar da mesma forma que uma planta de ciclo aberto de gás natural, passa a ser uma opção bastante interessante em termos de complementariedade”, analisou.
Tolmasquim explica que, em um sistema com muitas fontes variáveis, são necessárias soluções de geração flexível. As usinas nucleares convencionais, por sua vez, são inflexíveis.
O especialista lembra ainda que o país ainda tem uma grande reserva de urânio. Porém, aponta que o histórico de construção de usinas nucleares no país tem sido marcado por obras que duram décadas, além dos custos que passam o orçamento inicial projetado.
“Uma questão fundamental em qualquer retomada da expansão nuclear é que se tenha alguma previsão de como garantir que a construção saia no prazo, com os custos projetados”, ponderou.
O pesquisador finalizou apontando para outros desafios que precisam ser superados e debatidos – como as preocupações com a segurança das plantas nucleares e a falta de uma solução definitiva para a questão dos resíduos.
13 de novembro 2024
13 de novembro 2024
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade