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Revista GC - Ed.48 - Maio 2014
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Matéria de Capa - Obra de Arte

Uma ponte para o futuro

Começa a sair do papel o projeto da ponte que ligará Salvador à Ilha de Itaparica, um novo marco na Engenharia brasileira e virtual indutor de desenvolvimento socioeconômico para a região

Ponte, com 12 km de extensão, sendo 700 m de trecho estaiado, tem o custo estimado em R$ 7 bilhões

Foi formalizado, no início de março, o contrato para elaboração do projeto básico de engenharia da Ponte Salvador-Ilha de Itaparica. O documento foi assinado pelo Governo do Estado da Bahia com o consórcio formado pelas empresas brasileiras Enescil e Maia Melo, e pela dinamarquesa Cowi. A escolha foi resultado de uma licitação internacional que considerou, para efeito de classificação, critérios como capacidade técnica dos concorrentes e preço proposto para o trabalho. O consórcio vencedor apresentou a proposta de elaboração do projeto pelo valor de R$ 22,5 milhões, o que representou um deságio de 15,4% em relação ao preço inicialmente estimado.

A ordem de serviço para o início do projeto básico de engenharia já foi emitida e o consórcio deverá apresentar estudos intermediários e finais até outubro deste ano. Uma das suas tarefas é propor alternativas para o traçado da ponte e para a rodovia que dará continuidade à obra de arte, n


Ponte, com 12 km de extensão, sendo 700 m de trecho estaiado, tem o custo estimado em R$ 7 bilhões

Foi formalizado, no início de março, o contrato para elaboração do projeto básico de engenharia da Ponte Salvador-Ilha de Itaparica. O documento foi assinado pelo Governo do Estado da Bahia com o consórcio formado pelas empresas brasileiras Enescil e Maia Melo, e pela dinamarquesa Cowi. A escolha foi resultado de uma licitação internacional que considerou, para efeito de classificação, critérios como capacidade técnica dos concorrentes e preço proposto para o trabalho. O consórcio vencedor apresentou a proposta de elaboração do projeto pelo valor de R$ 22,5 milhões, o que representou um deságio de 15,4% em relação ao preço inicialmente estimado.

A ordem de serviço para o início do projeto básico de engenharia já foi emitida e o consórcio deverá apresentar estudos intermediários e finais até outubro deste ano. Uma das suas tarefas é propor alternativas para o traçado da ponte e para a rodovia que dará continuidade à obra de arte, na ilha de Itaparica. O consórcio fará, também, o anteprojeto de engenharia e o relatório que subsidiará o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que já está sendo elaborado por outro consórcio internacional, formado pelas empresas V&S Ambiental (Brasil) e Nemus (Portugal).

Esse segundo consórcio havia vencido, anteriormente, a disputa para a elaboração do EIA e pelo relatório de impacto ambiental (Rima) para a construção da obra de arte, a um custo de R$ 7,2 milhões. O EIA-Rima é considerado um instrumento fundamental para minimizar os impactos ambientais e sociais, sobretudo na Ilha de Itaparica, na Baía de Todos-os-Santos e demais áreas afetadas na região do Recôncavo Baiano. De acordo com o edital, os estudos englobam um diagnóstico ambiental e a proposição de planos e programas de mitigação e compensação do impacto ambiental.

O projeto original, que está sob a coordenação do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba) e da Secretaria de Planejamento do Governo do Estado (Seplan), foi proposto pelo consórcio formado pela OAS, Camargo Corrêa e Odebrecht Transport. Ele prevê a construção de uma ponte com 12 km de extensão, sendo 700 m de trecho estaiado e 160 m de extensão móvel, para permitir a passagem de grandes embarcações. O custo estimado do empreendimento é de R$ 7 bilhões e, a  princípio, está prevista a execução das obras em um período de quatro anos.

O projeto, em sua concepção original, prevê a construção de uma ponte com seis faixas de tráfego e duas de acostamento, somando 27 m de largura. O trecho estaiado terá 70 m de altura e 25 m de profundidade. Esse vão será sustentado por dois mastros de estrutura triangular, seguindo a inclinação dos estais. No topo dos mastros haverá um mirante, que será acessado por bondinhos.

Cada pilar da ponte deverá ter entre 200 e 250 m de distância entre si, para garantir a vista da paisagem da baía. No trecho que foi projetado para ser móvel, permitindo a passagem de até mesmo plataformas de petróleo, a estrutura das vias se deslocará sobre o próprio eixo. Durante essa operação, o tráfego de veículos será interrompido.

Mas a ponte não é um projeto isolado. Ela faz parte de um plano de desenvolvimento regional, elaborado pelo governo do estado da Bahia, que se desdobra com a criação do Sistema Viário Oeste, resultado da duplicação e reconfiguração das rodovias BA-001 e BA-046, nos trechos entre Bom Despacho, Nazaré e Santo Antônio de Jesus, que cortam a Ilha de Itaparica. Inclui, ainda, a requalificação da Ponte do Funil, construção da nova rodovia ligando Santo Antônio de Jesus e Castro Alves e, a partir daí, a duplicação da BA-493 até o entroncamento com a BR-116.

Transporte e mobilidade

O traçado proposto deve partir das proximidades do Porto de Salvador e se estender até a região de Gameleira na Ilha de Itaparica. A proposta inicial prevê que a Ponte deve permitir a ampla navegação na Baía de Todos-os-Santos (BTS) e o acesso ao Porto de Salvador. Há ainda a possibilidade de uma alternativa para o transporte de massa, que terá a viabilidade analisada nos estudos de engenharia. Além disto, a Ponte será idealizada como uma obra de arte destinada a durar um século, com padrões estéticos compatíveis com a preservação paisagística da Baía de Todos-os-Santos e seguindo os padrões arquitetônicos mais modernos.

Para o dimensionamento do sistema viário será realizada uma análise de demanda do tráfego. Essa análise, juntamente com estudos de navegação na Baía de Todos-os-Santos, e dos impactos da ponte sobre o porto de Salvador, estará contida também no projeto básico de engenharia. Juntos, eles permitirão avaliar os efeitos do empreendimento em toda a região.

É solicitada ainda, ao consórcio responsável pelo projeto básico de engenharia, uma avaliação dos impactos socioeconômicos do empreendimento, tais como as questões de água, esgoto e resíduos sólidos decorrentes da maior ocupação da ilha.

O cronograma de ações deste ano inclui a contratação de estudos de sondagem, engenharia, meio ambiente e de urbanismo. Está prevista ainda a realização de um convênio para os estudos de hidráulica marítima, além da licitação para os estudos culturais e imateriais. O projeto, de uma forma mais ampla, contempla a elaboração de um plano de desenvolvimento socioeconômico para toda a macroárea, com foco no Recôncavo e Baixo Sul. Essas iniciativas são fundamentais para o desenvolvimento planejado da região e minimização dos impactos ambientais do projeto.

 

 

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