Os dez entrevistados confirmam os dados do Ipea que apontam como deficiente ou péssimo 75% das rodovias federais
O que fazer para melhorar
Pontos críticos das rodovias federais
As noras na área de pavimentação são vistas como antigas mas funcionais na visão de 55% dos entrevistados
Durabilidade média das rodovias brasileiras
(públicas e privadas)
Temperatura média para asfaltos frios é de 40 C
Tecnologias mais citadas
Os dez entrevistados confirmam os dados do Ipea que apontam como deficiente ou péssimo 75% das rodovias federais
O que fazer para melhorar
Pontos críticos das rodovias federais
As noras na área de pavimentação são vistas como antigas mas funcionais na visão de 55% dos entrevistados
Durabilidade média das rodovias brasileiras
(públicas e privadas)
Temperatura média para asfaltos frios é de 40 C
Tecnologias mais citadas
Falta conhecimento técnico para uso de asfaltos mornos, segundo 7 entre 8 entrevistados
Na edição passada, o Métrica Industrial abordou três aspectos na área de pavimentação, a partir de recentes pesquisas realizadas por especialistas de universidades em parceria com técnicos de concessionárias. Questões como a normatização atual na área de pavimentação, o efeito do teor e do tipo de ligante e a temperatura de preparação de asfaltos foram destacadas. A abordagem partiu de três documentos apresentados na sexta edição do Congresso Brasileiro de Rodovias e Concessões, realizado em 2009. Para repercutir as informações e aprofundar as questões discutidas, o Métrica Industrial ouviu dez especialistas profundamente envolvidos com a pavimentação no Brasil.
O grupo de entrevistados inclui executivos de quatro grandes fabricantes de equipamentos para pavimentação e um quinto profissional ligado a um dos maiores distribuidores de máquinas para o setor. Duas concessionárias de rodovias foram entrevistadas, assim como profissionais de duas empresas especializadas na execução de pavimentação ou fresagem. A superintendência de pavimentação da maior cidade brasileira fecha o rol de especialistas consultados. No conjunto, eles avaliaram 18 questões relacionadas ao tema pavimentação.
Ao serem questionados sobre os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que classificou como deficientes ou péssimas 75% das rodovias federais, os entrevistados foram unânimes. Todos concordam com a pesquisa do Ipea, sendo que um deles avalia que a porcentagem é ainda maior. É importante ressaltar que o Ipea é uma fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e a pesquisa que destacou esses números foi divulgada no começo de 2010.
Para reverter o quadro crítico analisado pelo Ipea, 47% dos entrevistados apontam os investimentos públicos e privados como principal ferramenta de melhoria, o que indica que a participação privada pode ser ampliada. Isso se confirma quando apenas 16% apontam os recursos do PAC como uma solução de reversão do status das rodovias federais. Vinte e um por cento (21%) acreditam que novas tecnologias são um instrumento eficaz na melhoria das estradas federais.
Os profissionais pesquisados também apontaram o que consideram os pontos críticos nas rodovias e como deveriam ser priorizados nos investimentos. Para 32% deles, falta maior cuidado no tratamento da base e da sub-base. Duas outras questões aparecem em segundo lugar como tema crítico, apontadas por 26%: as normatizações são antigas e precisam ser revistas e falta a aplicação de tecnologias novas nas rodovias federais. Para 16% dos entrevistados, o nível de deformação é muito alto na rede administrada pelo Governo Federal.
Além de perguntar sobre a situação das rodovias federais, o Métrica Industrial questionou os entrevistados sobre as rodovias como um todo no Brasil. Um dos pontos abordados foi a durabilidade média dos pavimentos flexíveis e rígidos aplicados no País, que para todos os pesquisados é inferior à observada em países desenvolvidos. No caso dos pavimentos flexíveis, 75% dos entrevistados aposta numa vida média de 6 anos. Já em relação aos rígidos, há uma divisão clara: metade dos entrevistados acredita que eles tenham uma vida útil entre 10 a 15 anos. A outra metade tem uma opinião mais otimista e avalia que a durabilidade média esteja entre 20 e 25 anos. Resultado médio entre todos os entrevistados: 15 anos.
A normatização atual na área de pavimentação também foi avaliada no levantamento, sendo vista como “antiga, mas funcional” por 55% dos pesquisados e como “atual e suficiente” por 33%. As normatizações aplicadas nos Estados Unidos, na Alemanha e na África do Sul foram apontadas como modelos. O país africano foi destacado pela similaridade de clima com o Brasil.
Tecnologias
Ao serem perguntados sobre novas tecnologias, os entrevistados apontaram – livremente – aquelas que consideram poder conferir maior qualidade a menor custo para as rodovias brasileiras. As duas mais citadas foram a SMA, também conhecida como matriz pétrea, e as várias modalidades de reciclagem, com quatro citações cada.
O uso de asfaltos mornos e o de asfalto-borracha foram indicados num nível imediatamente inferior, com três citações cada. Os asfaltos polímeros e as bases estabilizadas com cimento receberam duas citações.
Em relação às espessuras de pavimentos flexíveis e rígidos, as respostas mostraram apenas um consenso entre os entrevistados: esse dimensionamento depende de cada projeto e é um assunto que merece ser investigado com maior detalhamento.
O asfalto modificado com borracha é visto de forma positiva por 60% dos especialistas, que indicam que ele pode aumentar a vida útil das pistas e também a segurança e dirigibilidade dos motoristas. No entanto, 40% acreditam que ele tenha um resultado similar ao dos asfaltos tradicionais, com o ônus de ser mais caro que esse último.
Já o asfalto modificado por polímero é considerado como uma modalidade que aumenta significativamente a vida útil dos pavimentos (60%), assim como o conforto dos motoristas (20%). No entanto, a tecnologia é analisada como embrionária por 20% dos entrevistados.
Temperatura das misturas asfálticas
A pesquisa indica que 60% dos entrevistados que responderam a questão sobre temperatura de misturas asfálticas não adota asfaltos frios. Para os que utilizam, a temperatura média apontada é de 40 C.
Já os asfaltos mornos ainda são vistos com maior restrição. Apenas 30% dos pesquisados já utilizaram a tecnologia e, em alguns casos, como teste. Para 62% dos entrevistados, a viabilidade de aplicação dessa tecnologia no Brasil ainda é embrionária. Apenas 25% deles aposta que são altas as chances da modalidade de temperatura vir a ser adotada no País.
As razões da não viabilidade dos asfaltos mornos podem ser resumidas pela falta de conhecimento técnico, apontada por 7 dos profissionais que falaram a respeito. A mão de obra é um fator secundário de impedimento. Apesar das vantagens de redução de energia e de combustível, os entrevistados avaliaram que outras tecnologias, como a reciclagem de asfalto, estariam mais próximas da realidade brasileira.
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